A primeira metade do pontificado do papa João Paulo II ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países do Leste Europeu e do mundo.
O Discurso do Papa João Paulo II
Muitos poloneses consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João Paulo II em 2 de Junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas em Varsóvia e destacou o trabalho do Solidarność (em português Solidariedade), primeiro movimento sindical não-comunista em um país comunista. Nos anos 1980 o Solidariedade constituiu um amplo movimento social anti-comunista. O avião de João Paulo II decolou de Roma em direção à Varsóvia no dia 2 de junho de 1979. Todas as igrejas da Polônia tocaram seus sinos em sinal de boas-vindas ao pontífice. João Paulo, ao desembarcar, ajoelhou-se e beijou o solo polonês. Foi recebido por Henryk Jablonski, chefe do Conselho de Estado da Polónia pelo Partido Operário Unificado Polaco, e pelo cardeal polônes Stefan Wyszynski.
Chegou as 16 horas à Praça da Vitória – lugar da primeira Santa Missa celebrada pelo Papa João Paulo II. Em sua homilia, foi ovacionado pela população e terminou seu discurso com as seguintes palavras: “E eu choro – eu que sou um filho da terra da Polônia e que sou também o Papa João Paulo II – Eu choro de todas os abismos deste milênio, eu choro na vigília de Pentecostes: deixe o seu Espírito descer! Deixe o seu Espírito descer! E renovai a face da terra. A face desta terra!”
A primeira peregrinação do Papa João Paulo II na Polônia deu origem a uma transformação política. Esperava-se que o “bispo rebelde de Roma” reacendesse as aspirações de liberdade dos poloneses. João Paulo II chegou a ser comparado com São Estanislau, ex-bispo de Cracóvia, santo e mártir da Igreja Católica, morto por desobediência à autoridade civil no ano de 1079.
“Sem o discurso de Wojtyla, o cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido fortes e unidos para levar a luta adiante”, acredita o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. “Foi o papa que nos disse para não ter medo.” Dez anos depois, as eleições de 4 de Junho de 1989 foram uma “revolução sem sangue” e encorajaram outros países do bloco comunista a se libertarem de Moscou. A data tornou-se simbólica como o fim do socialismo real. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo o bloco comunista.