Pablo Escobar – a impressionante história do “Patrão do Mal”
Durante a segunda metade do século XX, a Colômbia conheceu e temeu Pablo Emilio Escobar Gaviria, um dos maiores criminosos da história mundial. As organizações criminosas comandadas por Escobar chegaram a movimentar mensalmente mais de 100 milhões de dólares. Escobar fundou o Cartel de Medellín e acumulou uma fortuna pessoal superior a 3 bilhões de dólares, sendo apontado pela revista Forbes como o terceiro homem mais rico do mundo.
O início da vida criminosa de Pablo Escobar
A vida criminosa de Pablo Escobar começou de forma bem discreta. Roubava lápides em cemitérios, regravava-as e depois as vendia. Passou a furtar veículos nas ruas de Medellín, sendo preso pela primeira vez no dia 25 de setembro de 1974, quando dirigia um veículo roubado vinte dias antes, pertencente a Guillermo Garcia. Preso na cadeia de Bellavista, escapou em 30 de maio de 1975. Foi iniciado no tráfico de cocaína pelo seu primo Gustavo Gaviria. A visão empresarial de Escobar, aliada a sua falta de escrúpulos, transformaram-no rapidamente em um líder inquestionável. Na década de 1970, tornou-se uma peça chave no tráfico internacional de drogas. Ainda na década de 1970, Escobar já era conhecido no submundo de Miami como El Padriño (O Padrinho) e em 1977 foi identificado como um traficante de cocaína pelo FBI.
Em 1978, uma investigação contra Pablito foi empreendida pelo governo americano, decorrente do contrabando de 19 toneladas de drogas por via marítima, organizado pela companhia do americano John Doe e dos colombianos Carlos Ledher e irmãos Jorge Luis e Juan David Ochoa Vásquez.
O poder e a fortuna de “Pablito” Escobar eram imensuráveis, a ponto de, segundo um relatório de 1981 do DEA (Departamento Antidrogas dos Estados Unidos), o criminoso ter formado seu próprio exército paramilitar (seus soldados eram conhecidos como sicarios) para combater o Estado, as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e posteriormente a guerrilha Los PEPES (Pessoas Perseguidas por Escobar). Os soldados de Escobar, espalharam o terror e derramaram sangue por toda a Colômbia em mais de uma década de atentados e assassinatos.
Para tentar ocultar seus negócios com o narcotráfico e obter apoio popular para iniciar uma carreira política, Pablo Escobar realizou várias obras beneficentes para os pobres, incluindo a inauguração de vários campos de futebol e a construção de um bairro inteiro conhecido como Medellín sin Tugurios (Medellín sem Favelas).
O período conhecido como Narcoterrorismo
Pablo Escobar impôs a membros do governo, polícia e militares da Colômbia sua própria lei, conhecida como plata o plomo (dinheiro ou chumbo), na qual as pessoas que não aceitavam seu suborno eram “presenteadas” com uma crivada de balas.
Foi eleito como suplente do congressista Jairo Ortega Ramírez, no entanto, o substituiu desde a primeira sessão no Congresso, angariando assim, grande influência em todos os setores civis, econômicos, religiosos e sociais do país.
Em 1983, foi denunciado e expulso do Congresso por outro congressista, Rodrigo Lara Bonilla, que posteriormente se tornou Ministro da Justiça. Bonilla iniciou um intercâmbio de informações com a inteligência dos Estados Unidos, que resultou na localização de Tranquilandia, um laboratório ilegal utilizado por Pablo Escobar para processar cerca de 20 toneladas de cocaína por mês. Após o fechamento do laboratório, Escobar e o Cartel de Medellín cortaram relações com as FARC.
Em 1984, tendo em vista a necessidade proteger os laboratórios de processamento de cocaína e demais membros do grupo, ameaçados de serem capturados e extraditados para os Estados Unidos, Escobar criou uma nova organização de assassinos, denominados “Los Extraditables”, que assassinou o Ministro da Justiça Rodrigo Lara Bonilla no dia 30 abril de 1984, um ano depois do magistrado Tulio Manuel Castro Gil (que investigava a morte do Ministro) e no dia 30 de outubro de 1986 o magistrado Gustavo Zuluaga Serna, que investigava ambas as mortes. O grupo também foi responsável por dezenas de outras mortes de funcionários do judiciário.
Guillermo Cano Isaza, diretor do jornal colombiano El Espectador, publicou na edição de 14 de setembro de 1983, imagens de Escobar quando traficava cocaína entre Tulcán (Equador) e Medellín. No entanto, nenhuma edição do jornal chegou a ser vendida em Medellín, vez que os caminhões que levavam as impressões foram interceptados durante o percurso. No dia 17 de dezembro de 1986, quando saia da redação do El Espectador, Guillermo Cano também se tornou mais uma vítima fatal de Pablo Escobar.
O dinheiro ilimitado de Pablo Escobar e sua organização criminosa lhe permitia contratar mercenários bem treinados de diversas partes do mundo, incluindo israelenses, britânicos e sul-africanos. São atribuídos mais de 90 massacres ao grupo paralimitar de Escobar apenas no ano de 1986.
Durante a campanha presidencial de 1989, assassinou o candidato presidencial Luis Carlos Galán, seu opositor, que possuía uma clara vantagem nas pesquisas de intenção de voto e já era apontado como o próximo presidente.
