[VÍDEO] O último voo dos kamikazes

[VÍDEO] O último voo dos kamikazes

A partir de 1944, nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial durante a campanha do Pacífico, diversos navios de guerra Aliados passaram a sofrer ataques suicidas deflagrados por militares pertencentes às Forças Armadas Imperiais japonesas. Esta desesperada tática, fruto das sucessivas derrotas militares japonesas neste período do conflito, foi desencadeada por militares conhecidos como kamikazes, ou “vento divino”.

AS ÚLTIMAS CARTAS DOS KAMIKAZES

Casa dos Vettii: a casa em Pompeia que sobreviveu ao Vesúvio

Casa dos Vettii: a casa em Pompeia que sobreviveu ao Vesúvio

Casa dos Vettii

A Casa dos Vettii, pertencente a dois irmãos prósperos, Aulus Vettius Conviva e Aulus Vettius Restitutus, comerciantes que alcançaram a liberdade e a riqueza, é famosa por seus afrescos bem preservados e arquitetura imponente. Os afrescos da Casa dos Vettii são particularmente notáveis, retratando cenas do cotidiano romano, mitologia e até mesmo aspectos eróticos, refletindo a complexidade e a riqueza da cultura romana

E Erupção do Monte Vesúvio em Pompeia

A erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C. é um dos eventos vulcânicos mais catastróficos e conhecidos da história. A erupção resultou na completa destruição das cidades romanas de Pompeia, Herculano e várias outras áreas próximas. O Vesúvio, um vulcão localizado próximo à Baía de Nápoles na Itália, expeliu uma nuvem de pedras, cinzas e gases vulcânicos a uma altura de cerca de 33 quilômetros, liberando 100.000 vezes a energia térmica liberada pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki.

Pompeia, localizada a cerca de 8 quilômetros do vulcão, foi sepultada sob uma camada de cinzas e piroclastos de 4 a 6 metros de profundidade. A cidade foi perdida por quase 1.700 anos antes de sua redescoberta em 1748. O que tornou a erupção particularmente mortal foi a combinação de queda de cinzas, lapilli (pedras pequenas) e fluxos piroclásticos – uma mistura superaquecida de gases quentes, cinzas e rochas.

Tais fluxos piroclásticos atingiram Pompeia e outras cidades com velocidades de até 700 km/h e com temperaturas de cerca de 300°C. A maioria dos habitantes de Pompeia morreu instantaneamente devido ao calor extremo, e seus corpos foram preservados pelas cinzas que os cobriram, criando moldes vazios que foram mais tarde preenchidos com gesso pelos arqueólogos para revelar suas últimas posições na vida.

“Primeiro, a terra tremeu forte, depois o dia se tornou noite e o céu desabou impondo toneladas de cinzas e rochas; por fim, o ‘magma’ selou a existência de uma das mais prósperas cidades do Império Romano — Pompeia desapareceu horas após a erupção do vulcão Vesúvio.”

A explosão da primeira bomba atômica da história

A explosão da primeira bomba atômica da história

Na manhã de 16 de julho de 1945, o Projeto Manhattan realizou com sucesso a Experiência Trinity, o primeiro teste nuclear da história. Notícias sobre o sucesso do teste ultrassecreto no deserto do Novo México foi fundamental para a estratégia norte-americana que se seguiu para a conclusão da guerra no Pacífico. As bombas atômicas deram aos Estados Unidos a oportunidade de acabarem com a guerra com o Japão, poupando milhares de vidas americanas e sem terem que depender de tropas soviéticas para uma invasão terrestre.

A primeira bomba

Às 05 horas, 29 minutos e 45 segundos do dia 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica da história explodiu com uma energia equivalente a 19 kt de TNT (87,5 TJ). Deixou no deserto uma cratera radiativa de 3 metros de espessura por 330 metros de diâmetro. No momento da detonação, as montanhas circundantes foram iluminadas com mais intensidade do que o sol por breve momento que durou um ou dois segundos, sendo relatado, no acampamento-base, um calor tão intenso como o de um forno. As cores observadas variaram de púrpura a verde e, eventualmente, branca. O som da onda de choque levou 40 segundos para chegar até os observadores e a explosão foi sentida a mais de 160 km de distância, tendo o cogumelo atômico chegado à 12 km de altura. Cerca de 260 pessoas estavam presentes no teste, nenhuma a menos de 9 km.

