Fairy Soap: anúncio racista dos anos 1940

Em um anúncio racista publicado nos anos 1940, uma garota branca pergunta para uma negra “Por que sua mãe não limpa você com sabão de fada (Fairy Soap)?”. A ideia era mostrar o quão eficiente poderia ser o sabão, apelando justamente para uma situação puramente racista.

O anúncio racista dos anos 1940

Antes utilizados como cartazes e panfletos espalhados pelas cidades e mesmo em propagandas de cinemas, os anúncios evoluíram para outros meios de comunicação em massa, como as publicidades televisivas a partir dos anos 1940 e 1950, ocorrida com o crescimento da venda de televisores para o grande público.Após a Revolução Industrial e a consequente expansão dos parques industriais ao redor do mundo, as empresas começaram a explorar cada vez mais os anúncios publicitários.

Desde o início, o marketing empresarial utilizou bastante o apelo racista, vez que era um espelho do pensamento da sociedade da época. Desta forma, era muito comum ver propagandas de cunho racista, onde se via uma criança branca perguntando para a outra, que é negra propositalmente, o porquê da mãe não usar nela um determinado sabão, para que assim a criança negra ficasse branca.

Com o final da Segunda Guerra Mundial e a consequente recessão econômica que atingiu boa parte dos países do mundo, as indústrias e seus setores de marketing passaram a se preocupar com a ampliação do mercado e, desta forma, começaram a se precaver de criarem propagandas racistas para não excluírem essa fatia do mercado, até então pouco explorada. Apenas em meados os anos 1950 que os anúncios racistas foram sendo deixados de lado. Nos Estados Unidos, tais anúncios vigoraram por mais tempo até e só foram cancelados com a igualdade de direitos civis entre brancos e negros.

Referências:
“Why Doesn’t your mamma wash you with Fairy Soap?”. © Fairbank, N.K., Company. Smithsonian Institution.
“Racist Ads”. Stanford School of Medicine.
“The History of Fairy Soap”. Fairies World.
O linchamento de um homem negro motivado por ódio racional

O linchamento de um homem negro motivado por ódio racional

Na imagem, o linchamento de um homem negro nos EUA motivado por ódio racial

Na imagem, o linchamento de um homem negro nos EUA motivado por ódio racial

A imagem chocante pode levar as pessoas a acreditarem que se trata de um momento registrado durante a escravidão. Contudo, o registro foi feito no ano de 1937, quando a abolição havia ocorrido em todo o Ocidente. O cenário retrata um dos inúmeros linchamentos motivados por ódio racial que ocorreram com frequência nos Estados Unidos, especificamente em Louisiana que registrou centenas desse tipo de crime. Na imagem, o homem acusado sumariamente de ter matado um homem branco no Mississipi, é amarrado a uma árvore e linchado até a morte. A situação somente começou a mudar quando o movimento pelos Direitos Civis começou a ganhar força nos Estados Unidos entre os anos 1950 e 1960.

Jesse Owens: o atleta negro que desafiou Hitler na Alemanha em 1936

Jesse Owens, atleta afro-americano, se nega a olhar para a tribuna de Hitler (que já havia se retirado do Estádio Olímpico de Berlim), durante o pódio da prova de 200m. Durante os Jogos de Olímpicos de 1936, era comum antes das competições e durante as premiações que fosse realizada a saudação nazista. Em sua biografia, Owens relatou que esta vitória, além de contrapor ao racismo nazista, também foi importante para combater o racismo no próprio Estados Unidos.

Jesse Owens durante os Jogos Olímpicos de 1936

Durante as Olimpíadas de 1936, realizadas na Alemanha, já sob a égide do regime nazista e sob o comando de seu ditador Adolf Hitler, Jesse Owens, atleta afro-americano conquistou 4 medalhas de ouro. A importância do seu amplo destaque se tornou uma ferida para o ditador alemão, que acreditava plenamente em um domínio dos atletas germânicos, muitos deles engajados na doutrina da “Juventude Hitlerista”. O moderno Estádio Olímpico de Berlim presenciou um verdadeiro massacre dos atletas americanos, vez que além do destaque de Owens, outros 3 atletas negros e 2 brancos também conquistaram medalhas de ouro.

