O encouraçado Galena durante a Guerra Civil Americana

O encouraçado Galena durante a Guerra Civil Americana

Demonstrando parte de seu poderio bélico, o encouraçado acabara de chegar de uma batalha na Virgínia

Imagem do Encouraçado Galena na Virgínia durante a Guerra Civil Americana, 1862.

A imagem mostra o USS Galena depois de uma batalha com as tropas confederadas Drewry’s Bluff, no Rio James, Estado da Virgínia, em 1862. O encouraçado possuía 950 toneladas de canhoneira férrea e foi um dos três primeiros navios de guerra blindados da Marinha dos Estados Unidos. Em 1862, foi enviado para a Virgínia para lutar contra as tropas confederadas durante a Guerra Civil Americana (1861-1865).

O Galena durante a Batalha de Drewry’s Bluff

Na manhã de 15 de maio de 1862, O USS Galena foi até Drewry’s Bluff e se fortaleceu sua posição no rio há cerca de 550 metros de uma bateria de artilharia dos Confederados estacionada no penhasco de 27 metros de altura. O encouraçado abriu fogo às 07:45 ao mesmo tempo que outros navios de madeira permaneceram sob distâncias mais seguras rio abaixo. O USS Monitor também tentou disparar contra a artilharia, mas suas armas não foram capazes de se elevarem o suficiente para alcançá-la. O fogo advindo do Galena foi em grande parte ineficaz, embora seus projéteis tenham conseguido matar sete e ferir outros oito membros da artilharia inimiga. Em contrapartida, o navio foi atingido 44 vezes em seu porto, dos quais 13 acertaram sua armadura, ainda tendo sofrido ainda três grandes buracos perfurados em sua longarina. 13 tripulantes morreram e outros ficaram 11 feridos. Dois marinheiros e um fuzileiro naval a bordo receberam a Medalha de Honra por suas ações durante a batalha. Charles Kenyon (bombeiro), Jeremiah Regan (intendente) e John F. Mackie (cabo). Mackie foi o primeiro membro do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA a receber a Medalha de Honra.

Referências:
James F. Gibson / Library of Congress / U.S. Naval Historical Center Photograph. ID: NH 53984.
Coski, John M. (2005). Capital Navy: The Men, Ships and Operations of the James River Squadron (Reprint of the 1996 ed.). New York: Savas Beatie.
Dictionary of American Naval Fighting Ships. Naval History & Heritage Command (NH&HC)
Soldados da Romênia durante a Primeira Guerra Mundial

Soldados da Romênia durante a Primeira Guerra Mundial

A Romênia, país situado no leste-europeu, se manteve neutra durante a Primeira Guerra Mundial até o dia 27 de agosto de 1916, quando aderiu ao bloco dos Aliados (França, Rússia e Grã-Bretanha), declarando guerra ao Império Austro-Húngaro.

Em troca, a Romênia assinou o Tratado de Bucareste e recebeu a promessa de ganhar os territórios onde predominava a população com maioria étnica romena, incluindo as regiões de Banat, Bucovina, Crişana, Maramureş e Transilvânia.

A Rômenia na Primeira Guerra Mundial

O início da campanha militar acarretou em diversas perdas para as tropas romenas, que perderam quase dois terços de seu território nos meses consequentes a sua entrada na Primeira Grande Guerra. A partir de 1917, os romenos conseguiram deter os avanços dos Impérios Centrais na Moldávia e iniciaram um contra-ataque. Ao final da Primeira Grande Guerra, com o custo de vidas civis e militares estimadas em 748 mil baixas, a Romênia anexou ao seu território as regiões da Bessarábia, Bucovina e Transilvânia, formando a Grande Romênia (România Mare), como ficou conhecida a extensão do território romeno durante o período entre guerras (1919-1940), a maior de toda sua história e que uniu essencialmente todos os territórios habitados por população com maioria étnica romena.

