por | 12/08/2017 | Brasil, Criminosos, Imagens Históricas, Século XIX
Após anos de cartazes descrevendo apenas as características de fugitivos e presos, a fotografia foi introduzida no Brasil como controle do estado na Casa de Correção pelo estudioso em craniologia, Almeida Valle. Em 1872, Valle dera conta de fotografar todos os prisioneiros da Casa de Correção, unindo os trezentos e vinte e quatro retratos em um álbum que ficou conhecido como “Galeria dos Condenados” (exposto ao público na Exposição Universal da Philadelphia, de 1876, sob os auspícios de Pedro II, amante da fotografia), o primeiro registro prisional no país. Na Galeria dos Condenados encontra-se o registro de Isabel Jacintha da Silva, escrava altiva e bela.
Isabel Jacintha da Silva
Condenada em 1846 por matar seu senhor (Jacintho José da Silva) envenenado, Isabel iniciou uma busca por seus direitos, alegando inocência. O envenenamento dos senhores pelos escravos era prática relativamente comum, uma vez que a liberdade lhes era dada por testamento. Dessa forma, após a morte do senhor, os escravos estariam livres. Assim, a prática de envenenamento acabou recebendo um artigo próprio no Código Criminal do Império:
“Ter o delinquente cometido o crime com veneno, incêndio ou inundação” (Código Criminal, Art. 16, 1830)
No caso de Isabel, ao que tudo indica, mantinha relações cordiais com seu senhor, pois portava seu sobrenome e faria jus à liberdade, como se livre tivesse sido desde o nascimento, tão logo seu proprietário viesse a falecer, fato que constituiu argumento decisivo para a formação de sua culpa. Em sua defesa, entretanto, alegou:
“Que meu irmão me catucara que eu dissesse que tinha sido eu; eu fui e caí na asneira, na patetice de dizer que era eu; mas não fiz nada do que disse. Depois caí em mim, pus-me a imaginar. Eu não saía de casa, como é que havia de fazer isso?”
Isabel não foi condenada à pena de morte, mas sua pena foi de prisão perpétua com trabalho. O mesmo crime de homicídio, supostamente por ela cometido, com auxílio de seu irmão, era punido com pena de 12 anos de prisão e multa proporcional, para os demais criminosos, ou seja, os homens e mulheres livres. A Galeria dos Condenados expõe inúmeros casos como esse. Ainda que condenada, Isabel foi notável em suas tentativas de graça, alegando inocência em todos os tribunais, se utilizando de argumentos e provas de que era, de fato, inocente.
No mencionado álbum, encontramos apenas duas mulheres entre as 324 fotografias: Isabel Jacintha e Generosa Maria de Jesus. A primeira, escrava, a segunda, livre. O álbum, em duas versões, pertence ao acervo da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Coleção Dona Theresa Cristina.
Referências:
THIESEN, Icléia. A Casa de Correção da Corte e a fotografia identificatória (1859-1876). R. IHGB, Rio de Janeiro, 167 (430): 179-198, jan./mar. 2006.
KOSSOY, Boris. Um olhar sobre o Brasil: A fotografia na construção da imagem da nação (1833 – 2003). 1° edição. São Paulo: Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012. p. 81.
THIESEN, Icléia. Informação identificatória, memória institucional e conhecimento – Isabel Jacintha da Silva, de cativa à prisioneira na Casa de Correção da Corte. LERASS – Laboratoire d’Études et de Recherches Appliquées en Sciences Sociales.
por | 14/06/2017 | Imagens Históricas, Século XX
Os homens de aparência severa na imagem são os policiais rurais do General Francisco Franco, ditador que ascendeu após triunfar na Guerra Civil Espanhola e governou a Espanha com mão de ferro entre 1939 e 1975. Tais homens eram responsáveis pela lei nacional e patrulhavam o campo, onde eram temidos pelas pessoas nas aldeias e vilarejos, locais muito vigiados pela ditadura espanhola e onde também havia polícia local.
