Shi Cheng: a Atlântida chinesa

Shi Cheng: a Atlântida chinesa

Um dos grandes muros que rodeiam a cidade milenar

Após anos mergulhada sob as águas do lago Qiandaohu, Shi Cheng, a Atlântida chinesa, foi redescoberta em 2002.

Qiandaohu é um lago artificial de águas cristalinas. Localizado na província chinesa de Zhejiang, Qiandaohu só surgiu após a construção da primeira hidrelétrica chinesa no rio Xin em 1959. Atualmente o território ao redor do lago possui uma natureza exuberante, composta por diversas ilhotas e um parque florestal que é lar de 90 espécies de aves e 60 espécies de outros animais selvagens.

Beleza exuberante das milhares de ilhas formadas após a construção da represa em 1959

Invisível e esquecida abaixo do lago Qiandao, a cidade milenar já fora centro político e econômico do leste chinês.

Antes de 1959, porém, a região que hoje ocupa o lago era composta por pequenas vilas de pescadores; todas elas tendo desaparecido conforme o rio tomava a região com a construção da hidrelétrica. Entretanto, o que mais impressiona na região é a cidade de Shi Cheng, conhecida como a Atlântida chinesa.

Detalhe de entalhe no muro de Shi Cheng

As antigas gravuras na murada ao redor da cidade ainda permanecem intactas.

No sopé da montanha Wu Shi encontrava-se uma cidade antiga conhecida como Shi Cheng (“Cidade do Leão”), construída durante a Dinastia Han (25 dC — 200). Como o reservatório — em 1959 — havia sido projetado para inundar qualquer área abaixo de uma altitude de 108 metros acima do nível do mar, Shi Cheng desapareceu sob as águas do rio Xin.

 Estátuas e detalhes chineses tradicionais e milenares

As estruturas em Shi Cheng foram construídas há 1.300 anos. Longe do vento e do sol muitos detalhes mantiveram-se intactos.

Apenas em 2002 foram encontrados os primeiros resquícios da cidade milenar submersos a 40 metros de profundidade. Usando um sonar para realizar o levantamento das vilas que haviam sido engolidas pelo lago Qiandaohu, empresas de pesquisa arqueológica encontraram a cidade do Leão quase intacta.

Arcos monumentais, estradas de pedras, templos e os tradicionais muros chineses que corriam ao redor da cidade permanecem em perfeitas condições

Shi Cheng, cidade milenar e apelidada de Cidade do Leão devido às Montanhas dos Leões que a cercam, ficou escondida sob as águas do lago desde 1959.

Arcos monumentais, estradas de pedras, templos e os tradicionais muros chineses que corriam ao redor da cidade ainda estavam em perfeitas condições, assim como alguns prédios construídos durante a Dinastia Ming e Quing.
Apesar de ter sido redescoberta no início dos anos 2000, a cidade do Leão ainda está sendo estudada e não existem passeios turísticos e de mergulho oficiais para ver de perto Shi Cheng.

Apenas em 2002 foram encontrados os primeiros resquícios da cidade milenar submersos a 40 metros de profundidade

Detalhe da escultura entalhada no muro ao redor da cidade do Leão.

Referências:
—  “An underwater old city – Lion City, Qiandao Lake”. Big Blue Scuba Diving International.
—“China’s Atlantis”. Daily Mail, 2014.
Shi Cheng: a Atlântida chinesa

Os pés de Lótus

Mulher com pés de Lótus

Foto: Underwood & Underwood, London & New York, 1911.

Durante muitas dinastias na China, a prática conhecida como pés de Lótus pregou que os pés das meninas deveriam ser quebrados e enfaixados para evitar o crescimento.

O tamanho reduzido dos pés era uma forma de exibir status, já que as mulheres de famílias ricas tinham pés de Lótus e, portanto não podiam trabalhar.

A prática dos pés de Lótus também foi tomada como o símbolo máximo da beleza e erotismo na cultura chinesa. O comprimento ideal para os pés era chamado de “Golden Lotus” e media cerca de 7 cm. Para chegar a esse tamanho, os membros começavam a ser enfaixados quando as meninas ainda estavam em processo de crescimento, com a idade de 4 a 7 anos.

Menina com os pés de Lótus

Foto: Pun Lun (China, 1870s – 1900s), provavelmente tirada em Hong Kong. Albúmen, carte-de-visite. Coleção © 2010 Dr Jocelyn Chatterton. ID: 26289

Um membro mais velho da família, do sexo feminino, realizava todo o procedimento de imergir os pés da criança em água morna ou sangue de animais com ervas, corte das unhas, massagens e, posteriormente, a quebra dos dedos e o embrulho dos pés em um pano. Era necessário que não fosse a mãe a realizar o processo, pois esta poderia se compadecer das dores e sofrimento da filha.

Após a primeira sessão, diariamente deveriam ser repetidos os mesmos cuidados a fim de alcançar o tamanho desejado. No meio do processo, que poderia durar anos, era comum o surgimento de infecções, mesmo se aparando regularmente as unhas dos pés. Exatamente por isso, muitas meninas tiveram suas unhas completamente arrancadas.

