Henrique VIII é excomungado

Henrique VIII é excomungado

Após diversas vezes pedir anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, Henrique VIII é excomungado em 11 de julho de 1533 pelo papa Clemente VII.

Momento dramático em que, durante a petição de divórcio de Henrique VIII ao Legado Pontifício e ao Cardeal Wolsey, Catarina de Aragão entra no tribunal e ajoelha-se aos pés do monarca. Ilustração: “Henry VIII and Catherine of Aragon before Papal Legates at Blackfriars, 1529”. © estate of Frank O. Salisbury, 1910. Óleo sobre tela , 205,7 x 210,8 centímetros. Coleção: Palácio de Westminster.

Após diversas vezes pedir anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, Henrique VIII é excomungado em 11 de julho de 1533 pelo papa Clemente VII.

Henrique VIII (1491 — 1547), segundo monarca da dinastia Tudor, reinou na Inglaterra de 1509 até sua morte, em 1547. O rei é conhecido por seus inúmeros casamentos e, principalmente, por ter promovido uma cisão entre a Igreja Católica Romana — que não permitia o divórcio — e a Igreja da Inglaterra.

Com o fim da autoridade papal e dissolução dos monastérios, o monarca se tornou a autoridade suprema religiosa, bem como criou a ideia do direito divino dos reis ingleses, expandindo o poder real.

A divisão entre as duas igrejas trouxe dois resultados. O primeiro deles foi o aumento do poder real inglês em todas as esferas, inclusive dentro da religião. Com o fim da autoridade papal, todo o dinheiro que rumava da Inglaterra para Roma passou a ficar nas mãos da monarquia inglesa. A segunda consequência foi o poder de realizar o divórcio.

Henrique VIII é conhecido pelo desejo que tinha em deixar um herdeiro do sexo masculino para consolidar a dinastia Tudor. Entretanto, sua primeira esposa — Catarina de Aragão — havia passado por inúmeros abortos e dois bebês morreram pouco tempo após o nascimento. Com o fracasso em ter um menino, as relações entre Catarina e Henrique VIII se tornaram tensas.

Nesse meio tempo, o monarca manteve uma relação extraconjugal com Ana Bolena, uma jovem pertencente à comitiva da rainha. Foi nesse contexto que Henrique VIII começou a analisar e a considerar algumas opções para conseguir gerar um sucessor dinástico; entre as quais estava a anulação do casamento com Catarina e um novo matrimônio com Ana Bolena.

O argumento utilizado pelo rei para a anulação era de que, ao se casar com Catarina de Aragão, ex-esposa de seu irmão, ele estaria indo contra os dogmas religiosos da Igreja Católica Romana. Após inúmeras recusas de Roma em acatar o pedido, Henrique VIII iniciou uma série de reformas no Parlamento inglês e, com o Ato de Supremacia, rompeu com a Igreja Católica Romana.

Finalmente em 11 de julho de 1533, o Papa Clemente VII excomungou o monarca inglês. O casamento entre Catarina e Henrique VIII foi anulado, a única filha deles foi considerada ilegítima e Ana Bolena foi elevada ao título de rainha consorte. Naquele mesmo ano, Bolena deu à luz a uma menina, batizada de Elizabeth.

Ironicamente, apesar de todos os esforços de Henrique VIII em deixar um sucessor do sexo masculino no poder, Elizabeth I, sua filha com Ana Bolena, acabou reinando por quase 50 anos no trono inglês, consolidando a dinastia Tudor.

Referências:
– SCARISBRICK, J. J.. Henry VIII. University of California Press. Berkeley and Los Angeles, California, 1968.
– BERNARD. G. W.. The King’s Reformation: Henry VIII and the Remaking of the English Church. Yale University Press, 2005.
– WEIR, Alison. The Six Wives of Henry VIII. The Bodley Head, Londres, 1991.
O discurso de João Paulo II em Varsóvia, Polônia, 1979

O discurso de João Paulo II em Varsóvia, Polônia, 1979

Discurso de João Paulo II em Varsóvia, Polônia, 1979

João Paulo II discursa para mais de meio milhão de poloneses na Praça da Vitória no dia 2 de junho de 1979.

