Memorial: mensagem deu uma filha órfã nos Atentados ao WTC

Mary Kate McEarlean tinha apenas 8 anos quando seu pai foi morto nos atentados de 11 de setembro de 2011. Anos depois, Mary escreveu um memorial sobre sua experiência e deixou uma mensagem positiva, que pode servir de lição de vida para muitas pessoas.

Memorial: relato de Mary Kate McEarlean

“Meu pai era a melhor pessoa que eu já conheci e, embora ele tenha sido tirado de mim naquele dia, nada e ninguém nunca vai ser capaz de tirar os oito anos e dois dias da minha vida que eu compartilhei com ele. Depois que meu pai morreu, e depois que eu perdi tanto, prometi a mim mesma que eu nunca iria perder quem eu sou como pessoa – a pessoa que meu pai me tornou ser…

A vida é muito imprevisível e temporária para vivê-la para além de você mesmo… Experimentar uma grande perda pode deixar uma pessoa com um sentimento de vazio e falta de propósito, mas está dentro do poder do indivíduo superar essa adversidade e viver a vida com paixão.

Embora eu tenha perdido tanto há dez anos atrás, eu também ganhei lições de vida que eu nunca teria aprendido de outra forma. Eu aprendi a viver minha vida sem um único pesar. Eu aprendi a viver o hoje ao invés do amanhã. Eu agora aprecio as pessoas que me amam e a cada momento sou abençoada por ter cada uma delas. Eu aprendi a não deixar que as pequenas coisas na vida me consumam…

Admito que há muitas coisas que eu não sei sobre este mundo em que vivemos, mas eu sei que a incerteza da vida é algo certo. Se você deve um pedido de desculpas a alguém, peça-lhe desculpas hoje. Se alguém pede seu perdão, perdoa-lhe. Comece a ser a pessoa que você sempre quis ser hoje e não perca seu tempo se preocupando com o amanhã.”

Autoria da Foto e Tradução/Adaptação do Texto: Italo Magno. 9/11 Memorial World Trade Center. 2015.

Mychal Judge: a primeira vítima identificada do World Trade Center

Socorristas carregam o corpo do padre Mychal Judge da Torre Norte do World Trade Center. Ele foi a primeira vítima identificada vítima identificada dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Mychal Judge

Mychal foi um frade e padre católico que serviu como capelão no Departamento de Bombeiros da cidade de Nova York. No dia 11 de setembro de 2001, após ter conhecimento que o World Trade Center havido sido atingido por um dos aviões, o capelão foi até o local, onde se encontrou com Rudolph Giuliani, o prefeito de Nova Iorque na época, que solicitou que ele fizesse uma prece para a cidade e para as vítimas.

Mychal orou sobre alguns corpos que estavam nas ruas, e então entrou no lobby da Torre Norte do World Trade Center, onde havia sido organizado um posto de emergência. Então este continuou oferecendo ajuda e preces para as equipes de resgate, aos machucados, e aos mortos. Quando a Torre Sul colapsou às 09:59, detritos voaram até o lobby da Torre Norte, matando muitos dos que estavam lá, incluindo Mychal. Neste momento, moribundo após ter sido atingido na cabeça, rezava em voz alta”:

“Jesus, por favor, acabe com isso agora! Deus por favor, acabe com isso!”
– Depoimento de acordo com Michael Daly, biógrafo de Mychal e colunista do New York Daily News.

The Falling Man (O Homem Caído)

A foto intitulada foto The Falling Man (O Homem Caído) mostra um homem, cuja identidade permanece desconhecida, caindo de cabeça depois de saltar da torre norte do World Trade Center após o prédio ter sido atacado na manhã do dia 11 setembro de 2001.

A icônica foto The Falling Man (O Homem Caído)

Na imagem, o homem em sua queda livre “divide” perfeitamente as torres do World Trade Center, se lançando ao solo como uma flecha. A identidade do homem permanece desconhecida, mas acredita-se que ele ter sido um empregado do restaurante “Windows on the World”, situado no topo da torre norte. O verdadeiro “poder” do homem, contudo, diz respeito mais sobre quem ele se tornou: uma espécie de “Soldado Anônimo” improvisado em uma guerra muitas vezes incerta e desconhecida, que se tornou imortal por meio da história. A icônica fotografia inspirou um artigo da revista Esquire e um documentário em formato de curta-metragem.

