Pep, o cão condenado

Pep, o cão condenado

Pep: o cão condenado

Pep: o cão condenado

O cão Pep é fotografado no dia em que chegou ao presídio, em 1924. O governador da Pensilvânia resolvera dar o cachorro de presente à Eastern State Penitentiary para servir como cão de companhia e reabilitação dos presidiários.

Pep: o cão condenado

Em 1924, uma história incrível foi noticiada em alguns jornais do Estado da Pensilvânia, Estados Unidos. As notícias, carregadas de sensacionalismo, afirmavam que um jovem labrador havia sido condenado à prisão perpétua por matar o gato de Cornelia Bryce Pinchot, mulher do governador Gifford Pinchot. Durante muitos anos, essa história foi amplamente difundida. Felizmente, a verdadeira história por trás da imagem do cão fotografado com o número de identificação prisional era menos fantasiosa. O governador resolvera dar o cachorro de presente à prisão Eastern State Penitentiary para servir como cão de companhia e reabilitação dos presos. A imagem marca o dia em que o labrador chegou na penitenciária, onde por lá viveu por mais de 10 anos.

Imagem: Pep the Dog Mugshot. Arquivo da Eastern State Penitentiary. ID: PH16.
Barry, o cachorro São Bernardo mais famoso da História

Barry, o cachorro São Bernardo mais famoso da História

Cartão postal mostrando um dos resgates mais famosos de Barry

Ilustração de Barry resgatando uma criança e a entregando no mosteiro.

Durante o século XVIII, monges que viviam nos Alpes entre a Itália e a Suíça mantiveram cães para ajudá-los nas missões de resgate em épocas de nevascas. Por mais de 200 anos, cerca de 2 mil pessoas, entre crianças e soldados, se perderam nos Alpes e foram salvos pelos cães heróis do mosteiro e hospício Gran St. Bernard.

Devido ao olfato aguçado, peito largo, resistência ao frio, porte físico robusto e lealdade, esses cães foram designados para ajudar Napoleão e seus soldados a cruzarem a passagem de St. Bernard — nome que foi utilizado para designar futuramente a raça dos cachorros — entre 1790 e 1810.

Corpo taxidermizado do São Bernardo Barry

Quando o cão herói morreu, seus restos mortais foram enviados a um taxidermista que eternizou a imagem de Barry. Atualmente, Barry repousa eternamente no Museu de História Natural de Berna, Suíça.

Com o sucesso nos resgates, os cachorros da raça São Bernardo ficaram famosos, contudo, aquele que mais se destacaria na História seria Barry der Menschenretter no século XIX.

Barry viveu no Hospício de Gran St Bernard entre os anos de 1800 e 1814. Segundo relatos e documentos da época, o cão herói chegou a salvar mais de 40 pessoas de congelamento e das condições traiçoeiras dos Alpes.

O resgate mais famoso de Barry foi o de uma criança perdida. Durante uma de suas patrulhas, Barry encontrou um menino tentando se esconder do frio no fundo de uma caverna. Imediatamente o cão se deitou sobre a criança para aquecê-la, carregando-a depois em suas costas até o mosteiro.

Barry pertencia ao hospício e ajudava no salvamento de pessoas que se perdiam nos Alpes

Hospício e Mosteiro du Grand-Saint-Bernard, Suíça.

Após doze anos prestando socorro nas montanhas, Barry foi levado à Berna, Suíça, por um monge para que pudesse viver o resto de sua vida em paz. Dois anos depois, o cão herói morreu de velhice e seu corpo foi entregue ao Museu de História Natural de Berna, que eternizou Barry através da taxidermia. Atualmente, o São Bernardo está exposto no hall de entrada do Museu de História Natural de Berna, onde permaneceu nos últimos 200 anos.

Referências:
— Blumberg, Jess. “A Brief History of the St. Bernard Rescue Dog“. Smithsonian.org, 2008.
—“Der legendäre Bernhardinerhund”. Berner Museum.
Barry, o cachorro São Bernardo mais famoso da História

A evolução dos cães

Bull Terrier

As visíveis mudanças sofridas pelo Bull Terrier ao longo dos anos.

Normalmente associado a uma suposta superioridade qualitativa dos animais que o detém, o Pedigree muitas vezes mascarou questionáveis intervenções sobre a saúde das raças dos cães que o ostentam.

