A caricatura como crítica nacional

Museu de Imagens

Muitas vezes ignorada, a caricatura teve um importante papel de crítica às decisões políticas dos governantes e por inserir o povo a essas questões.

ATUALIZADO EM 20/09/2014
Crítica do caricaturista Ângelo Agostini à guerra do Paraguai e à escravidão.

De volta do Paraguai. Ângelo Agostini. Vida Fluminense, nº 12, junho, 1870.

Na caricatura de Ângelo Agostini, um ex-escravo condecorado durante a guerra do Paraguai regressa ao Brasil e vê a própria mãe açoitada em um pelourinho.

Muitas vezes esquecida ou deixada em segundo plano, as caricaturas possuíram um papel importante de crítica nacional e internacional em relação a temas polêmicos, como decisões políticas e questões sociais. Propiciada pelo desenvolvimento acelerado da indústria e das artes gráficas, as caricaturas tiveram seu auge durante o século XIX e início do século XX.

No Brasil, alguns nomes se destacaram através das revistas ilustradas e folhetins distribuídos nacionalmente, entre os quais estavam os caricaturistas Seth e Hugo Leal, Ângelo Agostini, Fritz (pseudônimo de Anísio Oscar Mota), J. Carlos, Bambino etc. Através de revistas como a Fon-Fon, A Classe Operária, Careta, O Malho, Kosmos, O Gato, Revista Ilustrada, O Marimbondo, as caricaturas fizeram história e consolidaram o início da inserção do povo em questões polêmicas contemporâneas.

Ângelo Agostini é considerado um dos precursores desse tipo de arte crítica nacional. Nascido na Itália em 1843, Agostini contribuiu com seus desenhos em publicações de O Mosquito, O Tico Tico, Revista Ilustrada, O Malho, entre outros. Como uma pessoa à frente de seu tempo, o artista buscou na arte uma forma de lançar um olhar crítico sobre a sociedade brasileira.

Seus desenhos possuíam cunho liberal, abolicionista e republicano. Exatamente pelo fato de ser um defensor do republicanismo, muitos de seus trabalhos são críticas diretas ao Imperador Dom Pedro II.

Na imagem, um escravo alforriado pelos serviços prestados durante a guerra do Paraguai retorna ao Brasil e vê a própria mãe sendo açoitada em um pelourinho, demonstrando a crítica de Ângelo com relação à escravidão.

Referência:
– LOPES, M. B: ‘Corpos ultrajados: quando a medicina e a caricatura se encontram’.História, Ciências, Saúde — Manguinhos, VI(2): 257-75, jul.-out. 1999.
– MAGNO, Luciano Mauad. “História da Caricatura Brasileira”. Gala Edições de Arte: 2014.
– CUNHA, Fabiana L.. “Caricaturas Carnavalescas: Carnaval e Humor no Rio de Janeiro Através da Ótica das Revistas Ilustradas Fon-Fon! e Careta (1909-1921)”. Universidade de São Paulo: 2008.