
Os Romanov, última família real da Rússia. Foto: Hoover Institution / Stanford University
A família Romanov foi a última dinastia imperial que a Rússia teve. Ela governou o Império Russo por quase três séculos, de 1613 a 1917, quando a última família foi assassinada nos porões de uma casa em Ekaterinburgo, na Sibéria, em 17 de julho de 1918.
Os membros mais célebres, e que entraram definitivamente para a História, da dinastia Romanov eram o Czar Nicolau II, a czarina Alexandra Hesse-Darmstadt e seus cinco filhos, Olga (1895 – 1918), Tatiana (1897 – 1918), Maria (1899 – 1918), Anastasia (1901 – 1918) e o czarevich — herdeiro do trono na sucessão real — Alexei (1904 – 1918). Os filhos eram famosos não somente por pertencerem à nobreza, mas também por possuírem notável beleza.
Durante a primeira década do século XX, a Rússia passava por problemas sociais e financeiros. Após sua passagem frustrada, com consequente derrota, pela Guerra Russo-Japonesa e pela Primeira Guerra Mundial, a população russa se viu cada vez mais miserável; trabalhava-se muito e ganhava-se pouco. Cerca de 80% da população era composta por pessoas que viviam no campo e quase 90% não sabia ler nem escrever, com a massa sendo controlada pelos governos locais.
Ainda assim, a industrialização começou a se desenvolver no império. Ainda que de forma tardia em relação à maioria dos países da Europa, a industrialização russa criou uma classe operária, extremamente explorada, que crescia progressivamente e com uma capacidade de organização e reivindicação de suas aspirações, que eram maiores do que àquelas dos camponeses.

Tatiana, Olga, Maria e Anastasia, da esquerda para a direita. Foto de autor desconhecido
Exatamente pela condição de vida miserável tanto no campo, quanto nas cidades, juntamente com episódios que demonstravam erros na condução da política, o governo (1894 – 1917) do Czar Nicolau II desagradou o povo que buscava uma liderança mais presente, menos opressiva e menos autocrática.
É nesse período que as ideologias socialistas começam a ganhar cada vez mais força dentro do império. Com o sentimento de revolta fortalecido contra a aristocracia russa, é criado, então, o Partido Operário Social-Democrata Russo que levaria a cabo a Revolução de 1917.
Com o Czar distante do poder em 1915, quando se ausentou para integrar o front durante a Primeira Guerra Mundial, a imperatriz Alexandra assumiu. Em meio a esse cenário, a população viu somado ao seu descontentamento a ascensão da influência de Rasputin, protegido da família imperial que acreditava ser possível a cura da hemofilia de Alexei pelo curandeiro.
Na primavera de 1917, a Rússia se encontrava à beira de um colapso político, quando estourou a Revolução Russa. Em 15 de março, o czar Nicolau II abdicou do trono em favor de seu irmão, o Grão-Duque Mikhail, que negou subir ao poder.
Finalmente em 3 de abril, a Assembleia Constituinte instaurou um governo provisório, liderado por Alexander Kerensky.Sete meses depois, Kerensky foi deposto pelos Bolcheviques liderados por Vladimir Lênin e, com isso, o destino da família Romanov foi selado.
Os Romanov foram encaminhados para a “Casa de Propósitos Especiais” em Ekaterinburgo, na Sibéria, pelos bolcheviques de Lênin e no dia 17 de julho de 1918, a família inteira foi reunida no porão da casa.Lá, os Romanov foram mortos por um batalhão de 12 soldados bolcheviques liderados por Yakov Yurovski (1878 – 1928), chefe da Tcheca local. O tiroteio de três minutos foi tão violento que a parede atrás dos condenados ficou repleta de buracos de balas.

Porão onde a família foi executada em Ekaterinburg, Sibéria. 17 de julho de 1918. Foto de autor desconhecido
Após aquele dia, o paradeiro dos corpos ficaria desconhecido por quase 60 anos. Em 1991, os restos de Nicolau II, Alexandra, três dos cinco filhos e quatro criados foram exumados (o paradeiro dos corpos já era sabido desde 1976, porém a exumação correu somente em 1991).
Após testes de DNA, chegou-se à conclusão de que os restos mortais se tratavam da família imperial assassinada sumariamente na noite de 17 de julho de 1918.
Pelo fato de dois corpos não estarem no meio dos encontrados, os rumores de que dois dos filhos haviam se salvado ganhou ainda mais força. Por anos, acreditou-se que Alexei e Anastásia haviam sido poupados do tiroteio.
Em 2007, entretanto, um arqueólogo anunciou a descoberta de mais dois corpos na região próxima à primeira descoberta. Os fragmentos de ossos demonstraram, através de análises, serem de um menino na idade entre 10 e 13 anos e de uma jovem entre 18 e 23 anos.
Em 30 de abril de 2008, os cientistas forenses russos anunciaram que os testes de DNA apontaram que os corpos eram mesmo do Czarevich Alexei e de uma de suas irmãs. Um dos maiores mistérios do século XX finalmente havia sido solucionado, dando um ponto final nas histórias de sobrevivência de dois membros da família Romanov.