“Você tem um dever a cumprir. Consulte a sua consciência!”. Foto: CPDoc FGV, 1932.
Quando o Governo Provisório não cumpriu com as exigências dos liberais constitucionalistas de São Paulo, o Partido Democrático rompeu imediatamente com Getúlio Vargas e uma revolta armada foi montada e batizada como Revolução Constitucionalista de 1932.
Após Getúlio Vargas assumir a presidência em 3 de novembro de 1930, uma série de alianças com grupos políticos começou a ser feita pelo presidente. Entre esses grupos estavam os tenentes e os liberais constitucionalistas sob o Partido Democrático de São Paulo, que esperava mudanças e reformas efetivas na política nacional, com eleições livres, plenas liberdades civis e governo constitucional.
Depois da vitória da revolução de 1930, os constitucionalistas liberais passaram a cercar Vargas com pedidos de uma reforma no sistema eleitoral. Getúlio, entretanto, começou a promover sucessivos adiamentos, aumentando as suspeitas dos liberais. Em 11 de novembro, quando o governo provisório ganhou plenos direitos sobre o poder Executivo e Legislativo, concentrando poder, a demanda pela “reconstitucionalização” do país aumentou entre os liberais.
Esse grupo político exigia eleições emergenciais e a resposta do governo provisório foi a publicação de um novo Código Eleitoral em fevereiro de 1932. Assim, Vargas esperava apaziguar as demandas dos liberais através da pequena concessão política que representava o Código Eleitoral recém instituído.
Enquanto isso, Getúlio também sofria pressão pelos tenentes que esperavam um governo provisório longo com a desculpa de precisar sanar os problemas nacionais e evitar que o poder retornasse para o controle das velhas oligarquias, representadas também na figura do estado de São Paulo. Sofrendo pressões opostas, o governo tinha consciência que cedo ou tarde um dos lados poderia partir para a revolta armada, principalmente os liberais constitucionalistas.
Em 13 de janeiro de 1932 o Partido Democrático de São Paulo rompe definitivamente com o governo provisório, trazendo para junto de si o Partido Republicano Paulista, cujo candidato Júlio Prestes havia sido impedido de tomar posse na Revolução de 1930 sob a liderança de Getúlio Vargas.

Na foto está um auto blindado FS-2, construído sobre chassi de um caminhão Chevrolet com torre giratória para metralhadora pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para a Revolução Constitucionalista de 1932. Foto: Seção de Periódicos do Departamento de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Esse cenário demonstrava como o governo havia se indisposto com quase todos os partidos dentro de São Paulo. Juntamente essa situação cada vez mais temerária, a oposição a Getúlio também crescia nos outros dois estados mais poderosos do Brasil, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Finalmente em 9 de julho de 1932, São Paulo se organiza em uma revolta armada, batizada de Revolução Constitucionalista e com fortes tendências regionalistas. São Paulo era palco da guerra civil que se montava, com as produções fabris sendo direcionadas à produção de armamentos, a elite passou a doar joias na “Campanha do Ouro” para financiar a guerra e os filhos das classes altas se prepararam em trincheiras.

Voluntário paulista na Revolução Constitucionalista. Foto: CPDOC/ CDA Odete Junqueira
Apesar de todos os esforços de guerra, a revolta instaurada pelo Partido Democrático foi um erro, pois as reivindicações liberais foram diluídas quando grupos de anseios diversos se misturaram na pressão contra o governo. Além disso, logo a revolta ganhou tons separatistas, afastando qualquer possibilidade de receber apoio da oposição a Vargas no resto do Brasil, especialmente em Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Após sufocar os apoios de SP nesses dois estados, Vargas conseguiu convencê-los de que a revolta em São Paulo não os beneficiaria. Por fim, forças militares do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais invadiram o estado de São Paulo juntamente com as tropas federais no cerco da capital. Com os intensos bombardeios à capital, os poderosos controladores dos negócios paulistas pediram trégua, afirmando que os anseios liberais e constitucionalistas não justificavam a destruição do centro financeiro do Brasil.
Depois de 2 meses sustentando a revolta, os rebeldes finalmente se renderam às forças federais. Foi o fim definitivo da Revolução Constitucionalista de 1932.