por | 17/05/2014 | Arqueologia, Curiosidades, Idade Antiga

Após anos mergulhada sob as águas do lago Qiandaohu, Shi Cheng, a Atlântida chinesa, foi redescoberta em 2002.
Qiandaohu é um lago artificial de águas cristalinas. Localizado na província chinesa de Zhejiang, Qiandaohu só surgiu após a construção da primeira hidrelétrica chinesa no rio Xin em 1959. Atualmente o território ao redor do lago possui uma natureza exuberante, composta por diversas ilhotas e um parque florestal que é lar de 90 espécies de aves e 60 espécies de outros animais selvagens.

Invisível e esquecida abaixo do lago Qiandao, a cidade milenar já fora centro político e econômico do leste chinês.
Antes de 1959, porém, a região que hoje ocupa o lago era composta por pequenas vilas de pescadores; todas elas tendo desaparecido conforme o rio tomava a região com a construção da hidrelétrica. Entretanto, o que mais impressiona na região é a cidade de Shi Cheng, conhecida como a Atlântida chinesa.

As antigas gravuras na murada ao redor da cidade ainda permanecem intactas.
No sopé da montanha Wu Shi encontrava-se uma cidade antiga conhecida como Shi Cheng (“Cidade do Leão”), construída durante a Dinastia Han (25 dC — 200). Como o reservatório — em 1959 — havia sido projetado para inundar qualquer área abaixo de uma altitude de 108 metros acima do nível do mar, Shi Cheng desapareceu sob as águas do rio Xin.

As estruturas em Shi Cheng foram construídas há 1.300 anos. Longe do vento e do sol muitos detalhes mantiveram-se intactos.
Apenas em 2002 foram encontrados os primeiros resquícios da cidade milenar submersos a 40 metros de profundidade. Usando um sonar para realizar o levantamento das vilas que haviam sido engolidas pelo lago Qiandaohu, empresas de pesquisa arqueológica encontraram a cidade do Leão quase intacta.

Shi Cheng, cidade milenar e apelidada de Cidade do Leão devido às Montanhas dos Leões que a cercam, ficou escondida sob as águas do lago desde 1959.
Arcos monumentais, estradas de pedras, templos e os tradicionais muros chineses que corriam ao redor da cidade ainda estavam em perfeitas condições, assim como alguns prédios construídos durante a Dinastia Ming e Quing.
Apesar de ter sido redescoberta no início dos anos 2000, a cidade do Leão ainda está sendo estudada e não existem passeios turísticos e de mergulho oficiais para ver de perto Shi Cheng.

Detalhe da escultura entalhada no muro ao redor da cidade do Leão.
Referências:
por | 14/11/2013 | Curiosidades, Século XIX, Século XX

Foto: Underwood & Underwood, London & New York, 1911.
Durante muitas dinastias na China, a prática conhecida como pés de Lótus pregou que os pés das meninas deveriam ser quebrados e enfaixados para evitar o crescimento.
O tamanho reduzido dos pés era uma forma de exibir status, já que as mulheres de famílias ricas tinham pés de Lótus e, portanto não podiam trabalhar.
A prática dos pés de Lótus também foi tomada como o símbolo máximo da beleza e erotismo na cultura chinesa. O comprimento ideal para os pés era chamado de “Golden Lotus” e media cerca de 7 cm. Para chegar a esse tamanho, os membros começavam a ser enfaixados quando as meninas ainda estavam em processo de crescimento, com a idade de 4 a 7 anos.

Foto: Pun Lun (China, 1870s – 1900s), provavelmente tirada em Hong Kong. Albúmen, carte-de-visite. Coleção © 2010 Dr Jocelyn Chatterton. ID: 26289
Um membro mais velho da família, do sexo feminino, realizava todo o procedimento de imergir os pés da criança em água morna ou sangue de animais com ervas, corte das unhas, massagens e, posteriormente, a quebra dos dedos e o embrulho dos pés em um pano. Era necessário que não fosse a mãe a realizar o processo, pois esta poderia se compadecer das dores e sofrimento da filha.
Após a primeira sessão, diariamente deveriam ser repetidos os mesmos cuidados a fim de alcançar o tamanho desejado. No meio do processo, que poderia durar anos, era comum o surgimento de infecções, mesmo se aparando regularmente as unhas dos pés. Exatamente por isso, muitas meninas tiveram suas unhas completamente arrancadas.

