A raia gigante

A raia gigante

Capturada em 1933 perto de Nova Jersey, a raia da espécie Manta foi uma das maiores já registradas.

Foto: “Giant Devilfish Caught by Fisherman”. © Bettmann/CORBIS. 9 de novembro de 1933. ID: U242266ACME.

A foto acima, tirada entre agosto e novembro de 1933, mostra uma raia gigante do gênero Manta, pertencente a uma das maiores espécies de raias existentes.

Também chamada de peixe diabo, o animal é encontrado em águas temperadas, subtropicais e tropicais. Apesar do tamanho considerável, as raias Manta não são perigosas ou agressivas, ao contrário, são animais que se alimentam apenas de zoo plânctons que ficam em suspensão na água; exatamente por isso, elas são conhecidas como “filtradoras”.

A Manta gigante, aqui representada, foi capturada pelo capitão A. Kahn e um grupo de amigos que pescavam anchovas próximo à região de Nova Jersey. Foi constatado que o peixe pesava mais de 5.000 quilos, com mais de 20 metros de largura, sendo considerado o maior exemplar já registrado.

Capitão com sua captura.

A maior raia já registrada e capturada, 1933. Foto de autor desconhecido.

A raia fora capturada quando se enroscou na rede de pesca do barco. Após não conseguir se soltar, o animal foi rebocado até a Marina de Hansen em Brielle, Nova Jersey, onde a imagem foi feita. Posteriormente, ela foi levada para uma exposição em Nova Iorque. Na foto, o Capitão Kahn é mostrado — ao centro — segurando um feto de 18 centímetros de diâmetro nascido após o mãe raia morrer. Assim como em 1933, milhares de outras situações como essa se repetiram ao longo da história e por isso, atualmente as raias Manta são animais ameaçados de extinção.

Recorte de notícia sobre a morte e captura da raia gigante, 1933.

Recorte de notícia sobre a morte e captura da raia gigante, 1933.

Referência:
– “Giant Devilfish Caught by Fisherman“. CORBIS. 9 de novembro de 1933. ID: U242266ACME.
– MARTIN, R. A. “Manta Ray (Manta birostris) FAQ“. Centre for Shark Research.
– “Great Manta, Brielle, NJ – 1933“. Mike’s Maritime Memorabilia.
– “Manta“. Florida Museum of Natural History.
– “Mantas at a Glance“. Manta Trust Foundation.
A raia gigante

A extinção dos tilacinos, os tigres da Tasmânia

Três anos depois dessa foto ser tirada, esse último indivíduo morreria, decretando a extinção dos Tilacinos.

O último tilacino conhecido fotografado em Beaumaris Zoo, em 1933. Fotógrafo desconhecido

Os últimos de sua espécie já haviam sido extintos na Austrália devido a doenças e erosões em seu habitat, quando foram acusados de atacar bandos de ovelhas em fazendas da Tasmânia. A partir de então, se tornaram alvos de caças predatórias incentivadas pelo governo tasmaniano. Finalmente, no início da década de 1930, o último tilacino selvagem é morto a tiros; anos depois, o último exemplar morreria em cativeiro, decretando, por fim, a extinção definitiva do tigre da Tasmânia no mundo.

O Tilacino era o maior marsupial de hábitos noturnos da Austrália, Tasmânia e Nova Guiné. Parecendo uma mistura entre uma hiena e um pequeno tigre, o animal era conhecido como “tigre da Tasmânia”. Alguns fatores influenciaram em sua extinção na Austrália, entre os quais estavam as doenças, introdução de cães em seus habitats naturais, invasão humana etc.

Após ter desaparecido definitivamente na Austrália, o Tigre da Tasmânia manteve uma pequena população concentrada na Tasmânia. Também conhecido por sua ferocidade e caça aos animais de fazendas na região, o animal foi oficialmente exterminado no início do século XX, após o governo tasmaniano incentivar a caça ao animal por meio de regimes de recompensas na tentativa de controlar a população desses marsupiais.

Entre 1820 e 1909, a caça ao Tigre da Tasmânia teve seu auge

Icônica foto de um Tilacino morto no período de caça incentivada pelo governo da Tasmânia, 1869. Foto de Victor Prout.

Entre os anos de 1830 e 1909, a Land Company de Van Diemen criou prêmios por cabeça de tilacinos mortos, como 10 shillings por filhotes abatidos. Juntamente a esses esforços do governo em controlar a população, com a caça predatória e de vingança dos fazendeiros, o habitat natural dos tigres marsupiais foi sofrendo erosão gradativa, com a extinção simultânea de espécies que historicamente faziam parte de seus hábitos alimentares. Dessa forma, ao final de 1920, o tilacino tornou-se extremamente raro na natureza. Entretanto, apenas em 1928 foi ordenada a construção de uma reserva natural de proteção ao animal por um Comitê Consultivo de Fauna Nativa na Tasmânia.

