Os livros de pele humana

Museu de Imagens

Apesar de parecer um artefato macabro, os livros de pele humana foram muito comuns entre os séculos XVII e XIX.

21/11/2014
Livro confeccionado com pele humana. Encontra-se na biblioteca da Universidade de Harvard.

O livro da foto conta a história da “conspiração da pólvora” (Plotters Pólvora), a célebre tentativa de explodir o parlamento inglês em 1605, da qual participou Guy Fawkes, que serviria de inspiração para a história que daria origem ao filme “V de vingança”. A pele usada na capa é do padre jesuíta Henry Garnet, um dos participantes da conspiração católica. Atualmente encontra-se na biblioteca da Universidade de Harvard. Foto: Harvard University

“Executed 28 jan. 1829” — “Burke’s Skin Pocket Book”. Essas são as palavras que estão gravadas em ouro em um livro desbotado pelo tempo no “Surgeons’ Hall Museum”, Edimburgo. A peça que parece ser envolta por camurça na verdade é confeccionada com a pele do famoso assassino William Burke (leia a história dele e seus assassinatos aqui). Em um primeiro momento, parece apenas mais um artefato macabro do século XIX.

William Burke fora condenado por assassinar mais de 16 pessoas para vender os corpos às Universidades durante o século XIX.

“Executed 28 jan. 1829” — “Burke’s Skin Pocket Book”. Essas são as palavras que estão gravadas em ouro em um livro desbotado pelo tempo no “Surgeons’ Hall Museum”, Edimburgo.

Contudo, livros de pele humana foram comuns durante os séculos XVII até o final do século XIX. A técnica por trás desse tipo de livro chama-se “encapamento antropodérmico” que atingiu seu auge de popularidade durante a Revolução Francesa. Basicamente, ela surgiu para melhor preservar os livros confeccionados durante a Idade Moderna, ganhando popularidade na Revolução Francesa pelo fato de haver um grande suprimento de corpos disponíveis.

Alguns exemplos dessa nova leva de livros de pele humana ao final do século XVIII são as coleções de poemas de John Milton. Todavia, outro exemplar ainda mais antigo encontra-se na Universidade de Harvard. Envolvendo um compêndio de leis espanholas está a pele de Jonas Wright, morto em 1605. Na última página encontra-se a seguinte inscrição:

Esse livro é tudo o que restou do meu querido amigo Jonas Wright, que foi esfolado vivo pelos Wavuma.”

Além de servirem meramente como proteção mais eficaz, os livros feitos com pele humana foram utilizados também como uma recordação física daqueles entes queridos que haviam morrido. O encapamento antropodérmico foi largamente utilizado para envolver livros de medicina e anatomia com cadáveres dissecados nas Universidades e, também, para envolver processos judiciais de criminosos famosos, como o livro com a pele do assassino William Burke.

Referências:
– JACOBS, Samuel. “The Skinny on Harvard’s Rare Book Collection“. The Harvard Crimson, 2006.
– BECK, Karen. “852 RARE: Old Books, New Technologies, and “The Human Skin Book” at HLS“. The Harvard Law School Library Blog.
– Johnson, M.L.. “Some of nation’s best libraries have books bound in human skin“. Associated Press
– NIZS, Charles. “Três livros antigos da biblioteca de Harvard foram encapados com pele humana“. Yahoo! Notícias, 2014.
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