A expansão da bola de fogo e a onda de choque causadas pela explosão da Trinity, visto .053 segundos após a detonação.

A expansão da bola de fogo e a onda de choque causadas pela explosão da Trinity, visto .053 segundos após a detonação.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, nove segundos depois da explosão da Trinity.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, nove segundos depois da explosão da Trinity.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, 15 segundos depois da detonação.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, 15 segundos depois da detonação.

Fotografia de longa-exposição após a detonação da bomba.

Fotografia de longa-exposição após a detonação da bomba.

Fotos: U.S. Department of Defense
Ahmad Shah Massoud – O Leão do Panjshir

Ahmad Shah Massoud – O Leão do Panjshir

Ahmad Shah Massoud foi um líder político e militar do Afeganistão. Formado em Engenharia pela Universidade de Cabul, recebeu o apelido de “Leão do Panjshir” durante a invasão soviética (Guerra do Afeganistão – 1979/1989), quando repeliu com sucesso 8 grandes ofensivas do Exército Vermelho ao Vale do Panjshir, região montanhosa ao norte do país, local onde nasceu. Após a retirada soviética em 1989, Massoud foi um dos líderes responsáveis por manter a ordem no Afeganistão nos anos subsequentes e chegou a exercer a função de Ministro da Defesa.

Ahmad Massoud: O Leão do Panshjir

Sempre contrário à milícia extremista e a interpretação extremista do Alcorão feita pela Al-Qaeda, foi forçado a se retirar juntamente com o restante de suas tropas para o norte do território afegão, onde se estabeleceu e iniciou a resistência armada contra o Talibã por meio da organização político-militar “Aliança do Norte”. Massoud usou todo seu carisma e popularidade para ajudar a solucionar uma guerra civil no vizinho Tajiquistão, influenciando as partes envolvidas a aceitarem um plano de paz da ONU. Também era contra a interpretação extremista do Islã, defensor da democracia e dos direitos das mulheres, da igualdade dos indivíduos e a favor de um Estado sob a égide do Direito Internacional.Por ter combatido “árabes”, O Leão do Panshjir gozava de uma popularidade maior entre os ocidentais do que entre os próprios árabes.

Ahmad Shah Massoud, além de um grande líder, era um visionário. Ao mesmo tempo em que tentava lidar com as rígidas tradições afegãs, sabia que o desenvolvimento de seu povo só seria alcançado por meio da educação. Em contraste com as rígidas regras impostas pelo Talibã na maior parte do território afegão, nas áreas controladas por Massoud, homens e mulheres eram iguais e gozavam dos mesmos direitos e deveres. As mulheres e meninas eram autorizadas a trabalharem e irem para a escola, não eram obrigadas a vestirem a burca afegã (vestimenta conservadora que cobria todo o corpo da mulher). Massoud também se posicionava contra os casamentos forçados e, inclusive, chegou à intervir em favor de mulheres em algumas ocasiões. Durante anos, centenas de milhares de refugiados afegãos fugiram de áreas controladas pelo Talibã e se estabeleceram em território sob domínio da Aliança do Norte.

Massoud e o fotógrafo francês Cristophe de Ponfilly.

Massoud e o fotógrafo francês Cristophe de Ponfilly.

A morte de Ahmad Shah Massoud

No dia 9 de setembro de 2001, apenas dois dias antes dos ataques terroristas nos Estados Unidos ao World Trade Center e ao Pentágono, dois homens-bomba árabes que diziam ser repórteres de uma emissora dos Emirados Árabes Unidos detonaram os explosivos logo no início da suposta entrevista, ferindo Ahmad, que não resistiu e morreu horas depois. Nas semanas anteriores, Massoud já tinha reunido com vários líderes tribais do Afeganistão e adiantado todos os preparativos para o início da ofensiva liderada pelos Estados Unidos e que culminou com a queda do Talibã. Seus seguidores o chamam de Amir Sahib-e Shahid (“Nosso Comandante Martirizado Amado”).

