Agim Shala: criança é entregue aos pais em um campo de refugiados

Agim Shala, de apenas 2 anos de idade, sendo passado pelo arame farpado pelos braços de seus avós no Campo de Refugiados na Albânia, 1999. A fotografia ganhou o prêmio Pulitzer do Washington Post e foi reconhecida como um símbolo da Guerra do Kosovo.

A Guerra do Kosovo e a fuga da família de Agim Shala

Durante a guerra do Kosovo, a comunidade albanesa lutava pela independência da província contra as forças de segurança sérvia (Iugoslávia), os familiares de Agim Shala precisaram migrar para o Campo de Refugiados de Kukes, Albânia. Infelizmente os avós de Agim Shala não puderam entrar no campo até que uma ordem fosse liberada. Para que o neto pudesse ficar protegido, eles o passaram por um buraco no arame farpado.

A tensão entre os separatistas albaneses e o governo da Iugoslávia, comandado pelo presidente Slobodan Milosevic, aumentou no final de 1998, quando o Exército de Libertação do Kosovo intensificou suas ações e passou a controlar parte da província. Naquele mesmo ano, negociações começaram a ocorrer entre os separatistas albaneses, o exército de Milosevic e algumas potências mundiais.

Durante as negociações ficou acertado que seria reconhecida a autonomia do Kosovo e tropas de paz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) substituiriam as tropas sérvias, para que o acordo de paz entrasse em vigor. Contudo, o acordo fracassou, visto que os sérvios aceitaram reconhecer a autonomia do Kosovo, mas tal acordo fora negado pelo grupo separatista albanês e, ao mesmo tempo, o exército sérvio negou a presença das tropas de paz da OTAN, intensificando ainda mais o conflito e iniciando a Guerra do Kosovo em 24 de março com a invasão da Iugoslávia pela OTAN.

Foto: Carol Guzy/Washington Post/Getty Images

Um pequeno republicano marcha durante a Guerra Civil Espanhola

Um pequeno republicano marcha pelas ruas de um vilarejo não identificado durante a Guerra Civil Espanhola.

O front republicano e a Guerra Civil Espanhola

A Guerra Civil Espanhola (1936-39), foi uma revolta militar contra o governo republicano da Espanha, apoiado por elementos conservadores dentro do país. Quando um golpe militar inicial não conseguiu tomar o controle de todo o país, uma sangrenta guerra civil se sucedeu. Os nacionalistas receberam apoio da Alemanha nazista. Os republicanos receberam ajuda da União Soviética, bem como de Brigadas Internacionais, compostas por voluntários da Europa e dos Estados Unidos.

Os nacionalistas, com amplo apoio bélico, sobretudo da poderosa Alemanha e de sua Legião Condor, avançaram implacavelmente, enfrentando uma feroz resistência republicana, composta de milícias com armas inferiores e treinamento militar inadequado. O governo republicano recuou de Madri para Valência até, finalmente, se exilar em Barcelona no ano de 1937. Milhares de espanhóis de esquerda foram forçadas ao exílio, sendo que muitos deles fugiram para campos de refugiados no sul da França. Foi estabelecida uma ditadura liderada pelo general Francisco Franco e, no rescaldo da guerra, todos os partidos de direita foram fundidas na estrutura do regime ditatorial. Franco governou a Espanha pelos 36 anos seguintes, até a data de sua morte em 20 de novembro de 1975.

Werfel, órfão de apenas 6 anos e seus sapatos novos

Werfel, órfão de apenas 6 anos e seus sapatos novos

O exato momento em que o órfão de 6 anos recebe seus novos sapatos

Werfel de apenas 6 anos, austríaco e órfão, abraça seu mais novo par de sapatos. Fotografia tirada por Gerald Waller, 1946.

Na foto de Gerald Waller, um momento único em meio ao cenário difícil: Werfel de apenas 6 anos, austríaco e órfão, abraça seu mais novo par de sapatos, entregues pela Cruz Vermelha.

O garoto órfão e os tempos difíceis após o fim da Segunda Guerra Mundial

Após o horror deixado pela Segunda Guerra Mundial, inicia-se o período de reconstrução; reconstrução de países, de cidades, casas, famílias, enfim, reconstrução da vida. Em meio ao caos pós guerra, milhares de crianças são enviadas para orfanatos à espera do reencontro com seus parentes ou para aguardar uma nova família. Se a vida com os familiares era difícil nesse período, em um orfanato que vivia de caridade deveria ser ainda pior. Uma única foto misturou alegria e tristeza de tempos difíceis.

Foto: “Werfel’s first pair of new shoes”. Gerard Waller/
LIFE Magazine, 1946.
Aitzaz Hasan –  o verdadeiro herói

Aitzaz Hasan – o verdadeiro herói

Hasan, um garoto paquistanês de apenas 15 anos, nunca foi uma personalidade conhecida em seu país. Contudo, no dia 6 de janeiro de 2014, tudo mudou. Aitzaz Hasan e seus amigos estavam do lado de fora da escola em Ibrahimzai, noroeste paquistanês, quando avistaram um terrorista suicida vestido com um colete repleto de explosivos, cujo objetivo era detonar o artefato explosivo no meio de cerca 2.000 crianças que estavam no interior da escola.