O estudo do passado de algumas raças permitiu não somente a constatação de significativas diferenças nas mesmas ao longo do tempo, como igualmente a percepção de que muitas de suas mudanças mais atenderam a questões estéticas do que propriamente à preocupação com a saúde dos animais. Comumente registradas de acordo com os padrões estabelecidos pelo United Kennel Club, muitas das raças criadas pelo homem ostentam um histórico de gradativa debilidade física em virtude das práticas a que foram submetidas por seus criadores.

Dentre estas práticas, se encontram o uso da cruza entre animais geneticamente semelhantes para fins utilitários de seleção a partir de aspectos como o porte e a elegância dos cães. Acentuando ou atenuando determinadas características importantes ao organismo dos animais, o uso indiscriminado destas práticas influenciou diretamente no surgimento ou na maior frequência de determinadas debilidades de saúde encontradas em algumas das mais conhecidas raças de cães: a diminuição do “stop” canino (curva do nariz, entre os olhos), por exemplo, teve como decorrência direta o aparecimento de dificuldades de respiração e controle da temperatura corporal entre as raças submetidas a este processo.

As imagens a seguir mostram como em 100 anos algumas raças foram modificadas e quais sofreram com problemas advindos dessas mudanças.

Basset Hound no século XX

O Basset Hound no início do século XX.

Com mais pele sobrando e uma estatura menor, o Basset contemporâneo comumente sofre com problemas nas articulações e nas vértebras. Por meio de processos de seleção adotados por seus criadores ao longo do tempo, suas orelhas tiveram aumento de tamanho, acarretando seu arrastar pelo chão e a frequência de infecções de ouvido e mau odor. O excesso de pele na região de seus olhos, além de dificultar a visão, também propiciou o maior desenvolvimento de doenças na pálpebra e no globo ocular.

Basset Hound atualmente

O Basset Hound hoje.

O Bull Terrier talvez seja um dos que mais sofreu mudanças com o passar do tempo. Seu antigo porte atlético foi sendo gradativamente substituído pelo privilégio a animais com cabeça comprida, quase sem “stop”, além de um abdômen maior e proeminente: nos dias atuais, os cães desta raça sofrem de doenças como dentes supranumerários, hiperatividade e problemas de pele.

Bull Terrier no século XIX

O Bull Terrier no passado é uma das raças que mais se nota a diferença física para seu exemplar hoje.

Bull Terrier atualmente

O Bull Terrier atual.

Outro que sofreu mudanças consideráveis em virtude das técnicas de aprimoramento de raça, o Bull Dog contemporâneo exemplifica de maneira única os problemas oriundos destas práticas: seu focinho extremamente curto implica em problemas respiratórios e de manutenção de sua temperatura corporal; suas proporções atuais, atarracado e muito baixo, dificultam seu acasalamento; por fim, a realização de pesquisas recentes indicou uma severa queda em sua expectativa de vida nos dias atuais, centrada em cerca de seis anos.

Bull Dog século XIX

O Bull Dog de antigamente não sofria de vários problemas de saúde que a raça sofre atualmente.

Bull Dog atualmente

Hoje o Bull Dog tem uma qualidade e expectativa de vida muito reduzida devido as mudanças que a raça sofreu em prol de uma estética artificial.

O Boxer, apesar de não ter sofrido tantas mudanças conjuntamente, também sofre com problemas no controle da temperatura corporal devido o focinho mais curto; também tem sido maior o aparecimento de casos de câncer entre os cães desta raça.

Boxer do século XIX

Boxer do século XIX

Boxer atualmente

Boxer atualmente.

O Pastor Alemão dos dias atuais tende a possuir uma inclinação maior na parte traseira de seu corpo, bem como um aumento significativo de seu peso com o passar do tempo: tais modificações acarretaram no aparecimento de problemas relacionados às juntas e ossos dos animais da raça.

Pastor Alemão antigamente

Pastor Alemão do século XIX

Pastor Alemão na atualidade

Pastor Alemão atualmente

As pernas mais curtas e a desproporcionalidade do pescoço dos Dachshund são decorrência direta da intervenção humana: seus troncos são atualmente mais longos, seus peitorais mais proeminentes e suas patas mais curtas. Tais mudanças ocasionaram o aumento de doenças nos ossos e vértebras, tornando-se comum a paralisia corporal como consequência; também se tornaram mais propensos a doenças como Acondroplasia (má formação nas cartilagens).