Guerra Civil Espanhola e a Ascensão de Francisco Franco
A Guerra Civil Espanhola (1936-39), foi uma revolta militar contra o governo republicano da Espanha, apoiado por elementos conservadores dentro do país. Quando um golpe militar inicial não conseguiu tomar o controle de todo o país, uma sangrenta guerra civil se sucedeu. Os nacionalistas receberam apoio da Alemanha nazista. Os republicanos receberam ajuda da União Soviética, bem como de Brigadas Internacionais, compostas por voluntários da Europa e dos Estados Unidos.
Os nacionalistas, com amplo apoio bélico, sobretudo da poderosa Alemanha e de sua Legião Condor, avançaram implacavelmente, enfrentando uma feroz resistência republicana, composta de milícias com armas inferiores e treinamento militar inadequado. O governo republicano recuou de Madri para Valência até, finalmente, se exilar em Barcelona no ano de 1937. O grupo nacionalista, liderado pelo General Francisco Franco, venceu o conflito e o ditador governou a Espanha pelos 36 anos seguintes, até a data de sua morte em 20 de novembro de 1975.
Foto: W. Eugene Smith—Time & Life Pictures/Getty Images
por | 04/02/2015 | Criminosos, Curiosidades, Imagens Históricas, Século XIX
“Todo contato deixa uma marca”, esse era o princípio de Edmond Locard, um dos pioneiros no estudo da criminalística. Para Locard, todo contato humano necessariamente deixaria uma marca, uma impressão na cena do crime. Nesse sentido, se fez necessário estudar cada marca que um ser humano poderia deixar no ambiente para começar a avançar na identificação de criminosos.
A antropometria na criminalística
Foi a partir daí que a antropometria — que estuda impressões digitais e outras marcas — ganhou força na criminalística. Juntamente a ela, o método Bertillon também ganhou destaque. Fundado pelo investigador criminal francês, Alphonse Bertillon, o método era um sistema para documentar e analisar evidências deixadas por criminosos. O sistema Bertillon utilizava cartões pessoais dos criminosos onde eram anotadas as medidas dos pés, mãos, juntamente com suas fotos para posterior comparação com aquelas deixadas na cena do crime.
Na imagem, o método Bertillon é colocado em prática ao tirar as medidas do pé de um criminoso. Por muito tempo a técnica foi utilizada pela polícia francesa até que outros mais modernos surgissem.
Foto: © Keystone/Getty Images.
por | 12/09/2013 | Atualidades, Imagens Históricas, Século XXI

Policiais da cidade americana de Plymouth se reúnem para dar o último adeus a Kaiser, cão policial diagnosticado com câncer, momentos antes de ser sacrificado.
No dia 29 de março de 2013, a ‘Plymouth Police Working Dog Foundation‘ anunciou que o cão Kaiser estava sofrendo de insuficiência renal e seria sacrificado na sexta-feira. o cão havia se juntado a força policial em 2011, depois de ter sido doado para o departamento por uma família local.
O adeus à Kaiser
Pouco antes do meio-dia, policiais se reuniram em frente ao hospital animal ‘Court Street‘ para saudar o cão pela última vez. Kaiser foi sepultado no cemitério animal Angel View, em Middleboro. Em sua página no Facebook, o oficial Lebretton, que trabalhou a maior parte do tempo com cão Kaiser, postou:
“Descanse em paz meu garoto. Eu não poderia ter pedido por um melhor parceiro ou amigo. Que você possa descansar tranquilamente e esperar por mim naquela ponte sagrada. Eu estarei lá meu amigo. Eu estarei lá. Eu nunca vou esquecer de você e de nossas realizações. Você me tornou uma pessoa melhor, um melhor adestrador, e um melhor policial. Até que nos encontremos novamente ‘kai’. Eu te amo e vou sentir sua falta todos os dias.”
Fonte: CBS