Foto: Richard Drew. Associated Press Photo.
Massacre de Munique: o atentado que marcou os Jogos Olímpicos

Massacre de Munique: o atentado que marcou os Jogos Olímpicos

Massacre de Munique

Membro da organização Setembro Negro aparece na sacada da Vila Olímpica horas depois do início do Massacre de Munique. A tragédia foi acompanhada pela televisão por mais de 900 milhões de pessoas no mundo inteiro.

Membro da organização Setembro Negro aparece na sacada da Vila Olímpica horas depois do início do Massacre de Munique. A tragédia foi acompanhada pela televisão por mais de 900 milhões de pessoas no mundo inteiro.

O Massacre durante as Olimpíadas de Munique

No dia 5 de setembro de 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique, oito membros da organização Setembro Negro entraram sem maiores dificuldades na Vila Olímpica e, armados de fuzis e granadas e se passando por também atletas olímpicos, invadiram os alojamentos e foram até os dormitórios destinos à delegação de Israel, assassinando logo na primeira investida, Moshe Weinberg, treinador do time de luta, e Joe Romano, campeão de levantamento de peso, além de manterem nove membros da delegação israelense como reféns. Horas depois, os terroristas exigiram um avião para levar o grupo e os reféns a capital do Egito, Cairo. Prontamente foi elaborada uma desastrosa operação militar que visava eliminar os terroristas num aeroporto próximo de Munique, o Fürstenfeldbruck.

A tentativa frustrada de libertação dos reféns levou à morte de todos os sete atletas sobreviventes (somando-se aos outros dois que já estavam mortos quando da invasão do apartamento na Vila Olímpica), além de mais cinco terroristas e um agente da polícia alemã. Três terroristas sobreviveram ao ataque e foram presos. Como se constatou posteriormente, as forças policiais alemãs estavam mal preparadas e a situação fugiu do controle.

Munique 1972

O resultado desastroso da tentativa de resgate no aeroporto de Fürstenfeldbruck, próximo a Munique. Todos os atletas israelenses foram mortos, além de outros 5 terroristas e um soldado alemão. Foto: AFP

Consequências do atentado

Ainda em 1972, em decorrência do massacre, Israel retaliou bombardeando mais de dez bases da OLP localizadas na Síria e no Líbano. A vingança de Israel continuou assim que a Mossad (serviço de inteligência israelense) foi autorizada pela primeira-ministra israelense Golda Meir a empreender uma impiedosa caçada aos mentores e apoiadores do atentado de Munique. A operação ficou conhecida como “Ira de Deus” e se estendeu por mais de 20 anos, tendo como alvo dezenas de membros do grupo Setembro Negro e da Organização Para a Libertação da Palestina (OLP).

Embora os atos de terror palestino contra Israel não fossem novidade na época, nenhum teve o efeito dramático deste, perpetrado contra atletas olímpicos de alto nível e com cobertura ao vivo de toda a imprensa mundial. Como consequência do embaraçoso desfecho, o governo alemão criou a famosa unidade policial contra-terrorista, o GSG-9, que se transformou em exemplo mundial no combate ao terrorismo. Após Munique, todos os eventos esportivos passaram a contar com um rigoroso esquema de segurança.

Adaptação para o cinema

No ano de 2007 foi lançado Munique, filme baseado nos fatos que sucederam o massacre de 1972. Um detalhe curioso do filme é que Guri Weinberg interpreta o seu próprio pai, Moshe Weinberg. Moshe era o treinador da equipe de luta livre israelense e foi a primeira vítima assassinada pelos terroristas, logo na investida à Vila Olímpica.

Vítimas Israelenses do Massacre de Munique

Fotos dos 11 membros da delegação israelenses mortos nos atentados de Munique. Moshe Weinberg, Jakov Springer, Eliezer Halfin, Amitzur Shapira, Mark Slavin, Kehat Shorr, Joseph Gottfreund, André Spitzer, David Berger, Zeev Friedman e Joseph Romano.