Raio X dos pés de Lótus

Raio X de um pé de Lótus tirado entre os anos 1890 – 1923. Foto: Library of Congress. ID: cph.3c04036

Ainda assim, as infecções podiam voltar, pois a circulação era cortada com a quebra dos dedos e dobramento desses para dentro do pé. Com a falta de circulação, havia a suscetibilidade da necrose do tecido e queda dos dedos, o que era considerado algo bom pelos praticantes do pés de Lótus, já que facilitava o manejo e enfaixamento. Porém a hipótese de infecção e choque séptico se tornavam ainda mais frequentes.

Por várias vezes os pés de Lótus foram proibidos na China. Em 1664, sob o governo do Imperador Manchu Kangxi, a prática foi abolida, mas por pouco tempo. No século XIX, reformadores chineses tentaram novamente a proibição, mas também sem sucesso, até que no século XX, com o surgimento de movimentos feministas pioneiros, houve novas tentativas de abolir os pé de Lótus. Entretanto, a prática só foi completamente proibida com o decreto do governo comunista ao tomar o poder no final dos anos 40. A proibição permanece até hoje.

O resultado da cultura dos pés de Lótus era devastador para as mulheres, pois acarretava uma série de dores, problemas nas costas e nos músculos. Muitas ficavam incapazes de andar e quando mais velhas, eram mais suscetíveis a quedas.

Comparação entre um pé normal e um pé de Lótus

Comparação entre um pé normal e um pé de Lótus, ca. 1902. Foto: Library of Congress. ID: cph.3a49263

Referências:
– Library of Congress. Raio x de um pé de Lótus tirado entre os anos 1890 – 1923.
-Library of Congress. Comparação entre um pé normal e um pé de Lótus, 1902.
– MA, Yuxin. “Women Journalists and Feminism in China, 1898 – 1937”. Cambria Press,  2010. p. 70.
Chinese Foot Binding. BBC Org.
Painful Memories for Chinas’Footbinding Survivors. NPR Org. 2007.

O exército de terracota do imperador chinês

Foto dos soldados ou exército de terracota, Xi’an, província de Shaanxi, China. O exército de terracota foi criado durante a Era de Qin Shi Huangdi, o primeiro imperador a unir a China sob a mesma dinastia e realizador de grandes mudanças econômicas e sociais.

O Exército de Terracota

Sua dinastia governou de 211 a 206 a.C. e implantou o conceito de império na China. Qin Shi Huangdi morreu há 2 mil anos e, antes de sua morte, mandou confeccionar em terracota figuras que representassem seus soldados a fim de que, depois da morte, eles fossem enterrados junto com seu corpo para zelar por ele na eternidade. O exército foi descoberto em 1974, por acaso, quando camponeses cavavam para construir um poço de água na província de Shaanxi. As figuras, todas esculpidas à mão e em tamanho natural, possuíam uma rígida estrutura militar, demonstrando obediência e o poderio militar de Qin Shi Huangdi.

A região da construção compreende uma área de 20.000 metros quadrados, com mais de 7 mil itens, incluindo guerreiros, cavalos e carros de combate em madeira. Recentemente também foram descobertas estátuas de civis e restos humanos que podem se tratar dos artesãos, enterrados juntos com o exército de terracota e com o Imperador, para que o segredo dos tesouros imperiais se mantivesse protegido.

Referências:
Revista National Geographic do Brasil. Edição de Outubro de 2001.

A múmia de 700 anos da dinastia Ming

Em 2011, o Museu de Taizhou apresentou ao mundo a descoberta de uma múmia em excelente estado de conservação. Com quase 700 anos, a múmia provavelmente, é originária da época da Dinastia Ming, que governou a China entre os anos de 1368 a 1644.

Descoberta na cidade de Taizhou enquanto trabalhadores realizavam a ampliação de uma estrada, a múmia conserva boa parte de seus traços faciais, como é possível observar na foto. Ela foi encontrada muito bem lacrada dentro de um sarcófago de pedra e encontrava-se imersa em um líquido marrom. Suas roupas, feitas de seda e algodão, encontravam-se muito bem preservadas e a mulher, de 1,50 metros, ainda usava um anel e outros utensílios, demonstrando seu status social à época.

Por muito tempo, os arqueólogos e especialistas chineses não souberam como preservar suas múmias, tanto que aquelas encontradas entre os anos de 70 e 80 acabaram se perdendo. Após as diversas descobertas arqueológicas, os museus chineses iniciaram uma ampliação dos estudos e técnicas de preservação; graças a isso, hoje as múmias recentemente descobertas tem a possibilidade de serem melhores preservadas. A múmia de Taizhou agora será estudada para que especialistas e historiadores ampliem o conhecimento a respeito da época da Dinastia Ming e depois poderá ser conservada e preservada para a história.

*Durante o governo da Dinastia Ming, foi formado um exército com mais de um milhão de soldados e a Marinha chinesa foi solidificada. Foi durante essa época que grandes projetos como a Cidade Proibida e a Muralha da China foram pensados.

Referência:
The Telegraph