A primeira metade do pontificado do papa João Paulo II ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países do Leste Europeu e do mundo.

O Discurso do Papa João Paulo II

Muitos poloneses consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João Paulo II em 2 de Junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas em Varsóvia e destacou o trabalho do Solidarność (em português Solidariedade), primeiro movimento sindical não-comunista em um país comunista. Nos anos 1980 o Solidariedade constituiu um amplo movimento social anti-comunista. O avião de João Paulo II decolou de Roma em direção à Varsóvia no dia 2 de junho de 1979. Todas as igrejas da Polônia tocaram seus sinos em sinal de boas-vindas ao pontífice. João Paulo, ao desembarcar, ajoelhou-se e beijou o solo polonês. Foi recebido por Henryk Jablonski, chefe do Conselho de Estado da Polónia pelo Partido Operário Unificado Polaco, e pelo cardeal polônes Stefan Wyszynski.

Chegou as 16 horas à Praça da Vitória – lugar da primeira Santa Missa celebrada pelo Papa João Paulo II. Em sua homilia, foi ovacionado pela população e terminou seu discurso com as seguintes palavras: “E eu choro – eu que sou um filho da terra da Polônia e que sou também o Papa João Paulo II – Eu choro de todas os abismos deste milênio, eu choro na vigília de Pentecostes: deixe o seu Espírito descer! Deixe o seu Espírito descer! E renovai a face da terra. A face desta terra!”

Papa João Paulo II na Polônia durante missa na cidade de Czestochowa, junho de 1979. PAP.

A primeira peregrinação do Papa João Paulo II na Polônia deu origem a uma transformação política. Esperava-se que o “bispo rebelde de Roma” reacendesse as aspirações de liberdade dos poloneses. João Paulo II chegou a ser comparado com São Estanislau, ex-bispo de Cracóvia, santo e mártir da Igreja Católica, morto por desobediência à autoridade civil no ano de 1079.

“Sem o discurso de Wojtyla, o cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido fortes e unidos para levar a luta adiante”, acredita o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. “Foi o papa que nos disse para não ter medo.” Dez anos depois, as eleições de 4 de Junho de 1989 foram uma “revolução sem sangue” e encorajaram outros países do bloco comunista a se libertarem de Moscou. A data tornou-se simbólica como o fim do socialismo real. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo o bloco comunista.

Praça Vitória - Varsovia, 2012.

Praça “Vitória” (Victory Square ou Plac Marszałka Józefa Piłsudskiego) – Inscrição encontrada sob os pés da cruz na Praça Vitória, em Varsóvia.  Foto: Italo Magno Jau. 2012.

Niech zstąpi Duch Twój! Niech zstąpi Duch Twój! I odnowi oblicze ziemi. Tej ziemi! Amen. (Deixe o seu Espírito descer! Deixe o seu Espírito descer! E renovai a face da terra. A face desta terra!”). Foto: Italo Magno Jau. 2012.

Referências:
Wpolityce.pl
Gianni Carta. “O ano em que a cortina caiu”, Carta Capital, número 549, 10 de Junho de 2009.
Warsaw Uprising Museum (Warsaw Rising Museum, Muzeum Powstania Warszawskiego). Visitado em Julho de 2012.
Papa João Paulo II. Wiki.
O Santo Sudário de Turim

O Santo Sudário de Turim

Santo Sudário (Sudário de Turim).

Santo Sudário (Sudário de Turim). O Santo Sudário de Turim seria o pano colocado sob o cadáver de Cristo após a crucificação e permanece em Turim desde o século XIV.