A tomada do Palácio da Justiça em novembro de 1985
A tomada do Palácio da Justiça, em Bogotá, também conhecida como Operación Antonio Nariño e Holocausto do Palácio de Justiça, ocorreu em 6 de novembro de 1985, sendo executada pelo grupo paramilitar Movimiento 19 de abril (M-19), financiado pelo Cartel de Medellín. Tal incursão foi contra-atacada imediatamente pela Polícia Nacional e pelo Exército Colombiano. A retomada do Palácio se estendeu durante as 27 horas seguintes. O M-19 manteve cerca de 350 reféns sob seu poder, entre magistrados, conselheiros de Estado, servidores público e visitantes. 98 pessoas morreram durante os confrontos, incluindo 11 magistrados e outras 10 pessoas foram consideradas desaparecidas. O episódio foi qualificado como um “massacre” e “holocausto” pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Segundo depoimentos prestados a uma Comissão da Verdade em 2005, Pablo Escobar teria pago 2 milhões de dólares ao M-19 para que o grupo tomasse o Palácio da Justiça.
O dia em que Pablo Escobar mandou derrubar um avião
As 07 horas e 13 minutos do dia 27 de novembro de 1989, o Boeing 727 pilotado pelo capitão José Ignacio Ossa decolou da cidade de Cáli. Minutos depois, o voo HK 1803 da Avianca perdeu contato com a torre de controle e, nesse mesmo momento, habitantes do município de Soacha começaram a comunicar que teriam avistado um avião explodir em pleno ar. O que se pensava se tratar de um acidente aéreo causado por alguma falha técnica, transformou-se em uma nefasta constatação de um ato de narcoterrorismo, sem precedentes até então. Não houve sobreviventes. A bomba plantada pelo cartel de Medellín havia deixado um saldo de 107 pessoas mortas.
Apenas ferro retorcido, pedaços de avião, bagagens espalhadas e corpos mutilados em um raio de mais de 5km². Durante as investigações conduzidas pela Justiça e pela Força Aérea da Colômbia, com o apoio do FBI (Escritório Federal de Investigações dos Estados Unidos), foi descoberto que o atentado havia sido arquitetado por Pablo Escobar e respaldado por outros mafiosos, como Dario Usma Cano. Os mafiosos acreditavam que no voo estaria o candidato a presidência César Augusto Gaviria Trujillo, que também havia viajado a partir de Calí nesse mesmo dia, contudo, Trujillo estava em um avião particular. Seis meses depois do atentado terrorista César Gaviria seria eleito presidente da Colômbia, cargo que ocupou até 1994.
O atentado contra o voo HK 1803 da Avianca deixou na memória dos colombianos uma mostra significativa do poder da organização liderada por Pablo Escobar.
O astuto jogo político de Escobar
Depois de aterrorizar com atos de violência o governo do presidente César Gaviria Trujillo, Pablo Escobar se entregou a Justiça em junho de 1991, sob a condição de não ser extraditado para os Estados Unidos. Nessa instância, Escobar já havia consolidado seu monopólio sobre todas as rotas aéreas e marítimas de exportação de cocaína. Ficou recluso em La Catedral, prisão no município de Envigado, construída seguindo as especificações do próprio Escobar. No entanto, o cárcere não impediu Pablo Escobar de continuar cometendo crimes e comandar o Cartel de Medellín. Durante esse período, Escobar ordenou a morte dos de seus velhos companheiros de máfia, entre eles os irmãos Moncada Galeano.
O assassinato dos irmãos Moncada deu origem a um novo grupo paramilitar. O Los Pepes (Perseguidos Por Pablo Escobar) utilizava das mesmas táticas terroristas e de guerrilha para enfrentar o poderoso chefe do crime. O grupo começou a assassinar advogados de Pablo Escobar, plantar bombas em suas propriedades e colocar o país de vez em uma onda de violência e banho de sangue.
No dia 20 de julho de 1992, depois de receber a notícia de que seria transferido de prisão, Escobar empreendeu uma fuga tranquila e voltou a comandar suas operações criminosas fora das grades.
A morte de Pablo Escobar
No dia 2 de dezembro de 1993, às 14:59, horário local, Pablo Escobar finalmente tombou sem vida perante a uma unidade de elite comandada pelo Coronel Hugo Martinez. A inteligência colombiana havia rastreado uma ligação de Escobar a seu filho, proveniente da casa número 450-94 da rua 79.
A operação militar durou apenas 15 minutos. Escobar e sua escolta abriram fogo contra os militares. O guarda-costas pessoal de Escobar, Álvaro de Jesús Agudelo, conhecido como El Limón, foi responsável por tentar atrasar o grupo de ataque ao mesmo tempo que Pablo Escobar subia ao telhado da casa, na tentativa de escapar. No entanto, Pablito foi alvejado várias vezes e teve uma morte instantânea. O cadáver do poderoso traficante foi levado ao Instituto de Medicina Legal para autopsia, sendo constatado que se tratava efetivamente do corpo do criminoso mais procurado da história da Colômbia. Pablo Emilio Escobar Gaviria era filho de Abel Escobar e Hernilda Gaviria de Escobar. Nasceu no município de Rionegro, em 1º de dezembro de 1949 e morreu aos 44 anos.
Pablo Escobar casou-se em 1976 com Maria Victoria Henao Vellejo, na época com apenas 15 anos. Deixou dois filhos, Juan Pablo e Manuela. Pablito sempre foi conhecido por seus casos extramatrimoniais, sobretudo com garotas menores de idade. Um de seus casos foi com Virginia Vallejo, que posteriormente se tornou uma personalidade famosa na televisão colombiana.
Escobar foi responsável por mais de 6.000 homicídios durante sua carreira criminosa e por proporcionar a Colômbia um dos mais funestos períodos de sua história. O túmulo de Pablo Escobar em Medellín virou atração turística e recebe milhares de visitantes todos os anos.