Os trabalhadores concretados durante a construção de Brasília
Poucas pessoas sabem, mas nas paredes que sustentam a capital nacional existem corpos de trabalhadores concretados. Na imagem acima, é possível ver o Palácio da Alvorada em Brasília em sua fase final de construção.
A construção de Brasília
No livro “1.001 Coisas Que Aconteceram em Brasília e Você Não Sabia“, Hélio Queiroz conta que durante a construção do grande projeto, em decorrência da urgência para a sua inauguração, a segurança dos “candangos”, operários que ergueram Brasília, foi relegada a segundo plano. Dessa forma, não era incomum que os trabalhadores sofressem acidentes e caíssem dentro das paredes de concreto entre as vigas que estavam sendo levantadas. Com pouco tempo a se perder, a solução controversa era jogar cimento em cima e continuar com o projeto.
Nas palavras de Queiroz:
“Reza a lenda que o auditório Dois Candangos da UnB tem esse nome porque dois candangos morreram na concretagem da obra. Acidentes de obra devem ter acontecido muitos na época, porque as leis eram muito frouxas, e no meio do mato, sem fiscalização, distante da delegacia que ficava em Goiânia, praticamente ao Deus dará.”
Assim, quem anda por Brasília não imagina que nas paredes dos prédios dos Ministérios e da Esplanada existem corpos que ali jazem quase esquecidos.
“Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
[…] E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido”– Construção, Chico Buarque.