As humilhações pós-Segunda Guerra Mundial

As humilhações pós-Segunda Guerra Mundial

Essa imagem retrata apenas algumas das muitas mulheres que sofreram violência e humilhações ao final da Segunda Guerra.

Mulher humilhada, com a cabeça raspada por ter se relacionado com o inimigo — alemão — e, dessa relação, ter nascido um filho. Agosto de 1944. Foto: Robert Capa/Getty Images/LIFE

O nome de Robert Capa é comumente relacionado às históricas fotos de combates, especialmente aquelas tiradas durante a Operação Overlord, conhecida como “Dia D”. Contudo, como fotógrafo preocupado em retratar os mínimos detalhes da sociedade daquela época, Capa também se preocupou em mostrar os resultados da Segunda Guerra Mundial.

Durante a libertação da França, o fotógrafo registrou as humilhações sofridas por aqueles que foram acusados de manter a chamada “Colaboração Horizontal”. No caso das mulheres, a colaboração horizontal dizia respeito em manter relações sexuais com o inimigo — nazistas — durante a ocupação.

A punição era a raspagem à força da cabeça em público, cuja plateia entoava insultos e severas humilhações. Milhares de pessoas passaram por esse tipo de situação; outros tantos sofreram ainda mais, sendo espancados e até mesmo mortos. Porém é fato que todos os acusados foram humilhados.

A prática de raspar a cabeça como retaliação remonta a Idade Média, quando mulheres acusadas de adultério eram desnudadas e tinham o símbolo de sua beleza — os cabelos — raspados. A punição foi reintroduzida, novamente, como castigo no início do século XX. Os próprios alemães aplicaram essa retaliação às mulheres que tiveram filhos com soldados das tropas francesas invasoras da Renânia em 1923.

Igualmente, no decorrer da Segunda Guerra, o Estado nazista também puniu alemãs que mantinham relações com não-arianos e prisioneiros. Ao final da guerra, durante a libertação francesa, Capa registrou a prática em solo francês, demonstrando que a ferida provocada pela guerra acabou pressionando o oprimido — povo — também a tomar medidas opressoras.

Referências:
– HOZ, Felipe De La.”Robert Capa Reveals an Ugly Side of Liberation in WWII France“. Life Magazine.
– BEEVOR, Antony. “An ugly carnival“. The Guardian.
O Massacre de Oradour-Sur-Glane

O Massacre de Oradour-Sur-Glane

Carro queimado durante o massacre de soldados nazistas da Alemanha durante o verão de 1944 permanece na cidade de Oradour-Sur-Glane, França.

Carro queimado durante o massacre de soldados nazistas da Alemanha durante o verão de 1944 permanece na cidade de Oradour-Sur-Glane, França.

O massacre de Oradour-Sur-Glane ocorreu em 10 de junho de 1944, quatro dias após o Dia D. Um destacamento do 1º Batalhão do 4º Regimento Panzergrenadier da Waffen-SS foi responsável pelo assassinato de 642 pessoas da pequena aldeia, sendo considerado o maior massacre de civis realizado na França por alemães durante a Segunda Guerra Mundial.

O Massacre de Oradour-Sur-Glane

Cerca de 120 soldados alemães sob o comando de Adolf Diekmann cercaram Oradour-Sur-Glane e fizeram com que os moradores se agrupassem no centro da cidade, onde, inicialmente, aconteceria uma verificação de documentos rotineira. Após reunirem os habitantes, soldados da SS os dividiram sob o pretexto de que iriam procurar armas, munições e mercadorias proibidas. Grupos de cerca de 30 homens foram levados para garagens e celeiros, onde foram fuzilados. Cerca de 450 mulheres e crianças foram trancadas dentro da única igreja, que logo em seguida ardeu em chamas. Pessoas que tentavam fugir eram fuziladas pelos soldados alemães. Também houve relatos de vários estupros durante o ataque. A justificativa alemã para o massacre é que na aldeia se encontrava um oficial alemão em poder da resistência francesa (maquis), hipótese que nunca foi confirmada.

Até o início dos anos 1960, Oradour-Sur-Glane viveu um luto permanente, se tornando uma cidade fantasma, onde não se celebrou comunhões, batismos ou casamentos, tampouco foi realizada alguma atividade festiva. Suas ruínas são um memorial. 318 edifícios da cidade foram destruídos durante o massacre. O comandante da SS Adolf Diekmann , responsável por este crime, não chegou a ser julgado, vez que morreu em combate durante a Batalha da Normandia, dia 29 de junho de 1944.

Ruínas da igreja da aldeia de Oradour-Sur-Glane.

Ruínas da igreja da aldeia de Oradour-Sur-Glane.

Parte interior da igreja em Oradour-Sur-Glane, França.

Parte interior da igreja.

Ruas abandonadas do vilarejo.

Ruas abandonadas da aldeia.

