por | 12/11/2013 | Artes, Atualidades, Música, Personalidades, Século XXI
Milhares de pessoas assistiram ao primeiro concerto realizado ao ar livre por uma banda de rock norte-americana em Cuba desde a revolução comunista de 1959.
Inimigos ideológicos durante mais de quatro décadas, Cuba e Estados Unidos foram protagonistas de um momento único na história da música e da política de ambos os países no dia 06 de maio de 2005, quando a banda americana de rock Audioslave se apresentou gratuitamente ao ar livre na capital cubana.
O histórico show do Audioslave em Havana
O Audioslave tocou na Plaza Tribuna Antimperialista José Martí, local especialmente construído por ordem de Fidel Cadastro para a realização de comícios e manifestações do povo cubano, incluindo protestos em massa contra o governo dos EUA. O concerto, autorizado pelo Instituto Cubano de La Musica e por autoridades norte-americanas, atingiu a juventude cubana e foi acompanhado de perto por mais de 60.000 pessoas. O rock já foi visto com uma grande dose de desconfiança em Cuba. Durante os anos 1960 e 1970, ter cabelos longos ou possuir um álbum dos Beatles era considerado quase uma atitude contrarrevolucionária pelas autoridades da ilha. Restrições recíprocas entre os governos dos EUA e de Cuba muitas vezes impossibilitaram o intercâmbio musical entre ambos os países.
Durante a apresentação, o Audioslave tocou 26 músicas (sendo que 18 estão no DVD). Grandes sucessos, incluindo Like a Stone, Your Time Has Come, Be Yourself e Gasoline, além de uma seleção de músicas antigas dos grupos precursores do Audioslave (Soundgarden e Rage Against the Machine), inflamaram a multidão presente ao longo da beira-mar de Havana.
O grupo californiano, criado em 2001 e dissolvido em 2007, era composto por Chris Cornell (vocalista), Tom Morello (guitarrista), Tim Commerford (backing vocal e baixista) e Brad Wilk (bateirista). Em seus seis anos de existência, o Audioslave lançou três álbuns (Audioslave, Out of Exile e Revelations) e recebeu três nomeações ao Grammy.
Imagens do show do Audioslave em Cuba.
Atualmente, Havana possui uma estátua de John Lennon. Já em 2001, quando o grupo britânico Manic Street Preachers tocou em Cuba, Fidel Castro estava sentado na primeira fila.
por | 09/10/2013 | Biografias, Personalidades, Política, Século XX
“Aqui Radio Rebelde! Aqui Radio Rebelde!”
Che Guevara na Radio Rebelde em Sierra Maestra
A estação de rádio clandestina conhecida como Radio Rebelde foi fundada em 24 de fevereiro de 1958 pelo Comandante Ernesto Guevara de la Serna, o Che Guevara, em Altos de Conrado, Sierra Maestra, província oriental de Cuba. A primeira transmissão durou 20 minutos e foi imortalizada na radiodifusão cubana com a chamada “Aqui Radio Rebelde! Aqui Radio Rebelde! Transmitiendo desde la Sierra Maestra en territorio libre de Cuba”. Che Guevara supostamente teria ficado impressionado com o poder das comunicações via rádio depois de analisar o papel fundamental que a estação clandestina La Voz de la Liberación, implantada pela CIA na Guatemala, exerceu na queda do governo de Jacobo Arbenz em 1954.
A Rádio Rebelde foi imprescindível para o sucesso da Revolução Cubana, vez que com a intensificação dos conflitos, o governo aumentou a censura sobre a imprensa cubana. Fidel Castro e sobretudo Che Guevara, sabiam que uma estação de rádio era a única maneira de falar diretamente com o povo. Na Rádio Rebelde, longos discursos e entrevistas de Fidel Castro eram transmitidas aos cubanos, que passaram a confiar na rádio, fazendo com que a audiência alcançasse proporções gigantescas. Nas cidades e vilas, as pessoas fechavam as janelas para sintonizar a programação veiculada entre 17 e 21 horas.
Che Guevara, responsável pela Radio Rebelde em Sierra Maestra, durante a Revolução Cubana.
Em 9 de abril de 1958, a estação clandestina inflamou os trabalhadores de Havana para uma greve geral, com o intuito de que a economia do país fosse paralisada. Contudo, o apelo não surtiu tanto efeito entre os habaneros, fazendo com que a tentativa de rebelião fosse rapidamente esmagada pelas forças do governo. O fracasso da rebelião de abril deixou Fidel Castro convencido de que a revolução só poderia ser vencida no campo de batalha.
A tomada de Havana
Na véspera do Ano Novo de 1958, a estação transmitiu os primeiros relatos da tomada de Santa Clara pela coluna de Che Guevara. Já no primeiro dia de 1959, Fidel Castro reiterou o pedido de greve geral e rechaçou todas as tentativas de negociação dos militares, que almejavam um golpe de estado para substituir o presidente Fulgêncio Batista por um general do Exército. Fidel reforçou a ordem para que sua força revolucionária invadisse a cidade de Havana e tomasse o controle. Em poucas horas, o exército cubano se rendeu, Batista fugiu e a Revolução Cubana triunfou.
Aniversário da Rádio Rebelde
Durante a celebração do décimo quinto aniversário de fundação, Fidel disse: “…a Rádio Rebelde tornou-se realmente nosso meio de divulgação massiva, com o qual nós nos comunicamos com o povo e se transformou em uma estação com altos índices[…]de maneira que era um centro de comunicações militares extremamente importante, além de ter sido uma ferramenta de enorme alcance que desempenhou um papel político muito importante durante toda a guerra…”.
Atualmente, a Radio Rebelde transmite 24 horas por dia uma programação essencialmente informativa, dedicada principalmente à eventos esportivos nacionais e internacionais. A estação está localizada no prédio do Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT), em Havana, capital de Cuba.