Seguindo o instinto básico da sobrevivência humana, os jovens adolescentes fugiram. Menos Aitzaz Hasan. Proferiu suas últimas palavras (“estou indo para impedi-lo. Ele está indo para a escola para matar os meus amigos”) e, sem hesitar, o pequeno herói foi ao encontro do terrorista, iniciando uma luta corporal que resultou na detonação da bomba, matando ambos. Aitzaz Hasan transcendeu. A virtude da coragem emanada do adolescente de 15 anos sobrepujou o ato de extrema covardia e fanatismo religioso que o terrorista estava prestes a concretizar. Hasan se transformou em um verdadeiro mártir e exemplo para o mundo, alcançando a imortalidade. Como já havia dito Sêneca: O ponto não é quanto tempo você vive, mas como nobremente você vive.

Hasas Aitzaz

A foto do estudante Aitzaz Hasaz é colocada junto aos seus colegas na escola que ele ajudou a salvar no Paquistão.

Hasan não possuía características comuns aos grandes heróis da História, tais como a beleza e o carisma contundentes. Tampouco foi citado como “herói” em algum discurso eloquente proferido por algum apresentador de reality show. Hasan era um bom estudante e vivia uma vida simples, sem grandes aspirações, no pacato noroeste do Paquistão. Medalhas e condecorações seriam pouco para compensar o ato de heroísmo deste jovem.

“O verdadeiro heroísmo é extremamente sóbrio, muito pouco dramático. Não é a vontade de superar todos os outros a qualquer custo, mas o desejo de servir aos outros a qualquer custo.” – Arthur Ashe

Referências:
BBC News. Aitzaz Hasan: Tributes to Pakistan teenager killed when he stopped a bomber.
G1. Jovem que morreu para salvar escola será condecorado no Paquistão.
Hans-Georg Henke: o soldado menino

Hans-Georg Henke: o soldado menino

Hans-Georg Henke: o soldado menino

Hans-Georg Henke: o soldado menino. A tristeza nos olhos de Hans dizem muito. Ele era apenas uma criança lutando em uma guerra de adultos. Foto: John Florea/LIFE Magazine/Getty Images.

A Segunda Guerra Mundial foi uma das guerras mais cruéis pela qual o mundo passou. Não foi um conflito só entre países, envolvendo apenas as partes beligerantes na figura de seus soldados. A guerra estava em todos os âmbitos, nas cidades, dentro das casas e envolvia todos para o conflito, inclusive as crianças e os adolescentes como o garoto Hans-Georg Henke, com apenas 15 anos de idade na época.

Hans-Georg Henke

Hans-Georg Henke pode ser considerado a imagem dessa face cruel da guerra que levou inúmeras crianças e adolescentes à frente de batalha. Em todas as fotos, tiradas quando Henke foi capturado pelos soldados soviéticos, é mostrada apenas uma criança assustada e sem rumo em meio ao caos e aos bombardeios advindos das tropas inimigas. Hans caíra em lágrimas quando percebeu que seu mundo havia ruído; tudo a sua volta estava desmoronando e seu país não era mais o mesmo.

Quando entrou para a Luftwaffe, Georg tinha apenas 14 anos. Ele não se alistara porque gostava da guerra, mas pelo fato de precisar sobreviver. Seu pai morrera em 1938, sua mãe em 1944 e, posteriormente, ele se separara dos irmãos, ficando sozinho em um país em guerra. Henke entrou para o esquadrão anti-aéreo alemão para se sustentar e quando o conflito acabou, o menino de 15 anos teve que andar 60 milhas (cerca de 96 km), buscando alcançar as linhas americanas, pois tinha medo de ser capturado pelos soviéticos. Por fim, seu medo se concretizou em 3 de abril de 1945, quando foi capturado por uma tropa soviética. No momento da captura, em meio aos bombardeios contra seus companheiros de batalha, diversas fotografias foram tiradas pelo fotógrafo John Florea, transformando o semblante de Henke conhecido como um dos símbolos das dificuldades proporcionadas pela guerra.

Final do conflito

Após o fim do conflito e já capturado, os soviéticos alimentaram o menino e outros soldados que estavam com ele e depois mandaram que todos fossem para suas casas. Hans-Georg voltou para sua cidade natal em Finsterwalde, onde se reencontrou com os dois irmãos e iniciou uma nova vida. Faleceu em 6 de outubro de 1997, após ter tido uma vida plena. Apesar dos anos que passaram e deixaram para trás a realidade cruel que vitimou crianças e adolescentes na gurra, as fotos do menino de 15 anos eternizaram para sempre o semblante de uma criança em meio à Segunda Guerra Mundial.

Referências:
Soldier in Tears. Getty Images.
Zennie, Michael. A fifteen year old German soldier, Hans-Georg Henke, cries. Daily Mail, 2011.
Crying Soldier of 16 is East German Communist.