O nome de Robert Capa é comumente relacionado às históricas fotos de combates, especialmente aquelas tiradas durante a Operação Overlord, conhecida como “Dia D”. Contudo, como fotógrafo preocupado em retratar os mínimos detalhes da sociedade daquela época, Capa também se preocupou em mostrar os resultados da Segunda Guerra Mundial.
Durante a libertação da França, o fotógrafo registrou as humilhações sofridas por aqueles que foram acusados de manter a chamada “Colaboração Horizontal”. No caso das mulheres, a colaboração horizontal dizia respeito em manter relações sexuais com o inimigo — nazistas — durante a ocupação.
A punição era a raspagem à força da cabeça em público, cuja plateia entoava insultos e severas humilhações. Milhares de pessoas passaram por esse tipo de situação; outros tantos sofreram ainda mais, sendo espancados e até mesmo mortos. Porém é fato que todos os acusados foram humilhados.
A prática de raspar a cabeça como retaliação remonta a Idade Média, quando mulheres acusadas de adultério eram desnudadas e tinham o símbolo de sua beleza — os cabelos — raspados. A punição foi reintroduzida, novamente, como castigo no início do século XX. Os próprios alemães aplicaram essa retaliação às mulheres que tiveram filhos com soldados das tropas francesas invasoras da Renânia em 1923.
Igualmente, no decorrer da Segunda Guerra, o Estado nazista também puniu alemãs que mantinham relações com não-arianos e prisioneiros. Ao final da guerra, durante a libertação francesa, Capa registrou a prática em solo francês, demonstrando que a ferida provocada pela guerra acabou pressionando o oprimido — povo — também a tomar medidas opressoras.