O Sudário de Turim, que muitos acreditam ser a prova cabal da existência tanto de cristo quanto de seu ritual de crucificação, encontra-se em Turim, na Itália, desde o século XIV.

A história do Sudário de Turim

Atualmente não se sabe a história da mortalha, vez que não há registros históricos dela antes do século XIV. Os historiadores sabem que havia relatos de um pano similar que ficou em posse dos imperadores bizantinos, porém, quando houve o saque à Constantinopla, em 1204, a mortalha desapareceu, não sendo possível afirmar se o sudário é o referido pano.

Ainda que existam inúmeros relatos de outras relíquias com a imagem de Jesus gravada que foram veneradas durante a Idade Média, não há evidência histórica de que esses panos tenham alguma relação com o Sudário de Turim. A história da mortalha só começou a partir dos primeiros registros em 1453, quando Margaret de Charny o entregou à Casa de Saboia.

Um século depois, o sudário sofreu danos causados por um incêndio na capela de Chambery, onde estava guardado, sendo então, transferido para Turim. O pano só veio a público quando foi fotografado pela primeira vez no século XIX para uma exposição aos fiéis. Finalmente, em 1983 foi doado pela Casa de Saboia ao Vaticano e em 1997, o Sudário de Turim sofreu mais uma vez com um incêndio considerado criminoso posteriormente.

Santo Sudário: verdadeiro ou falso?

Desde muito antes da doação, as discussões acerca da veracidade do artefato tomaram e tomam conta no meio religioso e científico. O lado que acredita na autenticidade do pano de quatro metros alega alguns pontos em favor dessa visão. O primeiro ponto levantado relaciona-se ao fato de que as manchas presentes no pano são realmente manchas de sangue. Como segundo ponto de argumento, o pano confere com aqueles fabricados no século primeiro no Oriente Médio. O terceiro ponto está relacionado ao fato de terem sido encontrados polem e mofos oriundos da região onde Jesus teria vivido e, por fim, o quarto ponto em favor da autenticidade diz respeito à posição das marcas de sofrimento gravadas no artefato.

Ao contrário do que era pintado nos quadros da Idade Média, as marcas de prego, no Sudário, estão localizadas nos pulsos e não nas mãos, correspondendo, cientificamente, à posição correta. Contudo, finalmente ao final da década de 80, o Vaticano autorizou que diversas universidades europeias realizassem a datação por carbono 14. O resultado foi unânime, os laboratórios da Universidade de Oxford, da Universidade do Arizona, e o Instituto Federal Suíço de Tecnologia, concordaram que as amostras que testaram eram datadas do Idade Média, entre 1260 e 1390. Em contrapartida, os defensores da autenticidade alegaram que as Universidades haviam pegado pedaços que foram costurados nesse período ao pano, devido danos ocorridos por um incêndio pelo qual passara na Idade Média.

Apesar disso, as origens do sudário ainda são objeto de um intenso debate entre os teólogos, historiadores e pesquisadores. Diversas publicações científicas e populares têm apresentado argumentos tanto a favor da autenticidade, quanto dos possíveis métodos de falsificação utilizados possivelmente durante a Idade Média. Desde então, têm sido propostas várias teorias científicas sobre o Sudário, com base em disciplinas que vão desde a química à biologia e à medicina forense para análise da imagem. Verdadeiro ou falso, o Sudário de Turim ainda levanta muitas discussões de ambos os lados, ainda que atualmente, na comunidade científica, ele seja visto apenas como uma relíquia confeccionado durante a Idade Média.

Referências:
Damon, PE.; DJ Donahue, BH Gore, AL. Hatheway, AJT. Jull, TW. Linick, PJ. Sercel, LJ Toolin, CR Bronk, ET Hall, REM Hedges, R Housley, IA Law, C. Perry, G. Bonani, S. Trumbore, W. Woelfli, JC. Ambers, SGE. Bowman, MN. Leese, MS. Tite. “Radiocarbon dating of the Shroud of Turin”. Nature, 1989.