O sequestro e assassinato do premier Aldo Moro na Itália

O sequestro e assassinato do premier Aldo Moro na Itália

Corpo de Aldo Moro

Corpo de Aldo Moro é abandonado com 11 tiros dentro de um carro na Via Caetani, uma rua localizada entre a sede central dos Democratas Cristãos e do Partido Comunista Italiano.

Entre fins dos anos 1960 e ao longo da década de 1970, diversos países da Europa Ocidental foram palcos do surgimento e atuação de diferentes organizações paramilitares radicais de esquerda surgidas em meio às efervescências do movimento estudantil desta época.

Organizações terroristas na Europa

Por meio da execução de audaciosos planos de ação armada, indo de sequestros de aviões e personalidades políticas e empresariais a assaltos a banco e atentados à bomba, estas organizações tentavam deflagrar o início de processos revolucionários socialistas nos países onde atuavam. Dentre estas organizações, as Brigadas Vermelhas, atuantes na Itália entre as décadas de 1960 e 1980, foram uma das mais famosas e temidas. Em um atribulado contexto de importantes transformações ocorridas em todo o mundo, organizações como as Brigadas Vermelhas se formaram tendo por inspiração direta diferentes ideários e práticas revolucionárias, como a Revolução Cubana e o maoismo, passando pela resistência vietcongue na Guerra do Vietnã e pelas variadas ações armadas desenvolvidas pelas guerrilhas latino-americanas em suas lutas contra as ditaduras então existentes no continente.

Marcadas por sua radicalidade, estas organizações paramilitares igualmente se singularizavam pelo desafio frontal que estabeleceram diante das linhas oficiais de atuação dos partidos comunistas existentes nos países em que atuavam à época. Alinhados e subordinados às diretrizes políticas oriundas da União Soviética, os partidos comunistas da Europa Ocidental nestes anos apregoavam a transição pacífica ao socialismo por meio da conquista democrática das instituições políticas, desestimulando qualquer tipo de atuação armada para a concretização deste objetivo.

Aldo Moro no cativeiro

Foto tirada quando Aldo Moro estava no cativeiro e enviada aos jornais italianos com o objetivo de pressionar o governo à mudar sua postura de não querer negociar com os terroristas sob nenhuma forma.

O sequestro e assassinato de Aldo Moro

Na década de 1970, as Brigadas Vermelhas foram responsáveis por um dos mais sombrios capítulos da história política italiana recente. No dia 16 de março de 1978, quando se dirigia para a solenidade de posse como Chefe de Governo de Giulio Andreoti, o líder da Democracia Cristã (DC), Aldo Moro, que apoiava um governo de coalizão com o Partido Comunista Italiano, foi sequestrado em Roma pelas Brigadas Vermelhas e levado para um cativeiro, onde viveu junto com toda a Itália 55 dias de tensão. Ao longo desses dias, as Brigadas Vermelhas tentaram realizar um julgamento popular do sequestrado, bem como exigiam a liberação de militantes presos.

Ignorando os inúmeros e dramáticos pedidos de Moro e da opinião pública italiana, o governo foi inflexível e se recusou a dialogar com os terroristas. Esta recusa teve por resultado a controversa decisão da organização de executar Aldo Moro, assassinado por seus integrantes por meio de 11 tiros. Seu corpo foi encontrado dentro de um carro abandonado na Via Caetani, uma rua localizada entre a sede central dos Democratas Cristãos e do Partido Comunista Italiano em Roma. Moro, que foi duas vezes primeiro-ministro, era um intelectual e hábil negociador, além de ser considerado também uma das personalidades mais eminentes de sua geração. Seu assassinato gerou grande comoção e insegurança entre a população italiana.

A notícia de sua morte foi também um golpe terrível na frágil estabilidade das estruturas políticas da Itália de então, dado que Moro era um homem respeitado não só entre os partidários da Democracia Cristã, como também por diversas personalidades da esquerda italiana e europeia. Dentre as nações que oficialmente manifestaram pesar e condenaram a ação cometida pelas Brigadas Vermelhas em nome de seus ideários revolucionários, se encontrava a União Soviética.

Por Italo Magno Jau. Coautoria de Carlos Frankiw.