As relíquias históricas de cientistas famosos

Museu de Imagens

Cérebros roubados, cabeças, dedos e até o último suspiro de famosos foram guardados e venerados ao longo dos anos como relíquias históricas.

ATUALIZADO EM 03/06/2014

Ao longo da História o homem sempre tentou preservar de alguma forma a memória daqueles que tiveram importância ou em âmbito familiar e pessoal, ou na construção da sociedade.

Visando assegurar a lembrança de pessoas santas, políticos, cientistas e ícones famosos, partes dos corpos foram preservadas e reverenciadas no mundo todo como relíquias históricas.

Porém nem sempre tais relíquias serviam apenas como fim de veneração às pessoas importantes que morreram; muitas vezes serviam para estudos científicos, como o cérebro de Albert Einstein fora utilizado.

Abaixo trazemos uma lista de alguns exemplos de relíquias históricas e as histórias por trás.

— O cérebro de Albert Einstein (1879 — 1955):

Após Einstein ter pedido claramente para ser cremado, o patologista Thomas Harvey desobedece o pedido do físico e retira sem a permissão dos familiares o cérebro de Einstein

Cérebro de Albert Einstein. Foto tirada por Thomas Harvey.

Após a morte do ganhador do Nobel de Física em 17 de abril de 1955, Albert Einstein deveria ter sido velado e cremado. O gênio da física não queria que nenhuma parte de seu corpo fosse retirada, pois não queria ser idolatrado.

Ele tinha deixado instruções específicas sobre os seus restos mortais: cremar eles, e espalhar as cinzas secretamente, a fim de desencorajar os idólatras” —escreve Brian Burrell, em seu livro de 2005, “Postcards from the Brain Museum”.

Contudo, ao contrário de seu pedido, Thomas Harvey — patologista de plantão do Hospital de Princeton — guiado por curiosidade e audácia, resolveu retirar o cérebro do físico sem a permissão da família. O intuito era verificar se havia alguma diferença fisiológica do cérebro de Einstein para os demais cérebros. Em posse do órgão, Thomas fotografou-o em diferentes ângulos.

Quando a verdade veio à tona, o patologista foi demitido do emprego, mas conseguiu que o filho de Albert Einstein permitisse que ele mantivesse consigo o cérebro para estudos. E quando a história parece não poder ficar mais estranha, eis que ela nos surpreende. Após ser ameaçado pela esposa, cansada do cérebro e querendo dar-lhe um fim, Harvey esconde o órgão do físico em uma caixa de cerveja no refrigerador do novo emprego — no laboratório de testes biológicos no Kansas.

Finalmente em 2010, depois de Thomas já ter perdido sua licença médica, o cérebro de Albert Einstein foi doado ao Museu Nacional de Saúde e Medicina e pequenas porções foram enviadas ao Museu Mütter, Filadélfia.

— A cabeça encolhida de Antonio Scarpa (1752 — 1832):

Cabeça de Antonio Scarpa

Cabeça encolhida de Antonio Scarpa exposta no Museo della storia dell’ Universita di Pavia por Antonio Pensa. ID: 256

Anatomista e professor reconhecido por suas observações científicas a respeito da estrutura das orelhas, nariz, estrutura dos nervos do coração e estrutura celular dos ossos, Antonio Scarpa também era reconhecidamente arrogante, odiado por muitos e acumulara certa fortuna. O ilustre homem também ficou conhecido por espalhar boatos de seus rivais.

Por toda essa notoriedade que ganhou através de suas observações e de seu péssimo caráter, todas as estátuas erguidas em sua memória foram constantemente vandalizadas. As únicas coisas que não foram destruídas e permanecem como recordação são sua cabeça encolhida e outras partes. Após a morte de Scarpa, em 1832, seu assistente, enquanto realizava a autópsia do corpo, resolveu remover a cabeça, o dedo indicador, polegar e o trato urinário.

Atualmente a cabeça de quase 200 anos do médico e cientista é exibida no Museo per la storia dell’Università di Pavia.

— O dedo de Galileu Galilei (1564 — 1642):

Dedo mumificado de Galileu Galilei exposto no Museo Galileo

Dedo de Galileu Galilei. Foto de Marc Roberts.

Após apoiar a ideia do heliocentrismo, Galileu foi condenado por heresia em 1633 pela Igreja Católica. Para a instituição, a Terra era o centro do sistema solar e não o Sol. Depois da condenação, tendo voltado atrás em suas ideias e observações científicas, Galilei pegou uma pena mais leve ao invés de morrer na fogueira; foi preso para o resto da vida.

Em 1642, passados nove anos da condenação, eis que Galileu morre, tendo sido sepultado de forma obscura no final do corredor da Basílica de Santa Croce, na Toscana. Quase 100 anos após seu enterro, em 1737 seus restos mortais foram desenterrados e, então, três de seus dedos foram removidos juntamente com uma vértebra e um dente. O dedo médio atualmente é um relicário que está exposto no Museo Galileo, em Florença.

— O último suspiro de Thomas Alva Edison (1847 — 1931):

O último suspiro de Thomas Edison

O último suspiro de Thomas Edison. Foto de John Kannenberg

Inventor da lâmpada elétrica, câmera de cinema e fonógrafo, Thomas Edison foi um dos maiores inventores da história americana. Em 1876, Edison era tão famoso que até Henry Ford (1863 — 1947) fora trabalhar como seu engenheiro em um laboratório criado pelo inventor em Nova Jersey. Por anos ambos trabalharam juntos e acabaram desenvolvendo uma relação forte de amizade e admiração.

Quando Thomas Edison estava prestes a morrer, Ford pediu para que o filho do inventor segurasse tubos de ensaio próximos à boca do pai para que guardassem seus últimos suspiros. Os oito tubos de ensaio que estavam no quarto de Edison foram selados, tendo um deles sido exposto, a partir de 1951, no Museu Henry Ford até os dias atuais.

Referências:
– The Long, Strange Journey of Einstein’s Brain. NPR. org.
– HUGHES, Virginia. “The tragic story of how eisnten’s brain was stolen and wasn’t even special“. The National Geographic, 2014.
The head of Antonio Scarpa. Wellcome Library.