A explosão da primeira bomba atômica da história

A explosão da primeira bomba atômica da história

Na manhã de 16 de julho de 1945, o Projeto Manhattan realizou com sucesso a Experiência Trinity, o primeiro teste nuclear da história. Notícias sobre o sucesso do teste ultrassecreto no deserto do Novo México foi fundamental para a estratégia norte-americana que se seguiu para a conclusão da guerra no Pacífico. As bombas atômicas deram aos Estados Unidos a oportunidade de acabarem com a guerra com o Japão, poupando milhares de vidas americanas e sem terem que depender de tropas soviéticas para uma invasão terrestre.

A primeira bomba

Às 05 horas, 29 minutos e 45 segundos do dia 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica da história explodiu com uma energia equivalente a 19 kt de TNT (87,5 TJ). Deixou no deserto uma cratera radiativa de 3 metros de espessura por 330 metros de diâmetro. No momento da detonação, as montanhas circundantes foram iluminadas com mais intensidade do que o sol por breve momento que durou um ou dois segundos, sendo relatado, no acampamento-base, um calor tão intenso como o de um forno. As cores observadas variaram de púrpura a verde e, eventualmente, branca. O som da onda de choque levou 40 segundos para chegar até os observadores e a explosão foi sentida a mais de 160 km de distância, tendo o cogumelo atômico chegado à 12 km de altura. Cerca de 260 pessoas estavam presentes no teste, nenhuma a menos de 9 km.

A expansão da bola de fogo e a onda de choque causadas pela explosão da Trinity, visto .053 segundos após a detonação.

A expansão da bola de fogo e a onda de choque causadas pela explosão da Trinity, visto .053 segundos após a detonação.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, nove segundos depois da explosão da Trinity.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, nove segundos depois da explosão da Trinity.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, 15 segundos depois da detonação.

Uma bola de fogo começa a subir e a primeira nuvem de cogumelo atômico do mundo começa a se formar, 15 segundos depois da detonação.

Fotografia de longa-exposição após a detonação da bomba.

Fotografia de longa-exposição após a detonação da bomba.

Fotos: U.S. Department of Defense
Yoshito Matsushige: o fotógrafo que registrou a dor de Hiroshima

Yoshito Matsushige: o fotógrafo que registrou a dor de Hiroshima

Na foto, Vítimas da bomba atômica em Hiroshima aguardam atendimento na ponte Miyuki, a dois quilômetros do epicentro, minutos após a explosão.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Há 70 anos, uma bomba atômica — Fat Man — era jogada em Nagasaki. Três dias antes, porém, Hiroshima havia sido devastada, às 8:17 da manhã, pela Little Boy.

Após a bomba lançada em Hiroshima, o nome de Yoshito Matsushige entrou para a história como o único fotógrafo a registrar a devastação causada, sob o ponto de vista das vítimas. Foram apenas cinco imagens registradas minutos depois do ataque e que sobreviveram durante a revelação.

O cenário, congelado nas fotografias granuladas, se apresenta repleto de fumaça. As pessoas, com as roupas rasgadas e com os cabelos queimados, denunciam a gravidade da situação. Morador de Hiroshima, Yoshito vagou pelas ruas durante dez horas, registrando apenas uma parte do horror pelo qual os cidadãos japoneses passaram.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Como sua câmara de revelação havia sido destruída, o fotógrafo precisou revelar as fotos de forma primitiva. Sob a luz das estrelas e com a cidade ainda fumegando, Yoshito lavou o filme em um riacho e, posteriormente, o pendurou em um galho de uma árvore carbonizada.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Após aqueles registros valiosos, Matsushige entrou para o jornal “Chugoku Shimbun” e, em 29 de setembro de 1952, as cinco fotos sobreviventes daquele dia foram publicadas na Life Magazine sob o título “First Pictures—Atom Blasts Through Eyes of Victims”.

Na primeira foto, vítimas da bomba atômica em Hiroshima aguardam atendimento na ponte Miyuki, a dois quilômetros do epicentro, minutos após a explosão.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Referência:
– MITCHELL, Greg. “The First Atomic Photographer—and 5 Pictures That Must Never Be Repeated“. The Nation, 2011.
A Rosa de Hiroshima

A Rosa de Hiroshima

Em destaque na imagem está um carro de bombeiros que foi completamente destruído com a explosão da bomba.

Danos causados pela bomba atômica lançada em Hiroshima no dia 06 de agosto de 1945. Foto: Keystone/Getty Images

Há 69 anos, uma bomba atômica foi jogada em Hiroshima e em Nagasaki. Exatamente às 8:17 da manhã do dia 06 de agosto de 1945, Hiroshima foi devastada pela Little Boy.

Na imagem abaixo, Yoshito Matsushige acabara de ultrapassar pouco mais de um quilômetro do ponto zero de onde a bomba de Hiroshima fora lançada, quando viu um clarão no céu e sentiu a primeira onda de impacto. Imediatamente, olhou para cima e viu um grande cogumelo de fumaça e calor subindo rapidamente. No mesmo instante em que observou o cogumelo, fez um dos maiores registros históricos de um ângulo que nenhum outro conseguiu fazer naquele dia.

Foto tirada ha um quilômetro do ponto zero.

