A resistência ao regime Nazista: Edelweiss Piraten

Museu de Imagens

A Alemanha Nazista foi governada por punhos de ferro. Contudo, muitos grupos da resistência lutaram contra a opressão, entre eles: Edelweiss Piraten.

03/11/2013
Execução pública do grupo Edelweiss Piraten

Execução pública dos líderes do grupo Edelweiss Piraten em Colônia, 1944. Foto: Rue des Archives. ID: RDA00020036/00023941

Ao longo da existência do regime nazista na Alemanha, o país mergulhou em duros anos de violenta repressão aos dissidentes de seu ideário e de suas políticas. A Gestapo, polícia secreta nazista, procurava regular e controlar todos os âmbitos da vida cotidiana dos alemães nestes anos: desertores eram denunciados, grupos de dissidentes do regime eram perseguidos e enviados para campos de concentração, etc.

Mesmo constantemente ameaçados pela perseguição que se abateu contra aqueles que discordavam do regime, alguns desses grupos não somente sobreviveram, como igualmente não se calaram frente à repressão: tais grupos ficaram conhecidos como “Widerstand”, ou, simplesmente, resistência. Dentre as associações que lutaram dentro da Alemanha contra o nazismo estava a Edelweiss Piraten, que não só conseguiu resistir durante toda a Segunda Guerra Mundial, como também veio a ser considerada uma ameaça à paz por suas ações após o término deste conflito.

Os Edelweiss Piraten surgiram durante os anos 1930, quando da ascensão do nazismo na Alemanha. Formado por jovens entre 14 e 18 anos de idade, este grupo veio a representar um grito de liberdade contra a arregimentação à Juventude Hitlerista promovida pelo regime. Dentre as características mais singulares e conhecidas da forma de organização deste grupo, uma das mais marcantes se encontrava na ausência de lideranças centrais de coordenação de suas ações: normalmente, estas eram executadas por meio de pequenos grupos descentralizados, que se dedicavam a praticar ações violentas de pequeno porte contra o regime.

Além dos ataques que realizavam contra integrantes da Juventude Hitlerista e oficiais da Gestapo, uma das formas mais notórias de identificação do grupo se encontrava no emblema da flor Edelweiss, usada por todos que se identificavam com a causa.

Cartaz chamando as pessoas a se juntarem aos Edelweiss

Chamado para se juntar à causa Edelweiss.

Com o desenrolar da guerra, os Edelweiss passaram a realizar investidas cada vez mais arriscadas: sabotavam ferrovias, auxiliavam judeus, prisioneiros políticos e outros perseguidos do regime a escapar dos nazistas, além de violentos embates com integrantes da Juventude Hitlerista e a realização de assaltos aos acampamentos do Exército Alemão para a obtenção de armas e munições. Ainda que não exista comprovação, alguns estudiosos acreditam que o grupo tenha, em suas ações mais audaciosas, chegado a executar alguns oficiais da Gestapo nestes anos.

Membros dos Edelweiss Piraten

Alguns membros do Edelweiss Piraten.

Em contrapartida, para conter as investidas do grupo, o regime nazista passou a promover perseguições cada vez mais intensas: muitos de seus integrantes vieram a ser capturados, torturados e enviados a campos de concentração, quando não vieram a ser julgados e executados por seus atos. A repercussão das ações do grupo era tamanha que, em 25 de outubro de 1944, o comandante da Gestapo, Heinrich Himmler, ordenou que a repressão às ações dos Edelweiss Piraten se intensificasse: um mês depois, 13 líderes de movimentos separados dos Edelweiss foram enforcados publicamente para servir de exemplo de dissuasão de ações de resistência, como mostra a fotografia do início do texto e a abaixo.

Enforcamento público dos líderes dos Edelweiss Piraten

Foto: Rue des Archives.

Mesmo diante de tamanha perseguição, o espírito de liberdade dos jovens “pirates” nunca veio a ser quebrado pelo nazismo. Suas ações de resistência não terminaram com o fim do conflito: durante os primeiros meses da ocupação aliada na Alemanha, o grupo não só não depôs as armas, como começou a promover ataques contra soldados britânicos, russos e americanos.

A situação ficou tão crítica que alguns dos governos aliados passaram a acreditar que as ações do grupo pudessem influenciar no aparecimento de movimentos insurgentes em outros países e ameaçar a paz recentemente conquistada. Diante deste quadro, julgamentos em massa passaram a ser realizados na Alemanha com o objetivo de desarticular as ações de suspeitos de pertencer aos Edelweiss; na zona de ocupação soviética, chegaram a ser decretadas penas de 25 anos de prisão para integrantes do grupo. O furor repressivo promovido pelos aliados teve por efeito a desarticulação completa dos Pirates, então vistos pelos novos governos como ameaças permanentes aos processos de pacificação do território alemão.

IMAGEM 2: A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar a imagem, contudo, nada foi encontrado. Caso saiba alguma informação a respeito da autoria, entre em contato.
Referências:
– SHERROD, Lonnie. “Youth Activism: An International Encyclopedia”. Greenwood Press, 2006.
– PINE, Lisa. “Education in Nazi Germany”. Berg Publishers, 2010.
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