O mistério dos bebês do esgoto

Museu de Imagens

Em 1988, arqueólogos de Harvard encontraram cerca de 100 ossos de recém nascidos em um esgoto da era romana. Surgia, então, o mistério dos bebês do esgoto.

ATUALIZADO EM 29/11/2014
Uma foto tirada em Ashkelon, onde foram encontrados cerca de 100 ossadas de bebês recém nascidos em um esgoto bizantino.

Uma foto tirada em Ashkelon, onde foram encontrados cerca de 100 ossadas de bebês recém nascidos em um esgoto bizantino.

Os ossos de 100 bebês, encontrados em 1988 em um esgoto bizantino, ainda são um mistério para os arqueólogos. Descobertos em um balneário no litoral de Israel, os restos revelam que todos eram recém nascidos quando foram jogados no esgoto.

Em 1988, a Universidade de Harvard montou uma escavação em Ashkelon, uma importante cidade portuária de outrora. Enquanto estavam escavando para desenterrar um velho esgoto da era romana, a equipe acabou encontrando centenas de ossos que pareciam pertencer a pequenos animais devido seu tamanho. Após uma inspeção mais apurada, historiadores da universidade descobriram que se tratavam de ossos infantis. Aquela era a maior vala comum infantil já escavada.

Como não havia ossadas de pessoas de diferentes idades no mesmo local, Patricia Smith e Gila Kahila da Universidade Hebraica acreditaram que esse fosse um caso de infanticídio, uma vez que todos os bebês aparentavam ser saudáveis, não tendo motivo aparente para terem sido jogados em uma fossa. Segundo os romanos da época, um bebê ainda não era um ser humano formado e, portanto, caso ele não fosse desejado ou estivesse doente, poderia ser simplesmente abandonado pelos pais.

A prática era conhecida como “exposição” e acreditava-se que abandonando uma criança, os deuses determinariam o destino final dela. Após algumas análises, apesar de alguns dos ossos serem de bebês do sexo masculino, os estudiosos da universidade afirmaram que o restante se tratava de meninas e, portanto, o caso se trataria de um infanticídio feminino, algo generalizado na sociedade romana.

Juntamente com os testes de DNA, para sustentar tal hipótese, a Universidade Hebraica apresentou uma carta da época em que um homem instrui sua mulher grávida a descartar o bebê caso fosse uma menina. É dessa mesma época a citação de um poeta romano mencionando a que inúmeras crianças estavam abandonadas em uma fossa.

O argumento para a existência de recém nascidos do sexo masculino pode estar na possibilidade dos bebês terem sido descartados por cortesãs que não tinham a intensão de cuidar das crianças frutos de seus trabalhos. Ainda assim, um arqueólogo da Universidade de Harvard, Larry Stager, discordou da explicação.

Segundo Stager, se cortesãs abandonassem seus bebês, a proporção de ossadas de ambos os sexos deveria ser relativamente a mesma, uma vez que para cada 21 mulheres que nasciam, 20 eram homens. Dessa forma, o mistério dos bebês do esgoto continua vivo e a história permanece sem explicação.

Referências:
– ROSE, Mark. “Ashkelon’s Dead Babies“. Archaeological Institute of America. Volume 50, Number 2, 1997.
– LASKEY, Mark. “Throwing the Babies Out with the Bathwater: The Skeletal Remains of Ashkelon“. CVLTNation, 2014.
– “Determining the Sex of Infanticide Victims from the Late Roman Era through Ancient DNA Analysis”. Journal of Archaeological Science, 1998
– GORE, Rick. “Ancient Ashkelon”. National Geographic, 2001.