Referências:
Fotos: Muzeul Militar National Regele Ferdinand I. (Museu Militar Nacional de Bucareste/Romênia)
Romania’s Declaration of War with Austria-Hungary, 28 August 1916.
Treaty of Trianon
Statul National Unitar (România Mare 1919-1940). Web Archive.
Aitzaz Hasan –  o verdadeiro herói

Aitzaz Hasan – o verdadeiro herói

Hasan, um garoto paquistanês de apenas 15 anos, nunca foi uma personalidade conhecida em seu país. Contudo, no dia 6 de janeiro de 2014, tudo mudou. Aitzaz Hasan e seus amigos estavam do lado de fora da escola em Ibrahimzai, noroeste paquistanês, quando avistaram um terrorista suicida vestido com um colete repleto de explosivos, cujo objetivo era detonar o artefato explosivo no meio de cerca 2.000 crianças que estavam no interior da escola.

Seguindo o instinto básico da sobrevivência humana, os jovens adolescentes fugiram. Menos Aitzaz Hasan. Proferiu suas últimas palavras (“estou indo para impedi-lo. Ele está indo para a escola para matar os meus amigos”) e, sem hesitar, o pequeno herói foi ao encontro do terrorista, iniciando uma luta corporal que resultou na detonação da bomba, matando ambos. Aitzaz Hasan transcendeu. A virtude da coragem emanada do adolescente de 15 anos sobrepujou o ato de extrema covardia e fanatismo religioso que o terrorista estava prestes a concretizar. Hasan se transformou em um verdadeiro mártir e exemplo para o mundo, alcançando a imortalidade. Como já havia dito Sêneca: O ponto não é quanto tempo você vive, mas como nobremente você vive.

Hasas Aitzaz

A foto do estudante Aitzaz Hasaz é colocada junto aos seus colegas na escola que ele ajudou a salvar no Paquistão.

Hasan não possuía características comuns aos grandes heróis da História, tais como a beleza e o carisma contundentes. Tampouco foi citado como “herói” em algum discurso eloquente proferido por algum apresentador de reality show. Hasan era um bom estudante e vivia uma vida simples, sem grandes aspirações, no pacato noroeste do Paquistão. Medalhas e condecorações seriam pouco para compensar o ato de heroísmo deste jovem.

“O verdadeiro heroísmo é extremamente sóbrio, muito pouco dramático. Não é a vontade de superar todos os outros a qualquer custo, mas o desejo de servir aos outros a qualquer custo.” – Arthur Ashe

Referências:
BBC News. Aitzaz Hasan: Tributes to Pakistan teenager killed when he stopped a bomber.
G1. Jovem que morreu para salvar escola será condecorado no Paquistão.
O Massacre de Srebrenica – um dos piores crimes de guerra da Europa

O Massacre de Srebrenica – um dos piores crimes de guerra da Europa

O Massacre de Srebrenica é considerado por várias autoridades ocidentais e grupos de Direitos Humanos como o pior crime de guerra ocorrido na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, vez que o número de vítimas civis é superior 8.000 pessoas, a maioria de homens e meninos bósnios muçulmanos.

O Massacre

Na tarde de 10 de julho de 1995, soldados do exército sérvio da Bósnia iniciaram um ataque a Srebrenica, “cidade refúgio” criada pela Organização das Nações Unidas. Um oficial da ONU no local enviou uma mensagem desesperada a sede da ONU em Genebra:

“Urgente! Urgente! Urgente! O Exército Sérvio da Bósnia está entrando na cidade de Srebrenica. Será que alguém pode parar isso imediatamente e salvar essas pessoas? Milhares deles (soldados) estão se reunindo ao redor do hospital. Por favor, ajudem.”

Ninguém impediu. De forma fria e metódica, os homens muçulmanos foram levados aos milhares em caminhões para locais perto do rio Drina, onde foram alinhados em fileiras de quatro pessoas e fuzilados com apenas um único tiro. O Massacre de Srebrenica colocou em xeque na época a atuação nos Balcãs, tanto da ONU, quanto dos Estados Unidos e da OTAN (Aliança Militar do Tratado do Atlântico Norte). O genocídio foi realizado em um território sob proteção internacional, sendo considerado por muitas autoridades como o ponto baixo da política ocidental dos Balcãs.