Após sua morte, Massoud foi nomeado “Herói Nacional do Afeganistão” por ordem do presidente afegão, Hamid Karzai. A data da sua morte, 09 de setembro, é um feriado nacional conhecido como “Dia Massoud” no Afeganistão. Muitos de seus seguidores o enxergam não apenas como um comandante militar, mas também como um líder espiritual (O túmulo fica situado no alto de uma montanha em Pans, perto de onde nasceu, e que atualmente é considerado um lugar sagrado por muitos afegãos). Em 2002, foi nomeado postumamente para o Prêmio Nobel da Paz.

Mausoléu de Ahmed Shah Massoud, localizado em uma montanha no Vale do Panshjir.

Mausoléu de Ahmed Shah Massoud, localizado em uma montanha no Vale do Panshjir.

Referências:
Marcela Grad. Masoud: An Intimate Portrait of the Legendary Afghan Leader. Webster University Press.
Ahmad Shah Masoud: Lion of Afghanistan, Lion of Islam.
Masoud – O Afegão do Destino. Documentário.
As baixas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial

As baixas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial

Com a quebra do pacto Ribbentrop-Molotov (pacto de não agressão) durante a Segunda Guerra Mundial, deu-se início à operação Barbarossa, codinome da maior campanha militar da história em termos de mobilização de tropas e baixas sofridas. Em janeiro de 1942, o fotógrafo soviético Dmitri Baltermants capturou uma imagem devastadora perto de Kerch, na Crimeia, mostrando pessoas chorando ao lado de corpos de seus entes queridos no chão.

O início das perdas pelos soviéticos

Na madrugada do dia 22 de junho de 1941, mais de três milhões de soldados alemães cruzaram a fronteira soviética. O avanço alemão em território russo foi rápido e avassalador. Em poucos dias, a Força Aérea Russa havia sido praticamente dizimada (a maioria dos aviões foram destruídos ainda em solo) e os blindados soviéticos em formação dispersa não foram páreos para a formação Blitzkrieg alemã. Em pouco tempo a Operação Barbarossa tornou-se uma questão de sobrevivência para os soviéticos.

Nenhum país, nenhum povo, lutou tanto quanto a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Em nenhum outro lugar as memórias da guerra permaneceram tão vivas e tão profundas. A invasão alemã trouxe uma tal catástrofe, que parecia, a princípio, que nenhuma nação suportaria. Tão somente no cerco a Leningrado, que durou mais de dois anos, morreram mais seres humanos do que britânicos e americanos durante toda a guerra.

Expressão poética das perdas

Durante a Segunda Guerra Mundial, poetas soviéticos usaram sua arte para expressar as imensas perdas e o profundo sofrimento do povo soviético. Poemas como “Wait for Me” de Konstantin Simonov capturaram a angústia e a esperança dos soldados e de suas famílias. Escrito em 1941, tornou-se um símbolo de resiliência e devoção, evocando a promessa de retorno de um soldado à sua amada. Além disso, Anna Akhmatova, em sua obra “Requiem“, lamentou a dor das mães e viúvas que perderam seus entes queridos, refletindo a tragédia pessoal e coletiva da guerra. Poemas como esses desempenharam um papel crucial em manter o moral e a solidariedade durante os anos de conflito.

Contudo, a poesia soviética da época não apenas documentou o sofrimento, mas também exaltou a bravura e o sacrifício dos combatentes. Aleksandr Tvardovsky, em seu poema épico “Vasily Tyorkin”, criou uma figura heroica que simbolizava o espírito indomável do soldado soviético comum. Esses poemas serviram para unir a nação em torno de um sentimento comum de perda e resistência. Além disso, a literatura poética ajudou a preservar a memória das atrocidades e do heroísmo para as gerações futuras. A poesia da Segunda Guerra Mundial continua a ser uma poderosa ferramenta de reflexão sobre os custos humanos do conflito, destacando a importância de recordar e honrar aqueles que sacrificaram tudo.

