por | 22/06/2017 | Atualidades, Brasil, Personalidades, Século XX
José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza, abandonou o “mundo material” e dedicou sua vida ao mundo espiritual, obstinado a espalhar gestos de graciosidade consigo. O “Profeta Gentileza” “José Agradecido” foi uma personalidade urbana do Rio de Janeiro, notoriamente conhecido por suas dezenas de inscrições peculiares sob um viaduto situado na Avenida Brasil, na zona portuária, onde andava com uma túnica branca e longa barba. Uma de suas filosofias de vida mais conhecidas, “Gentileza Gera Gentileza”, até se tornou inspiração para a criação de uma ONG em Mirandópolis/SP fundada amigos e parentes que admiravam a filosofia do profeta.
O Profeta Gentileza
Durante a infância árdua, lidava diretamente com animais e a terra para ajudar a família. O trabalho no campo o ensinou a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, já como Profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Por volta dos treze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, na qual acreditava que um dia, depois de constituir família, deixaria tudo em prol de sua missão. Tal comportamento atípico causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espirituais.
No dia 17 de dezembro de 1961, ocorreu a Tragédia do Gran Circus Norte-Americano, considerada uma das maiores fatalidades em todo o mundo circense. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, sendo a maioria crianças. Na antevéspera do Natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alegando ter ouvido “vozes astrais” que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio e plantou uma horta sobre as cinzas do circo em Niterói, onde por lá ficou por quatro anos e disseminou o sentido das palavras Agradecido e Gentileza. José Datrino se tornou um consolador voluntário, confortando familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido”, ou “Profeta Gentileza”
Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 era visto em ruas do Rio de Janeiro fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu em Mirandópolis, cidade de seus familiares, onde foi sepultado. Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo e mais tarde foram pintados com tinta de cor cinza pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. A eliminação das inscrições foi criticada e posteriormente, a cidade do Rio de Janeiro ajudou a organizar o projeto Rio com Gentileza, com o objetivo restaurar os murais das pilastras, que ela própria havia destruído antes. Em 2001, foi homenageado pela Escola de Samba GRES Acadêmicos do Grande Rio.
Referências:
50 Anos do Incêndio Circo. Terra.
Guelman, Leonardo. Brasil Tempo de Gentileza.
Guelman, Leonardo. O missionário saltimbanco, Revista de História da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro.
por | 12/05/2017 | Biografias, Brasil, Imagens Históricas, Personalidades, Século XX, Segunda Guerra Mundial
Aracy Guimarães Rosa, também conhecida como “O Anjo de Hamburgo”, foi esposa de João Guimarães Rosa, diplomata e um dos maiores escritores brasileiros (autor de “Grande Sertão: Veredas”, dentre outras obras).
Aracy de Guimarães Rosa: o “Anjo de Hamburgo”
De 1938 a 1942, durante o auge da perseguição nazista aos judeus pela Alemanha de Adolf Hitler, Aracy, que trabalhava no consulado brasileiro em Hamburgo, corajosamente enfrentou a Circular Secreta número 1.127, implementada por Getúlio Vargas e que restringia a entrada de judeus no Brasil. Sua tática era audaciosa: como despachava costumeiramente com o Cônsul Geral, misturava entre as pilhas de documentos, papéis que concediam vistos para que judeus pudessem fugir da Alemanha (ela omitia qualquer informação que identificasse um requerente judeu e ainda forjava atestados de residência falsos para possibilitar que judeus de todas as partes do país solicitassem visto em Hamburgo).
Aracy Guimarães Rosa é a única brasileira laureada com o título de “Justos Entre as Nações”, a mais alta honraria para “não judeus” que se arriscaram para proteger vítimas do Holocausto. Ela nunca aceitou presentes ou dinheiro pela ajuda que concedeu aos judeus. É uma mulher que representa a sensibilidade, força e brilho das mulheres que espalham o amor por onde passam.
por | 06/11/2013 | Brasil, Esportes, Personalidades, Século XX
O piloto brasileiro Ayrton Senna, já dentro do cockpit do carro da Williams, momentos antes da largada do GP de Ímola, sua última e fatídica corrida.
Segundo o repórter Reginaldo Leme, da TV Globo, às vésperas da largada no GP de Ímola, no dia 1º de maio de 1994, Ayrton Senna havia confessado à pessoas mais próximas que levava uma bandeira da Áustria no bolso de seu macacão. Seria uma forma de homenagear Roland Ratzenberger, piloto austríaco que havia falecido em decorrência de um acidente fatal no mesmo circuito, no dia anterior.
A morte de Ratzenberger foi a primeira morte confirmada na Formula 1 desde o óbito de Ricardo Paletti em Montreal no ano de 1982. Senna, ao presenciar o acidente do amigo austríaco por meio das telas espalhadas pelos boxes, foi para o fundo da garagem e cobriu o rosto com as mãos. Ele temia o pior e foi ver com os próprios olhos. Logo em seguida, entrou em um safety car e foi até o local do acidente na curva Gilles Villeneuve, contudo, neste momento o austríaco ja havia sido levado para o centro médico.
Meia hora antes da largada para o GP de Ímola, Senna se dirigiu até a garagem da Williams. O jornalista Jaime Brito acompanhou Senna e lhe pediu para assinar três fotos. Foi a primeira vez que ele havia pedido um autógrafo ao tricampeão mundial. Segundo Brito, ele nunca havia visto Senna se comportar de tal forma como naquele dia. O piloto caminhava em volta do carro, olhava para os pneus e repousava sobre a asa traseira, quase como se estivesse desconfiado do carro. Sua forma também era diferente. Betise Assumpção, então assessora de imprensa do piloto brasileiro, lembrou: “Ele geralmente tinha uma forma particular de puxar a balaclava do capacete, determinado e forte, como se estivesse ansioso para a corrida. Naquele dia, você poderia dizer que apenas a partir do modo como ele estava colocando o capacete que ele não queria correr. Ele não estava pensando que ele ia morrer, ele realmente achava que ele iria ganhar a corrida, mas ele só queria acabar logo com isso e ir para casa”.
Senna largou na pole-position e, na sétima volta, bateu fatalmente na curva Tamburello. Não havia nenhum osso quebrado ou hematoma em seu corpo, mas o brasileiro sucumbiu as lesões neurológicas causadas pelo choque da barra de direção no capacete. Segundo Viviane Senna, irmã de Ayrton, “naquela manhã, quando ele (Ayrton Senna) acordou, pediu pra Deus falar com ele. Abriu a Bíblia e leu um texto que falava que Deus ia dar pra ele o maior presente de todos os presentes. Que era Ele mesmo.”
“Existem durante nossa vida, sempre dois caminhos a seguir: aquele que todo mundo segue e aquele que a nossa imaginação nos leva a seguir. O primeiro pode ser o mais seguro, o mais confiável, o menos critico, o que você encontrará mais amigos, mas você será apenas mais um a caminhar. O segundo com certeza vai ser o mais difícil, o mais solitário, o que você terá maiores críticas, mas também o mais criativo, o mais original possível. Não importa o que você seja, quem você seja ou o que deseja na vida, a ousadia em ser diferente reflete na sua personalidade, no seu caráter, naquilo que você é. E é assim que as pessoas lembrarão de você um dia”. – Ayrton Senna.
Referências:
“Ayrton Senna – Beyond of The Speed of The Sound”. Documentário. 2010. (Depoimentos e Imagens)
Ayrton Senna: The Last Hours – Motor Racing