Tigre da Tasmânia fotografado roubando galinhas em uma gaiola. Foto: Henry Burrell, 1921.

Ainda que o governo tasmaniano começasse a promover esforços em preservar o tilacino, dois anos depois o último espécime selvagem foi morto pelas balas de Wilf Batty, um agricultor de Mawbanna. Os últimos tilacinos vivos ficaram restritos àqueles em cativeiros. Finalmente em 7 de setembro de 1936, o último espécime vivo morreu em um zoológico. Atualmente o tilacino é candidato à clonagem e estudo em projetos de ciência molecular. Além disso, anualmente diversos relatos de avistamentos de supostos exemplares selvagens são registrados, porém nenhum fora confirmado.

Quando o governo da Tasmânia suspendeu o incentivo às caças já era tarde, faltava pouco tempo para o animal ser extinto definitivamente.

Wilfred Batty, agricultor de Mawbanna, posa com o último tigre da Tasmânia selvagem. Ele atirou no animal em maio de 1930, depois que foi descoberto roubando galinhas em sua propriedade. Foto de autor desconhecido.

Referências:
– VANGELOVA, Luba. “True or False? Extinction Is Forever”. Smithsonian Magazine.
“Is there a fossil Thylacine?”. Australian Museum. 1999.
“Threatened Species: Thylacine – Tasmanian tiger, Thylacinus cynocephalus”. Parks and Wildlife Service, Tasmania. 2003.
A raia gigante

Mary, a elefanta que morreu na forca

Mary enforcada

Durante muito tempo a revista Argosy alegou que a foto era falsa. Posteriormente, especialistas em fotografias afirmaram que se tratava de uma foto autêntica do evento e possivelmente a revista queria se desligar do acontecimento bizarro ocorrido naquele 13 de setembro de 1916. Foto: The Argosy Magazine

Mary era uma elefanta asiática que trabalhava no circo dos Irmãos Sparks e depois de anos sendo anunciada como “o maior animal sobre a Terra”, no dia 13 de setembro de 1916, diante de 2500 pessoas,  foi enforcada durante um verdadeiro espetáculo de horror.Sua morte, por muito tempo, foi o símbolo da crueldade sofrida pelos animais de circo no século XX.

No dia 11 de setembro de 1916, Walter “Red” Eldridge foi contratado como assistente de treinador no circo Sparks. Na noite seguinte, durante uma apresentação, Mary distraiu-se com uma melancia abandonada no chão. Eldridge, buscando corrigir a conduta do animal, golpeou Mary perto da boca com um gancho, segundo o relato da testemunha W. H. Coleman.

O animal, sentindo-se ameaçado, foi para cima de Walter, agarrou-o com a tromba e arremessou o homem a uma altura de 10 metros; em seguida esmagou sua cabeça com uma pisada. Os espectadores ficaram horrorizados e imediatamente começaram a pedir, aos gritos, que “aquela besta” fosse morta. Alguns seguranças locais correram em direção a Mary, já amedrontada, e descarregaram suas armas, porém, como a pele do elefante era muito dura, não conseguiram mata-la.

Na mesma noite, após Charlie Sparks, um dos donos, conseguir tranquilizar o animal, os irmãos Sparks foram levados até o xerife da cidade e pressionados para que executassem a elefanta, senão, nunca mais seriam contratados para promover espetáculos no Tennessee. Prevendo que a notícia se alastrasse pelas demais cidades da região, a escolha foi para que a elefanta fosse morta. Segundo os Sparks, essa foi uma das decisões mais difíceis de suas vidas, pois Mary era o animal de estimação da família, comprada pelo pai deles em 1898, quando ela ainda era um filhote.

Então, eis que outro problema surge; como matar um animal de 8 toneladas? Diversas hipóteses e ideias foram levantadas, tais como amarrar o elefante em dois vagões e depois desmembrá-lo, ou esmagar seu corpo entre duas locomotivas. Como as duas ideias foram consideradas cruéis demais, optaram pelo enforcamento, tido como mais humano.

Guindaste utilizado para enforcar Mary

Guindaste que foi utilizado para enforcar Mary.

Na tarde do dia seguinte, em 13 de setembro de 1916, uma multidão se amontoou nos arredores da estação de trem Railroad Clinchfield para ver o fim da “elefanta assassina”. Na primeira tentativa, as correntes do guindaste romperam-se, fazendo com que Mary caísse e quebrasse a bacia. Já muito debilitada, o calvário do pobre animal acabou na segunda tentativa, após alguns minutos suspensa no ar.

Após o enforcamento de Mary

É possível ver o animal ainda semi-suspenso pelo guindaste.