Apesar de estarem acostumados à inúmeras perdas durante toda guerra, os soviéticos não fingiam estar imunes à dor. Dezenas de milhares de pessoas conheciam o poema “Wait for Me”, de Konstantin Simonov, de cor:

Espera por mim, e regressarei,
Mas espera muito.
Espera até se encheres de pena
Enquanto vês a chuva amarela.
Espera até os ventos
Varrerem as neves.
Espera no calor sufocante.
Espera até os outros desistirem
Quando esquecerem o Ontem.
Espera mesmo que não cheguem
Cartas de longe para você.
Espera mesmo quando os outros
Estiverem cansados de esperar.
Espera mesmo quando a minha mãe
E o meu filho pensarem que morri.
E quando os amigos se sentarem
Bebendo em minha memória.
Espera, e não se apresses a beber
Em minha memória também.
Espera, pois regressarei,
Desafiando cada morte.
E deixa aqueles que não esperaram
Dizer que tive sorte.
Eles nunca compreenderão
Que, no meio da morte,
Você, e a sua espera,
Me salvaram.
Apenas você e eu saberemos
Como sobrevivi.
Foi porque você esperou por mim
Como mais ninguém o fez.”

Outro poema soviético dizia o seguinte:

Não me chames, pai.
Não me procures.
Não me chames
Nem desejes o meu regresso.
Estamos num caminho desconhecido
O fogo e o sangue apagaram a rota.
Voamos, nas asas dos relâmpagos,
Para não mais desembainhar a espada.
Todos nós tombamos em batalha,
Para não mais voltarmos.
Haverá um reencontro?
Não sei.
Sei apenas que devemos
Continuar a lutar.
Somos grãos de areia no infinito
E nunca mais veremos a luz.
Adeus, meu filho,
Adeus, minha consciência.
Minha juventude e meu consolo,
Meu único filho.
Que esta despedida seja o fim
Da vasta solidão,
Pois não há ninguém mais só.
Lá permanecerás
Para todo o sempre
Longe da luz e do ar.
A tua morte não será contada.
Não contada e não atenuada a morte,
Para não mais ressuscitar,
Para todo o sempre
Um rapaz de 18 anos.
Adeus, então.
Nenhum comboio chega dessa região
Com ou sem horário,
Nenhum avião pode aí chegar.
Adeus, meu filho,
Pois milagres não acontecem.
E, neste mundo,
Os sonhos não se realizam.
Adeus.
Sonharei contigo
Quando eras bebê,
Caminhando pela terra
Com passos fortes.
Pela terra onde já tantos
Estavam enterrados.
Esta canção, meu filho,
Chegou ao fim.”

A União Soviética foi salva pelos soldados e pelo povo. Mas na terra, sem chegarem a ver a paz, jaziam 20 milhões de mortos.

Referências:
Baseado e adaptado do documentário World at War (O Mundo em Guerra), produzido pela BBC em 1973.
Gilbert, Martin. The Second World War: A Complete History. Holt Paperbacks, 2004.
Hosking, Geoffrey. Russia and the Russians: A History. Belknap Press, 2001.
Merridale, Catherine. Ivan’s War: Life and Death in the Red Army, 1939-1945. Metropolitan Books, 2006.
Weinberg, Gerhard L. A World at Arms: A Global History of World War II. Cambridge University Press, 1994.
Akhmatova, Anna. Requiem. Leningrad, 1963.
Simonov, Konstantin. Wait for Me and Other Poems. Foreign Languages Publishing House, 1943.
Tvardovsky, Aleksandr. Vasily Tyorkin: A Book About a Soldier. Progress Publishers, 1945.
Brooks, Jeffrey. Thank You, Comrade Stalin!: Soviet Public Culture from Revolution to Cold War. Princeton University Press, 2000.