Dachshund antigamente

O Dachshund de antigamente não possuía um peito tão proeminente e nem o arrastava no chão.

Dachshund atualmente

Devido às intensas modificações pelas quais passou, o Dachshund atual possui uma série de particularidades, muitas das quais não são saudáveis.

O Dobermann também foi outra raça modificada nesses 100 anos: com uma proporção bem menos suave, agora o novo padrão mostra um cão cujo peito é maior e a traseira é ligeiramente menor, acarretando problemas de saúde similares aos dos Pastores Alemães.

Dobermann antigamente

Dobermann do século XIX

Dobermann atualmente

O Dobermann atual sofre de uma série de doenças similares às do Pastor Alemão.

Por fim, o São Bernardo atual apresenta uma maior estatura e peso, além de excesso de pelo, o que tem ocasionado a incidência de debilidades como a paralisia, câncer, hemofilia e problemas oculares.

São Bernardo do século XIX

O São Bernardo de antigamente possuía o rosto menos enrugado do que o exemplar da raça atualmente.

São Bernardo atualmente

O São Bernardo atual sofre de doenças oculares.

O uso indiscriminado de tais práticas por parte de alguns criadores de raça atualmente se tornou uma das grandes preocupações daqueles interessados no bem-estar dos animais. Segundo Caroline Kisko, secretária do Kennel Club,

A criação de cães é uma indústria relativamente não regulamentada e para cada criador responsável por produzir animais saudáveis, há aquele que promove a criação de cães por dinheiro e para alcançar um determinado padrão e gosto pessoal, não tendo necessidade de respeitar as regras sanitárias nas Normas da raça ou a qualquer outro critério.”

Ela ainda complementa,

Os compradores do filhote devem sempre ver o filhote com sua mãe e evitar quaisquer que venham de pais com características excessivamente exageradas, que podem incluir enrugamento excessivo, focinhos excessivamente curtos ou excesso de peso.”

As fotos antigas foram retiradas do livro “Dogs of All Nations”, de W. E. Mason
As demais fotos, a equipe do Museu de Imagens buscou as informações para creditar as imagens. Entretanto nada foi encontrado. Caso saibam mais informação a respeito da autoria, entrem em contato.
Referências:
– ROONEY, Nicola & SARGAN, David. “Pedigree dog breeding in the UK: a major welfare concern?”. Scientific Report Comissioned by RSPCA.
– “The Price of a Pedigree: Dog breed standards and breed-related illness”. Relatório da Advocates for Animals, 2006.
– THORNHILL, Ted. “How a century of breeding ‘improvement’ has turned once-healthy dogs into deformed animals”. Daily Mail, 2013.
Barry, o cachorro São Bernardo mais famoso da História

Judy, o primeiro cão prisioneiro de guerra

Judy e Frank

Foto de Judy e Frank Williams em um campo de prisioneiros. Foto: Topical Press Agency/Hulton Archive/Getty Images

Judy nasceu em Xangai e em 1942 foi adotada pela tripulação da Marinha Real Britânica, especificamente por Frank Williams, seu verdadeiro dono. Em meio a Segunda Guerra Mundial, o navio HMS Grasshopper, onde a cachorra vivia, foi atingido pelos japoneses, ficando sua tripulação perdida em uma região desértica.

Dias depois, entretanto, a cadela encontrou água, salvando os tripulantes. Porém, todos acabaram sendo capturados posteriormente, rumando para um campo de prisioneiros. Judy ficou escondida em um saco de arroz e, quando descobriram sua presença, sua sentença foi dada, a morte.

Judy no HMS Grasshopper

Judy a bordo do HMS Grasshopper. Foto: Imperial War Museums. ID: HU 43990.

Os soldados capturados, então, imploraram aos oficiais japoneses para que a considerassem um prisioneiro de guerra, pedido esse que foi aceito, transformando Judy no primeiro animal a receber tal denominação, prisioneira 81A.

Finalmente em junho de 1944, todos seriam transferidos para outro campo, em Cingapura, mas em meio ao processo de transferência, o barco em que estavam fora atacado, separando Judy de Frank Williams, seu dono. Muito tempo se passou e a tripulação ouvira histórias de que a cadela salvara muitas pessoas, mas ninguém sabia sobre seu paradeiro até que, um dia, um animal magro e ferido lançou-se aos braços de Frank, era sua fiel companheira.