Imagem aérea das ruínas da cidade-memória de Oradour-Sur-Glane.

Imagem aérea das ruínas da cidade-memorial de Oradour-Sur-Glane.

O Museu de Imagens buscou informações para creditar as imagens, contudo, nada foi encontrado. Caso saiba alguma informação a respeito da autoria, por gentileza, entrar em contato.
Referências:
BBC World at War – Documentário
Oradour.info
Imagens coloridas da invasão da França em 1944

Imagens coloridas da invasão da França em 1944

Soldados engenheiros americanos se alimentam usando caixas de munição armazemadas para a invasão da Normandia e início da Operação Overlord (Dia D). Maio de 1944.

Soldados engenheiros americanos se alimentam usando como mesa caixas de munição armazenadas para a invasão da Normandia e início da Operação Overlord (Dia D). Maio de 1944. ©

A maioria das fotos foram tiradas pelo fotógrafo da revista LIFE Frank Scherschel, que focou seu trabalho em cenas menos conhecidas que antecederam e sucederam o Dia D. Frank Scherschel (1907-1981), além da invasão da Normandia, também fotografou a guerra no Pacífico, o casamento da princesa Elizabeth em 1947, a Convenção Nacional Democrática 1956, a agricultura coletiva na Checoslováquia, o primeiro-ministro britânico Sir Winston Churchill, além de inúmeras outras pessoas e eventos.

A Invasão da França

Apesar do “Dia D” ser o evento mais conhecido durante a invasão da França em 1994, inúmeras operações militares dos Aliados de grande importância também se deram nos meses seguintes. Estabelecer a cabeça-de-ponte na Normandia era vital, contudo, foi apenas o primeiro passo. Nos três meses que sucederam o Dia D, as forças aliadas lançaram uma série de ofensivas adicionais para avançar mais para o interior, enfrentando forte resistência alemã e contando com obstáculos naturais difíceis de serem transpostos, como foi o caso da vegetação de sebes espessas. No final da campanha e ao custo de muitas baixas, a sangrenta e prolongada pela retomada do território francês foi considerada como uma vitória decisiva para os Aliados, que por sua vez abriu o caminho para a libertação de outros países do noroeste da Europa.

Soldado americano empilha galões de gasolina que serão utilizados na invasão da Normandia. Stratford-upon-Avon, Inglaterra. Maio de 1944.

Soldado americano empilha galões de gasolina que serão utilizados na invasão da Normandia. Stratford-upon-Avon, Inglaterra. Maio de 1944. ©

Soldados americanos marcham através de uma cidade do litoral sul da Inglaterra para embarcarem nos navios com destino à Normandia.

Soldados americanos marcham através de uma cidade do litoral sul da Inglaterra para embarcarem nos navios com destino à Normandia. Créditos: Army Signal Corps Collection/U.S. National Archives.

Um capelão do Exército dos Estados Unidos ajoelha perto de uma soldado ferido durante a invasão da França em 1944.

Um capelão do Exército dos Estados Unidos se ajoelha perto de uma soldado ferido durante a invasão da França em 1944. ©

Soldados Aliados posam para foto juntamente com a população local durante a invasão da França em 1944.

Soldados Aliados posam para foto juntamente com a população local durante a invasão da França em 1944. ©

Tripulação de um tanque americano descansa perto da cidade de Avranches, Normandia, durante o verão de 1944.

Tripulação de um tanque americano descansa perto da cidade de Avranches, Normandia, durante o verão de 1944. ©

Prisioneiros alemães capturados durante a invasão da França em junho de 1944.

Prisioneiros alemães capturados durante a invasão da França em junho de 1944. ©

À esquerda, casal francês compartilha conhaque com a tripulação de um tanque americano no norte da França. À direita, tripulação de um blindado participa das comemorações pela libertação de Paris estacionado embaixo do monumento Arco do Triunfo.

À esquerda, casal francês compartilha conhaque com a tripulação de um tanque americano no norte da França. À direita, tripulação de um blindado participa das comemorações pela libertação de Paris estacionado embaixo do monumento Arco do Triunfo. ©

Caminhão militar americano é acompanhado por um ciclista na Champs-Elysées no dia da libertação da França do domínio da Alemanha nazista.

Caminhão militar americano é acompanhado por um ciclista na Champs-Elysées no dia da libertação da França do domínio da Alemanha nazista. ©

Cidadãos franceses vão para as ruas comemorar a libertação da França em agosto de 1944.

Cidadãos franceses vão para as ruas comemorar a libertação da França em agosto de 1944. ©

© Frank Scherschel -Time Life Pictures / Getty Images.

VÍDEO: 10 IMAGENS INCRÍVEIS DO DIA D

Referências:
Before and After D-Day: Color Photos From England and France, 1944 | LIFE.com
Dia D – a maior invasão marítima da História

Dia D – a maior invasão marítima da História

Soldados americanos se aproximam da praia de Omaha com suas armas embaladas em sacos plásticos para mantê-las secas.