Imagem: Comitê Olímpico Internacional (COI)

O escravo Peter e sua severa punição durante o regime escravista

Marcas deixadas nas costas do escravo americano conhecido como Peter, de Baton Rouge, Louisiana, Estados Unidos, durante o Regime Escravista Americano. Após a agressão, o escravo passou alguns dias lutando para sobreviver e precisou de dois meses para se recuperar. O capataz responsável pela surra foi apenas afastado de seu cargo pelo proprietário de Peter. Peter acabou se alistando e ajudando na vitória do exército da União contra os Confederados, vitória que determinou o fim da escravidão naquele país, contudo, os diferenciados direitos civis entre brancos e negros nos Estados Unidos persistiram até o final da década de 1970.

O regime escravista americano

O regime escravista americano foi um dos mais violentos em todo o mundo. Praticada majoritariamente pelas colônias do Sul, a questão da escravidão, segundo boa parte da historiografia, foi um dos pontos de conflito entre os estados do Norte e do Sul, o que contribuiu com o início da Guerra de Secessão. Imagens com a de Peter foram amplamente divulgadas em jornais e folhetins durante a Guerra contra os Confederados, assim como charges e caricaturas contra absurdos como as figuras dos “Patrulheiros de Escravos” – grupos majoritariamente de brancos pobres, que detinham autoridade de parar, revistar, torturar e até matar escravos que violassem os códigos do escravo americano.

Isabel Jacintha da Silva: um dos primeiros retratos de prisioneiros do Brasil

Após anos de cartazes descrevendo apenas as características de fugitivos e presos, a fotografia foi introduzida no Brasil como controle do estado na Casa de Correção pelo estudioso em craniologia, Almeida Valle. Em 1872, Valle dera conta de fotografar todos os prisioneiros da Casa de Correção, unindo os trezentos e vinte e quatro retratos em um álbum que ficou conhecido como “Galeria dos Condenados” (exposto ao público na Exposição Universal da Philadelphia, de 1876, sob os auspícios de Pedro II, amante da fotografia), o primeiro registro prisional no país. Na Galeria dos Condenados encontra-se o registro de Isabel Jacintha da Silva, escrava altiva e bela.

Isabel Jacintha da Silva

Condenada em 1846 por matar seu senhor (Jacintho José da Silva) envenenado, Isabel iniciou uma busca por seus direitos, alegando inocência. O envenenamento dos senhores pelos escravos era prática relativamente comum, uma vez que a liberdade lhes era dada por testamento. Dessa forma, após a morte do senhor, os escravos estariam livres. Assim, a prática de envenenamento acabou recebendo um artigo próprio no Código Criminal do Império:

“Ter o delinquente cometido o crime com veneno, incêndio ou inundação” (Código Criminal, Art. 16, 1830)

No caso de Isabel, ao que tudo indica, mantinha relações cordiais com seu senhor, pois portava seu sobrenome e faria jus à liberdade, como se livre tivesse sido desde o nascimento, tão logo seu proprietário viesse a falecer, fato que constituiu argumento decisivo para a formação de sua culpa. Em sua defesa, entretanto, alegou:

“Que meu irmão me catucara que eu dissesse que tinha sido eu; eu fui e caí na asneira, na patetice de dizer que era eu; mas não fiz nada do que disse. Depois caí em mim, pus-me a imaginar. Eu não saía de casa, como é que havia de fazer isso?”

Isabel não foi condenada à pena de morte, mas sua pena foi de prisão perpétua com trabalho. O mesmo crime de homicídio, supostamente por ela cometido, com auxílio de seu irmão, era punido com pena de 12 anos de prisão e multa proporcional, para os demais criminosos, ou seja, os homens e mulheres livres. A Galeria dos Condenados expõe inúmeros casos como esse. Ainda que condenada, Isabel foi notável em suas tentativas de graça, alegando inocência em todos os tribunais, se utilizando de argumentos e provas de que era, de fato, inocente.

No mencionado álbum, encontramos apenas duas mulheres entre as 324 fotografias: Isabel Jacintha e Generosa Maria de Jesus. A primeira, escrava, a segunda, livre. O álbum, em duas versões, pertence ao acervo da Divisão de Manuscritos da Biblioteca Nacional, Coleção Dona Theresa Cristina.

Referências:
THIESEN, Icléia. A Casa de Correção da Corte e a fotografia identificatória (1859-1876). R. IHGB, Rio de Janeiro, 167 (430): 179-198, jan./mar. 2006.
KOSSOY, Boris. Um olhar sobre o Brasil: A fotografia na construção da imagem da nação (1833 – 2003). 1° edição. São Paulo: Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012. p. 81.
THIESEN, Icléia. Informação identificatória, memória institucional e conhecimento – Isabel Jacintha da Silva, de cativa à prisioneira na Casa de Correção da Corte. LERASS – Laboratoire d’Études et de Recherches Appliquées en Sciences Sociales.