Jesse Owens: o atleta negro que desafiou Hitler na Alemanha em 1936

Jesse Owens, atleta afro-americano, se nega a olhar para a tribuna de Hitler (que já havia se retirado do Estádio Olímpico de Berlim), durante o pódio da prova de 200m. Durante os Jogos de Olímpicos de 1936, era comum antes das competições e durante as premiações que fosse realizada a saudação nazista. Em sua biografia, Owens relatou que esta vitória, além de contrapor ao racismo nazista, também foi importante para combater o racismo no próprio Estados Unidos.

Jesse Owens durante os Jogos Olímpicos de 1936

Durante as Olimpíadas de 1936, realizadas na Alemanha, já sob a égide do regime nazista e sob o comando de seu ditador Adolf Hitler, Jesse Owens, atleta afro-americano conquistou 4 medalhas de ouro. A importância do seu amplo destaque se tornou uma ferida para o ditador alemão, que acreditava plenamente em um domínio dos atletas germânicos, muitos deles engajados na doutrina da “Juventude Hitlerista”. O moderno Estádio Olímpico de Berlim presenciou um verdadeiro massacre dos atletas americanos, vez que além do destaque de Owens, outros 3 atletas negros e 2 brancos também conquistaram medalhas de ouro.

Imagem: Comitê Olímpico Internacional (COI)
Tommie Smith e John Carlos – Protesto Durante os Jogos Olímpicos

Tommie Smith e John Carlos – Protesto Durante os Jogos Olímpicos

Durante as Olimpíadas do México em 1968, o atleta Thomas “Tommie” Smith venceu a prova dos 200 metros rasos, rompendo pela primeira vez na competição a barreira dos 20 segundos, cravando a marca de 19 segundos e 83 milésimos. Durante a cerimônia de premiação, Thomas e seu compatriota John Carlos, manifestaram apoio ao movimento de direitos civis dos negros americanos, erguendo o punho fechado com luvas pretas, saudação semelhante à utilizada pelo movimento Black Power e pelos Panteras Negras nos Estados Unidos. O ato é considerado como uma das declarações mais abertamente políticas na história dos Jogos Olímpicos modernos.

A repercussão do ato de Tommie Smith na luta pelos direitos civis americanos

Os dois atletas namericanos receberam suas medalhas vestidos apenas com meias pretas para representar a pobreza negra. Em sua autobiografia, Silent Gesture, Smith afirmou que o gesto não era uma saudação “Black Power“, mas sim uma saudação em prol dos Direitos Humanos (todos os medalhistas, incluindo australiano medalhista de prata Peter Norman usavam crachás dos Direitos Humanos em suas jaquetas). A vida de Smith e Carlos foram extremamente afetadas após o ato. Segundo Smith, o gesto foi uma condenação para o resto de sua vida. Ao retornaram para os Estados Unidos, suas medalhas foram confiscadas pelo governo. A esposa de Carlos cometeu suicídio e Smith se divorciou. Tanto o Comitê Olímpico Americano quanto o COI jamais se manifestaram sobre as hostilidades sofridas pelos atletas.

“Tudo mudou para sempre. Recebemos ameaças de morte, cartas, telefonemas… Depois dos Jogos Olímpicos, todos os meus amigos desapareceram. Tinham medo de perder suas amizades brancas e seus empregos. Eu tinha 11 recordes mundiais, mais do que qualquer pessoa no mundo, e o único trabalho que encontrei foi lavando carros num estacionamento. Me mandaram embora porque meu chefe disse que não queria que ninguém trabalhasse comigo. Não queria que alguém que defendesse a igualdade de direitos estivesse em sua equipe. Todo mundo tinha muito medo. Meus irmãos foram expulsos do colégio.”- (Silent Gesture: The Autobiography of Tommie Smith)

Massacre de Munique: o atentado que marcou os Jogos Olímpicos

Massacre de Munique: o atentado que marcou os Jogos Olímpicos

Massacre de Munique

Membro da organização Setembro Negro aparece na sacada da Vila Olímpica horas depois do início do Massacre de Munique. A tragédia foi acompanhada pela televisão por mais de 900 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Membro da organização Setembro Negro aparece na sacada da Vila Olímpica horas depois do início do Massacre de Munique. A tragédia foi acompanhada pela televisão por mais de 900 milhões de pessoas no mundo inteiro.

O Massacre durante as Olimpíadas de Munique

No dia 5 de setembro de 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique, oito membros da organização Setembro Negro entraram sem maiores dificuldades na Vila Olímpica e, armados de fuzis e granadas e se passando por também atletas olímpicos, invadiram os alojamentos e foram até os dormitórios destinos à delegação de Israel, assassinando logo na primeira investida, Moshe Weinberg, treinador do time de luta, e Joe Romano, campeão de levantamento de peso, além de manterem nove membros da delegação israelense como reféns. Horas depois, os terroristas exigiram um avião para levar o grupo e os reféns a capital do Egito, Cairo. Prontamente foi elaborada uma desastrosa operação militar que visava eliminar os terroristas num aeroporto próximo de Munique, o Fürstenfeldbruck.

A tentativa frustrada de libertação dos reféns levou à morte de todos os sete atletas sobreviventes (somando-se aos outros dois que já estavam mortos quando da invasão do apartamento na Vila Olímpica), além de mais cinco terroristas e um agente da polícia alemã. Três terroristas sobreviveram ao ataque e foram presos. Como se constatou posteriormente, as forças policiais alemãs estavam mal preparadas e a situação fugiu do controle.

Munique 1972

O resultado desastroso da tentativa de resgate no aeroporto de Fürstenfeldbruck, próximo a Munique. Todos os atletas israelenses foram mortos, além de outros 5 terroristas e um soldado alemão. Foto: AFP

Consequências do atentado

Ainda em 1972, em decorrência do massacre, Israel retaliou bombardeando mais de dez bases da OLP localizadas na Síria e no Líbano. A vingança de Israel continuou assim que a Mossad (serviço de inteligência israelense) foi autorizada pela primeira-ministra israelense Golda Meir a empreender uma impiedosa caçada aos mentores e apoiadores do atentado de Munique. A operação ficou conhecida como “Ira de Deus” e se estendeu por mais de 20 anos, tendo como alvo dezenas de membros do grupo Setembro Negro e da Organização Para a Libertação da Palestina (OLP).

Embora os atos de terror palestino contra Israel não fossem novidade na época, nenhum teve o efeito dramático deste, perpetrado contra atletas olímpicos de alto nível e com cobertura ao vivo de toda a imprensa mundial. Como consequência do embaraçoso desfecho, o governo alemão criou a famosa unidade policial contra-terrorista, o GSG-9, que se transformou em exemplo mundial no combate ao terrorismo. Após Munique, todos os eventos esportivos passaram a contar com um rigoroso esquema de segurança.

Adaptação para o cinema

No ano de 2007 foi lançado Munique, filme baseado nos fatos que sucederam o massacre de 1972. Um detalhe curioso do filme é que Guri Weinberg interpreta o seu próprio pai, Moshe Weinberg. Moshe era o treinador da equipe de luta livre israelense e foi a primeira vítima assassinada pelos terroristas, logo na investida à Vila Olímpica.

Vítimas Israelenses do Massacre de Munique

Fotos dos 11 membros da delegação israelenses mortos nos atentados de Munique. Moshe Weinberg, Jakov Springer, Eliezer Halfin, Amitzur Shapira, Mark Slavin, Kehat Shorr, Joseph Gottfreund, André Spitzer, David Berger, Zeev Friedman e Joseph Romano.