Judy recebendo a Dickin Medal

Judy recebendo a Dickin Medal. Foto: Topical Press Agency/Hulton Archive/Getty Images

Um ano depois, a guerra terminou e Judy recebeu diversas condecorações, inclusive a “Dickin Medal”, que homenageou muitos animais que participaram das batalhas. A cachorra viveu com Frank até 1950, quando precisou ser sacrificada por volta dos 13 anos em função de um tumor.

Referências:
–  “Prisoner of war dog Judy – PDSA Dickin Medal and collar to be presented to the Imperial War Museum”.PDSA, 2006.
–  “Medal awarded to dog prisoner of war goes on public display”Yorkshire Post,  2006.
–  “PDSA Dickin Medal stories: Judy”Schools PDSA, 2010.
Daily Mail
Barry, o cachorro São Bernardo mais famoso da História

Os cães anti-tanque da Segunda Guerra Mundial

Cão anti-tanque na Segunda Guerra

Um cão anti-tanque carregado de explosivos indo em direção ao inimigo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, buscando uma arma que não fosse preciso colocar em risco vidas humanas, o exército soviético solucionou o problema através dos cães anti-tanques ou bombas.

Esses cães eram ensinados a levar explosivos para baixo de tanques , veículos blindados e outros alvos militares. Eles foram intensamente treinados entre 1930 e 1996 e usados em 1941-1942 contra os tanques alemães na Segunda Guerra Mundial. Bombas eram projetadas para ficarem acopladas ao corpo dos animais que iam em direção ao inimigo.

A ideia dos cães anti-tanques surgiu a partir dos estudos do cientista russo Ivan Pavlov (1849-1936), que fundou a psicologia behavorista (“comportamental”). Suas experiências buscavam alterar o comportamento animal através de estímulos. Assim, os cães bomba também ficaram conhecidos como “cães de Pavlov”, pelo fato dos estudos desse cientista terem sido usados para a criação da estratégia militar. (Nenhuma fonte afirmou ter sido o cientista a criar propriamente os cães bomba. Entretanto, seus estudos foram utilizados para esse fim).

A forma utilizada para que os cachorros fossem em direção ao tanque inimigo era alimentá-los através de um tanque, para associá-lo à hora de comer. Dias antes da batalha, ou ataque, os animais eram privados de comida e, quando soltos em campo, rumariam diretamente para o tanque inimigo. Embora, inicialmente,  a estratégia de ataque corresponder a apenas o cão levar os explosivos para baixo dos alvos militares e se retirar para que o temporizador detonasse o artefato, a ideia falhou devido os caninos ficarem confusos na realização da tarefa, sendo substituída pelo sacrifício do animal.

Cães sendo preparados para as batalhas

Escola de treinamento de cães.

Durante a Segunda Guerra,  as escolas de treinamento de cães anti-tanques ganharam força e focaram na estratégia suicida. Cerca de 40.000 animais foram mobilizados para várias tarefas no Exército soviético. O primeiro grupo de 30 cães anti-tanques foi para a primeira batalha no final de 1941. Porém a estratégia não deu certo.

Uma vez em campo, se assustavam com os barulhos dos tiros, correndo de volta para as trincheiras e matando vários soldados soviéticos. Os cães, além de terem sido treinados com tanques parados e que não disparavam, foram acostumados com o diesel utilizado pelos veículos militares soviéticos. Dessa forma, na hora da batalha, ao invés de correrem em direção aos veículos alemães, rumavam para os soviéticos, mostrando que a técnica era carregada de falhas. Depois de 1942, essa tática militar foi caindo em desuso, com as escolas de treinamentos sendo voltadas para outras tarefas. Ainda assim, a criação de cães para ataques suicidas continuou até 1996.

Cães anti-tanques das tropas soviéticas

Foto rara de dois cães anti-tanques soviéticos.

Todas as falhas deixam dúvidas quanto à eficiência dos cães anti-tanques durante o conflito. Apesar do exército soviético ter afirmado que mais de 300 veículos blindados e tanques alemães foram destruídos, alguns historiadores russos questionam a alegação, acreditando que se tratasse apenas de propaganda de guerra.

A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar as imagens, contudo, nada foi encontrado. Caso saiba alguma informação a respeito da autoria, entre em contato.
Referência:
– KISTLER, John. “Animals in the Military: From Hannibal’s Elephants to the dolphins of the US Navy”. ABC-CLIO, LLC, 2011.