Raio X de um pé de Lótus tirado entre os anos 1890 – 1923. Foto: Library of Congress. ID: cph.3c04036
Ainda assim, as infecções podiam voltar, pois a circulação era cortada com a quebra dos dedos e dobramento desses para dentro do pé. Com a falta de circulação, havia a suscetibilidade da necrose do tecido e queda dos dedos, o que era considerado algo bom pelos praticantes do pés de Lótus, já que facilitava o manejo e enfaixamento. Porém a hipótese de infecção e choque séptico se tornavam ainda mais frequentes.
Por várias vezes os pés de Lótus foram proibidos na China. Em 1664, sob o governo do Imperador Manchu Kangxi, a prática foi abolida, mas por pouco tempo. No século XIX, reformadores chineses tentaram novamente a proibição, mas também sem sucesso, até que no século XX, com o surgimento de movimentos feministas pioneiros, houve novas tentativas de abolir os pé de Lótus. Entretanto, a prática só foi completamente proibida com o decreto do governo comunista ao tomar o poder no final dos anos 40. A proibição permanece até hoje.
O resultado da cultura dos pés de Lótus era devastador para as mulheres, pois acarretava uma série de dores, problemas nas costas e nos músculos. Muitas ficavam incapazes de andar e quando mais velhas, eram mais suscetíveis a quedas.

Comparação entre um pé normal e um pé de Lótus, ca. 1902. Foto: Library of Congress. ID: cph.3a49263
Referências:
– MA, Yuxin. “Women Journalists and Feminism in China, 1898 – 1937”. Cambria Press, 2010. p. 70.
por | 04/09/2013 | Arqueologia, Curiosidades, Idade Antiga
Foto dos soldados ou exército de terracota, Xi’an, província de Shaanxi, China. O exército de terracota foi criado durante a Era de Qin Shi Huangdi, o primeiro imperador a unir a China sob a mesma dinastia e realizador de grandes mudanças econômicas e sociais.
O Exército de Terracota
Sua dinastia governou de 211 a 206 a.C. e implantou o conceito de império na China. Qin Shi Huangdi morreu há 2 mil anos e, antes de sua morte, mandou confeccionar em terracota figuras que representassem seus soldados a fim de que, depois da morte, eles fossem enterrados junto com seu corpo para zelar por ele na eternidade. O exército foi descoberto em 1974, por acaso, quando camponeses cavavam para construir um poço de água na província de Shaanxi. As figuras, todas esculpidas à mão e em tamanho natural, possuíam uma rígida estrutura militar, demonstrando obediência e o poderio militar de Qin Shi Huangdi.
A região da construção compreende uma área de 20.000 metros quadrados, com mais de 7 mil itens, incluindo guerreiros, cavalos e carros de combate em madeira. Recentemente também foram descobertas estátuas de civis e restos humanos que podem se tratar dos artesãos, enterrados juntos com o exército de terracota e com o Imperador, para que o segredo dos tesouros imperiais se mantivesse protegido.
Referências:
Revista National Geographic do Brasil. Edição de Outubro de 2001.
por | 31/07/2013 | Arqueologia, Curiosidades, Idade Média
Em 2011, o Museu de Taizhou apresentou ao mundo a descoberta de uma múmia em excelente estado de conservação. Com quase 700 anos, a múmia provavelmente, é originária da época da Dinastia Ming, que governou a China entre os anos de 1368 a 1644.
Descoberta na cidade de Taizhou enquanto trabalhadores realizavam a ampliação de uma estrada, a múmia conserva boa parte de seus traços faciais, como é possível observar na foto. Ela foi encontrada muito bem lacrada dentro de um sarcófago de pedra e encontrava-se imersa em um líquido marrom. Suas roupas, feitas de seda e algodão, encontravam-se muito bem preservadas e a mulher, de 1,50 metros, ainda usava um anel e outros utensílios, demonstrando seu status social à época.
Por muito tempo, os arqueólogos e especialistas chineses não souberam como preservar suas múmias, tanto que aquelas encontradas entre os anos de 70 e 80 acabaram se perdendo. Após as diversas descobertas arqueológicas, os museus chineses iniciaram uma ampliação dos estudos e técnicas de preservação; graças a isso, hoje as múmias recentemente descobertas tem a possibilidade de serem melhores preservadas. A múmia de Taizhou agora será estudada para que especialistas e historiadores ampliem o conhecimento a respeito da época da Dinastia Ming e depois poderá ser conservada e preservada para a história.
*Durante o governo da Dinastia Ming, foi formado um exército com mais de um milhão de soldados e a Marinha chinesa foi solidificada. Foi durante essa época que grandes projetos como a Cidade Proibida e a Muralha da China foram pensados.