Foto: UN Photo / Mitsuo Matsushige. ID: 64723.

No fatídico 6 de agosto de 1945, o fotógrafo Matsushige rodou Hiroshima registrando em poucas fotos o que uma arma de destruição em massa era capaz de causar; não sem ser ferido e sofrer queimaduras. O horror para o povo japonês, entretanto, estava longe de acabar. Três dias depois, em 09 de agosto de 1945, seria a vez de Nagasaki sucumbir ao poder de uma das mais potentes armas de destruição em massa já criada pelo homem.

A Rosa de Hiroshima

O desenho de um sobrevivente da bomba atômica

Desenho de um sobrevivente da bomba atômica

Desenho de Odawa Sagami. Hiroshima Peace Memorial Museum. ID: GE15-44.

O projeto “Children Of The Atomic Bomb”, criado por pediatras e psicanalistas da Universidade da Califórnia, UCLA, visa tratar as vítimas da bomba atômica, bem como retratar, através de desenhos, o que os sobreviventes viram nos dias das explosões.

Os desenhos são parte do tratamento, visto que os sobreviventes, muitas vezes, não conseguem expressar por palavras os fatos acontecidos nos dias 06 de agosto (Hiroshima) e 09 de agosto (Nagasaki). O desenho em questão é de Ogawa Sagami, nascido em 1917. No dia da explosão em Hiroshima, Sagami tinha 28 anos e estava a 260 metros do ponto zero.

Segundo seu desenho, retratando o que viu, há um grupo de cadáveres amontoados dentro de um tanque d’água. Por eles estarem dentro d’água no momento da explosão, seus corpos foram cozidos e por isso estão vermelhos vivo e inchados, enquanto os demais corpos, ao redor do tanque, estão completamente carbonizados e menores.

Referências:
Desenho de Odawa Sagami. Hiroshima Peace Memorial Museum. ID: GE15-44.
– “Children of the Atomic Bomb“.
Experiência Trinity: o início da era atômica

Experiência Trinity: o início da era atômica

Se o brilho de mil sóis explodissem no céu, isso seria como o esplendor do Poderoso Ser, Tornei-me a Morte. Destruidora de mundos.

A Experiência Trinity

Às 05 horas, 29 minutos e 45 segundos do dia 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica da história explodiu com uma energia equivalente a 19 kt de TNT (87,5 TJ). Deixou no deserto uma cratera radioativa de 3 metros de espessura por 330 metros de diâmetro. No momento da detonação, as montanhas circundantes foram iluminadas com mais intensidade do que o sol por breve momento que durou um ou dois segundos, sendo relatado, no acampamento-base, um calor tão intenso como o de um forno. As cores observadas variaram de púrpura a verde e, eventualmente, branca. O som da onda de choque levou 40 segundos para chegar até os observadores e a explosão foi sentida a mais de 160 km de distância, tendo o cogumelo atômico chegado à 12 km de altura. Cerca de 260 pessoas estavam presentes no teste, nenhuma a menos de 9 km.

Foram construídos três pontos de observação de madeira reforçados com concreto e cobertos com terra a cerca de 10 quilômetros a norte, sul e oeste do marco zero da detonação (codinomes Able, Baker, e Pittsburgh, respectivamente). O bunker Baker serviu como centro de controle para o teste, local onde o cientista chefe J. Robert Oppenheimer conduziu o teste.

A Base Aérea de Alamogordo emitiu um comunicado à imprensa de 50 palavras, dando conta de que havia ocorrido “uma explosão de um depósito remoto de munições, na qual ninguém tinha morrido ou sofrido ferimentos”. A verdadeira causa foi confirmada publicamente apenas após o êxito do ataque a Hiroshima em 6 de Agosto do mesmo ano.

Gadget Trinity

Gadget da bomba utilizada na Experiência Trinity.

Os resultados do teste foram encaminhados ao presidente dos Estados Unidos Harry S. Truman, que ansiosamente esperava por eles na Conferência de Potsdam. A mensagem codificada “Operated this morning. Diagnosis not complete but results seem satisfactory and already exceed expectations… Dr. Groves pleased.” chegou às 7 horas e 30 minutos do dia 16 de julho. Em face do sucesso da Experiência Trinity, duas bombas foram preparadas para uso contra o Japão.

A primeira, batizada de Little Boy, foi lançada em Hiroshima no dia 6 de agosto. A segunda, conhecida como Fat Man, foi lançada em Nagasaki em 9 de agosto. Os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki mataram de imediato, pelo menos, 120.000 pessoas e forçaram a rendição incondicional japonesa nos dias consequentes.

trinity ponto zero

“Ponto zero” da experiência Trinity sendo vistoriado após a explosão.

O diretor de Los Alamos, Robert Oppenheimer, referiu mais tarde que, ao observar a demonstração dos efeitos da Experiência Trinity, lhe veio à memória uma frase do texto sagrado hindu Bhagavad Gita:

If the radiance of a thousand suns
were to burst into the sky,
that would be like
the splendor of the Mighty One
I am become Death, the shatterer of Worlds.

Tradução:

Se o brilho de mil sóis
explodissem no céu,
isso seria como
o esplendor do Poderoso Ser
Tornei-me a Morte
Destruidora de mundos.