O ataque sérvio a Srebrenica e a inércia das autoridades

O coronel Ton Karremans, comandante das forças de paz holandesas, alertou os altos funcionários das Nações Unidas, no mês anterior, que haviam sinais claros de que os sérvios estavam preparando um ataque. Durante semanas, o exército sérvio intensificou o cerco sobre a cidade. A força de paz já estava enfraquecida e havia sofrido saques em carregamentos de suprimentos e munições. No dia 6 de julho, os bósnios sérvios bombardearam uma aldeia ao sul de Srebrenica e reforçaram suas posições na região. No dia 7 de julho, os holandeses requisitaram um bombardeio com aviões da OTAN em posições de ataque sérvias, com o intuito de frear a ofensiva, contudo, a ONU rejeitou o pedido e considerou que tal ataque se tratava apenas de uma sondagem. Da mesma forma, não queria prejudicar os esforços de paz de Carl Bildt, negociador europeu que acabara de chegar na região.

No dia 9 de julho, o general Herve Gobillard enviou um fax ao general sérvio Ratko Mladić alertando sobre as graves consequências que o exército sérvio enfrentaria caso não cessasse o ataque contra a área de segurança. Foi totalmente ignorado. Na manhã seguinte, 10 de julho, um único tanque e cerca de 100 soldados de infantaria sérvios aproximaram-se do bloqueio holandês, sendo rechaçados sob uma chuva de metralhadores calibre .50. Novamente, as forças de paz holandeses deram um ultimato a Mladić e solicitaram um ataque aéreo ao alto comando, ambos sem êxito.

No dia 11 de julho, milhares de soldados de infantaria sérvios flanquearam os veículos blindados holandeses e entraram na cidade. O ataque aéreo enfim foi autorizado pela ONU, mas era tarde demais. Quatro aviões, dois holandeses e dois americanos, atacaram tanques sérvios, conseguindo danificar um deles. Prontamente, Mladić ameaçou matar 32 soldados de paz holandeses reféns caso o bombardeio aéreo continuasse, o que fez com que a ONU e a OTAN suspendessem imediatamente o contra-ataque.

Ao cair da noite, o general Mladić se reuniu com o coronel Karremans. De acordo com testemunhas oculares, o general ordenou a um de seus homens para que cortasse a garganta de um porco e declarou: “Isto é o que nós vamos fazer os muçulmanos”. O relatório oficial de Karremans não fez menção a ameaça do general sérvio, mas no mesmo é revelado que o coronel dizia não ser capaz de defender aquelas pessoas.

Cerca de 15.000 pessoas, a maioria homens, foram reunidos nos arredores de Srebrenica e forçados a marcharem durante a madrugada. Algumas mulheres foram sequestradas e estupradas por soldados sérvios. Na manhã de quarta-feira, dia 12, um comboio com cerca de 40 caminhões e ônibus chegou ao acampamento holandês de Potocari. Grupos de homens e mulheres foram separados. Os refugiados supostamente seriam levados para território sérvio para depois serem negociados por soldados sérvios capturados, segundo afirmava no local o próprio Mladić.

Ratko Mladic

No dia 12 de julho de 1995, Ratko Mladic toca em garoto muçulmano e garante às forças de paz da ONU que a população de Srebrenica estaria segura. Agência AP.

Christina Schmidt, uma enfermeira de origem alemã, liderou uma equipe dos Médicos Sem Fronteiras em Sbrenica. Ela enviou seu relato por rádio para o escritório de Belgrado de sua organização, que transmitiu para a imprensa mundial.

“Todo mundo deveria se sentir a violência nos rostos dos soldados do exército sérvio bósnio direcionando as pessoas como animais para os ônibus. Todo mundo que poderia ter impedido esse êxodo em massa deveria ser forçado a sentir o pânico e o desespero do povo.”

Dentre outras sandices que presenciou, Christina Schmidt também relatou o desespero de um pai que foi até ela com um bebê de um ano de idade, chorando. O pai seria levado pelo exército sérvio e não teria ninguém para cuidar de seu filho. Schmidt enxergou nos olhos daquele homem a expressão de alguém que nunca mais veria seu filho novamente.

Os refugiados que resolveram fugir a pé pelas florestas, eram caçados por soldados sérvios e tinham suas gargantas cortadas. Ninguém sabe exatamente quantas pessoas morreram no Massacre de Srebrenica. Analistas estimam um número de superior a 8.000 pessoas, principalmente de homens e meninos. Ratko Mladic foi preso em 26 de maio de 2011 em Lazarevo, região no norte da Sérvia.

