
A Donzela. Foto: José Fontanelli/ Museu de Arqueología da Alta Montaña.
Também conhecida como “A Donzela”, a múmia se encontra com praticamente a mesma fisionomia que mantinha há pouco mais de 500 anos em seu leito eterno, Llullaillaco.
Llullaillaco fica na fronteira da Argentina com o Chile, próximo ao deserto do Atacama, e compreende um local repleto de picos vulcânicos. O lugar possui uma atmosfera única, onde a umidade é extremamente baixa, com oxigênio rarefeito devido à altitude. O pico Llullaillaco era um local de peregrinação da civilização pré-colombiana Inca, onde foram encontradas evidências datadas do século XV.
Entre 1983 e 1999 algumas expedições arqueológicas foram realizadas na região em busca desses artefatos perdidos dos Incas. No ano de 1999, a pesquisa do arqueólogo Johan Reinhard trouxe grande surpresa para o mundo quando, a 6739 metros de altitude, sob gelo e rochas, revelou três múmias perfeitamente preservadas, que ficaram conhecidas como múmias de Llullaillaco. Após um estudo aprofundado, descobriram que as três crianças haviam sido sacrificadas há mais de 500 anos em um ritual religioso.
Segundo Reinhard, a adolescente de 15 anos (“A Donzela”), um menino de 7 anos e uma menina de 6 ─ La niña del Rayo, ou “a menina do relâmpago”, participaram de um ritual chamado “capacocha” que era realizado como uma oferenda ao imperador Inca. Segundo a crença dos Incas, as crianças não teriam morrido, mas se juntado aos ancestrais para protegerem seu povo.
A Donzela, a mais bem preservada, foi encontrada com um turbante na cabeça, o que poderia denotar que ela era uma “Virgem do Sol”, ou seja, era tida como uma criança especial que seria “utilizada” especificamente para se tornar mulher do imperador, ou para participar de um ritual de sacrifício em nome do chefe supremo. O cabelo ainda encontrava-se perfeitamente intacto, mostrando as tranças realizadas para a ocasião e até alguns cabelos brancos, provavelmente devido o estresse sofrido com a situação.

Foto: Museu de Arqueología de Alta Montaña.

Detalhe do estado de conservação perfeito das mãos e braços. Foto: Museu de Arqueología de Alta Montaña.
O menino de 7 anos estava em uma posição diferente das demais múmias. Ele estava amarrado com força, o que fez com que sua pélvis fosse deslocada. Em suas roupas também foram encontrados vômitos e sangue, fazendo com que a provável causa da morte tenha sido edema pulmonar com asfixia.

O menino de 7 anos. Foto: Joseph Castro.
A última múmia, a menina de 6 anos, recebeu a alcunha de “menina do relâmpago”, pois em algum momento, entre os 500 anos que permaneceu em Llullaillaco, foi atingida por um raio que queimou parcialmente seu corpo.

A menina do relâmpago. Foto: Joseph Castro
Atualmente as múmias de Llullaillaco são consideradas uma das mais bem preservadas do mundo e se encontram no Museu de Arqueología de Alta Montaña (MAAM) em Salta, porém permanecem guardadas em câmaras especiais com as mesmas condições climáticas de onde vieram, buscando a proteção e manutenção do seu estado incrível de preservação.