Após o espetáculo de horror, um veterinário, analisando o animal morto, constatou a verdade dolorosa que Mary tinha um dente seriamente infeccionado no local onde possivelmente Walter cutucara com o gancho, sendo esse, portanto, o provável motivo para ela ter entrado em fúria. A velha Mary, que trabalhará com os irmãos por mais de 20 anos, converteu-se na primeira e única elefanta da história a ser enforcada e no símbolo de atrocidade sofrido pelos animais de circo.

A equipe do Museu de Imagens buscou as informações para creditar as imagens. Entretanto nada foi encontrado. Caso saibam mais informação a respeito da autoria, entrem em contato.
Referência:
– Schroeder, Joan. “The day they hanged an elephant in east Tennessee”. Blue Ridge Country, 1997.
A raia gigante

Dian Fossey: A protetora dos Gorilas

Dian Fossey segurando um de seus amados Gorilas

Foto de Bob Campbel

Dian Fossey (16 de janeiro de 1932 – 26 de dezembro de 1985), zoóloga norte-americana, nunca mais será esquecida. Seus trabalhos resultaram em um legado importantíssimo: na luta pela preservação dos gorilas e, também, o apelo à preservação de outras espécies à beira da extinção. Chamada de bruxa, enfrentando governos totalitários e tribos supersticiosas, Dian Fossey enfrentou diversos desafios a fim de pesquisar mais sobre a vida dos gorilas, animais, até então, pouco estudados e muito temidos.

Inspirada pelo naturalista e conservacionista George B. Schaller, Dian Fossey resolveu estudar os gorilas das montanhas. Primeiramente em um trabalho de campo no estudo de chimpanzés, a pesquisadora começou a observar e registrar o comportamento dos gorilas. Após ser enviada à Ruanda, Fossey passou a se aproximar cada vez mais desses primatas, conseguindo, inclusive, a confiança dos animais e praticamente passou a viver entre eles, como pertencente ao grupo. Em 1983 publicou sua obra de pesquisa, Gorilas in the Mist, e criou o Centro de Pesquisa Karisoke.

Entretanto, ao retornar para Ruanda, seu gorila preferido, Digit, foi morto devido à caça para a obtenção das mãos, usadas para a confecção de cinzeiros. Logo após esse episódio, Dian Fossey iniciou uma batalha contra à prática, o que a tornou impopular pelos caçadores e pelo próprio exército de Ruanda. Em 1985, Dian foi encontrada morta em sua cabana, assassinada, provavelmente, por algum caçador de gorilas insatisfeito com o movimento levantado pelo pesquisadora.

Seu legado, como foi dito anteriormente, não será esquecido e ganhou notoriedade a partir de Leakey e da National Goegraphic Society. Hoje, diversas instituições existem em prol da preservação dos gorilas das montanhas, como a “The Dian Fossey Gorilla Fund International” (www.gorillafund.org) e, atualmente, os animais são protegidos pelo governo ruandês. Para conhecer mais sobre a história da pesquisadora Dian Fossey, foi feito um filme (de Michael Apted) sobre sua trajetória: “Nas montanhas dos Gorilas”, 1988.

A caça ilegal de rinocerontes

Uma equipe de anti-caçadores de rinocerontes selvagens observa e protege um rinoceronte-branco-do-norte, durante um período de vigilância de 24 horas, em Ol Pejeta Conservancy, no Quênia.

A caça ilegal de rinocerontes na África

O parque Ol Pejeta Conservancy é habitat de quatro dos oito rinocerontes-brancos-do-norte que ainda existem, sendo a espécie mais ameaçada do mundo. Os chifres dos animais são retirados, na tentativa de desencorajar possíveis caçadores. Apesar da caça de rinos ser ilegal a nível mundial, a sua demanda aumentou vertiginosamente depois que uma classe média/rica disposta a pagar o preço pela mercadoria se ascendeu na Ásia. Somente a África do Sul perdeu mais de 400 rinocerontes para a caça ilegal somente em 2011. Estimam-se que restam apenas 16.000 rinocerontes no mundo. O chifre do rinoceronte é usado principalmente como medicamento antitérmico e antitoxina, em uma prática que é realizada há muitos séculos. Autoridades são muitas vezes subornadas para não coibirem o comércio ilegal e o uso de chifre de rinoceronte.

No Vietnã, onde um ministro sênior do governo afirmou que o chifre do rinoceronte curou seu câncer, 100g do chifre são vendidos por até 1.865 euros a população local e por até 6.340 para compradores estrangeiros. Vez que o corno de rinoceronte vale mais do que o ouro, os animais se tornam alvo de caçadores.

Foto: Rhino wars. Brent Stirton. National Geographic. 13 de Julho de 2011.