Massacre de Srebrenica

Vala comum em Srebrenica, exumada em 2007. Foto: Adam Jones adamjones.freeservers.com

No dia 6 setembro de 2013, a Suprema Corte Holandesa declarou que a Holanda foi responsável pela morte de três homens muçulmanos bósnios, vez que os boinas azuis (forças de paz holandeses) arbitrariamente haviam ordenado a esses homens que deixassem o complexo das Nações Unidas durante o Massacre de Srebrenica. Segundo a advogada das vítimas, Liesbeth Zegveld, a decisão foi um avanço porque “estabelece que as forças de paz da ONU não podem operar em um vácuo legal, onde não há prestação de contas ou reparação para as vítimas”.

Referências
The New York Times. Massace in Bosnia; Srebrenica: The Days of Slaughter. Stephen Engelberg and Tim Weiner.
The New York Times. Dutch Peacekeepers Are Found Responsible for Deaths. Marlise Simons
Último Segundo. Holanda é declarada responsável por três mortes em massacre de Srebrenica.
Experiência Trinity: o início da era atômica

Experiência Trinity: o início da era atômica

Se o brilho de mil sóis explodissem no céu, isso seria como o esplendor do Poderoso Ser, Tornei-me a Morte. Destruidora de mundos.

A Experiência Trinity

Às 05 horas, 29 minutos e 45 segundos do dia 16 de julho de 1945, a primeira bomba atômica da história explodiu com uma energia equivalente a 19 kt de TNT (87,5 TJ). Deixou no deserto uma cratera radioativa de 3 metros de espessura por 330 metros de diâmetro. No momento da detonação, as montanhas circundantes foram iluminadas com mais intensidade do que o sol por breve momento que durou um ou dois segundos, sendo relatado, no acampamento-base, um calor tão intenso como o de um forno. As cores observadas variaram de púrpura a verde e, eventualmente, branca. O som da onda de choque levou 40 segundos para chegar até os observadores e a explosão foi sentida a mais de 160 km de distância, tendo o cogumelo atômico chegado à 12 km de altura. Cerca de 260 pessoas estavam presentes no teste, nenhuma a menos de 9 km.

Foram construídos três pontos de observação de madeira reforçados com concreto e cobertos com terra a cerca de 10 quilômetros a norte, sul e oeste do marco zero da detonação (codinomes Able, Baker, e Pittsburgh, respectivamente). O bunker Baker serviu como centro de controle para o teste, local onde o cientista chefe J. Robert Oppenheimer conduziu o teste.

A Base Aérea de Alamogordo emitiu um comunicado à imprensa de 50 palavras, dando conta de que havia ocorrido “uma explosão de um depósito remoto de munições, na qual ninguém tinha morrido ou sofrido ferimentos”. A verdadeira causa foi confirmada publicamente apenas após o êxito do ataque a Hiroshima em 6 de Agosto do mesmo ano.

Gadget Trinity

Gadget da bomba utilizada na Experiência Trinity.

Os resultados do teste foram encaminhados ao presidente dos Estados Unidos Harry S. Truman, que ansiosamente esperava por eles na Conferência de Potsdam. A mensagem codificada “Operated this morning. Diagnosis not complete but results seem satisfactory and already exceed expectations… Dr. Groves pleased.” chegou às 7 horas e 30 minutos do dia 16 de julho. Em face do sucesso da Experiência Trinity, duas bombas foram preparadas para uso contra o Japão.

A primeira, batizada de Little Boy, foi lançada em Hiroshima no dia 6 de agosto. A segunda, conhecida como Fat Man, foi lançada em Nagasaki em 9 de agosto. Os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki mataram de imediato, pelo menos, 120.000 pessoas e forçaram a rendição incondicional japonesa nos dias consequentes.

trinity ponto zero

“Ponto zero” da experiência Trinity sendo vistoriado após a explosão.

O diretor de Los Alamos, Robert Oppenheimer, referiu mais tarde que, ao observar a demonstração dos efeitos da Experiência Trinity, lhe veio à memória uma frase do texto sagrado hindu Bhagavad Gita:

If the radiance of a thousand suns
were to burst into the sky,
that would be like
the splendor of the Mighty One
I am become Death, the shatterer of Worlds.

Tradução:

Se o brilho de mil sóis
explodissem no céu,
isso seria como
o esplendor do Poderoso Ser
Tornei-me a Morte
Destruidora de mundos.