Soldados americanos se aproximam da praia de Omaha com suas armas embaladas em sacos plásticos para mantê-las secas durante o Dia D. Créditos: Regional Council of Basse-Normandie/U.S. National Archives.

Na manhã do dia 06 de junho de 1944, a maior invasão marítima da História ocorreu nas praias da costa da Normandia, França, sendo a data conhecida como o “Dia D”. A operação militar teve um papel fundamental para a libertação da França e para a consequente vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.

A Operação Overlord (Dia D)

Com uma cooperação sem precedentes entre as forças armadas internacionais, os Aliados lançaram forças navais, aéreas (paraquedistas e bombardeios) e tropas de assalto terrestre durante a operação Overlord, codinome dado ao desembarque aliado nas praias da Normandia, marcou o início de uma longa e dispendiosa campanha para libertar a a costa leste da Europa da ocupação alemã e abrir um novo front de batalha, enfraquecendo assim, as defesas do eixo. Além do desembarque de forças forças aerotransportadas em pára-quedas por zonas em todo o norte da França, tropas terrestres tomaram de assalto cinco praias na Normandia, de codinome Utah, Omaha, Ouro, Juno e Sword. Até o final do dia, os Aliados tinham estabelecido uma cabeça-de-ponta ao longo da costa francesa e poderiam iniciar o avanço rumo ao interior do continente.

O Comandante da Operação Overlord, General Dwight D. Eisenhower, na véspera do embarque para o Dia D, discursou para as tropas:

“Vocês estão prestes a embarcar na Grande Cruzada para a qual temos empenhado todos esses meses. Os olhos do mundo estarão sobre vocês. As esperanças e orações de pessoas amantes da liberdade em todos os lugares marcharão com vocês. […] Tenho plena confiança na coragem, devoção ao dever e habilidade no campo de batalha de vocês.”

Tropas americanas desembarcam de um navio Higgins na praia de Omaha na manhã de 6 de junho de 1944.

Tropas americanas desembarcam de um navio Higgins na praia de Omaha na manhã de 6 de junho de 1944. Créditos: U.S. Navy/Raleigh News & Observer/MCT.

Uma aeronave A-20 do 416º Grupo de Bombardeio da Força Aérea dos EUA lança bombas em posições inimigas durante o Dia D.

Uma aeronave A-20 do 416º Grupo de Bombardeio da Força Aérea dos EUA lança bombas em posições inimigas durante o Dia D. Créditos: U.S. Army.

Vista aérea da invasão da Normandia. Créditos: U.S. Air Force.

Vista aérea da invasão da Normandia. Créditos: U.S. Air Force.

13 navios classe Liberty são deliberadamente afundados pelos Aliados para formar um quebra-mar artificial e proteger o desembarque durante o Dia D. Créditos: AP Photo.

13 navios classe Liberty são deliberadamente afundados pelos Aliados para formar um quebra-mar artificial e proteger o desembarque durante o Dia D. Créditos: AP Photo.

Um projétil de 88mm explode na praia de Utah enquanto soldados americanos tentam se proteger do fogo inimigo.

Um projétil de 88mm explode na praia de Utah enquanto soldados americanos tentam se proteger do fogo inimigo. Créditos: Regional Council of Basse-Normandie / U.S. National Archives.

Soldado americano morto na praia de Omaha no dia 6 de junho de 1944. Ao seu lado, um rifle semi-automático M1 e outro modelo M1903.

Soldado americano morto na praia de Omaha no dia 6 de junho de 1944. Ao seu lado, um rifle semi-automático M1 e outro modelo M1903. Créditos: National Archives and Records Administration.

Soldados feridos do 3º Batalhão do 16º Regimento de Infantaria da Primeira Divisão de Infantaria recebem cigarros e comida após a invasão da praia de Omaha no Dia D no dia 6 junho de 1944.

Soldados feridos do 3º Batalhão do 16º Regimento de Infantaria da Primeira Divisão de Infantaria recebem cigarros e comida após a invasão da praia de Omaha no Dia D no dia 6 junho de 1944. Créditos: Army Signal Corps Collection in the U.S. National Archives. SC 189910.

Após a invasão, soldados Aliados recolhem seus companheiros mortos das praias da Normandia.

Após a invasão, soldados Aliados recolhem seus companheiros mortos das praias da Normandia. Créditos: U.S. National Archives.

Milhares de tropas, veículos e equipamentos militares são descarregados na costa da Normandia após o êxito do invasão à costa francesa.

Milhares de tropas, veículos e equipamentos militares são descarregados na costa da Normandia após o êxito do invasão à costa francesa. Créditos: Regional Council of Basse-Normandie/U.S. National Archives.

VÍDEO: 10 IMAGENS INCRÍVEIS DO DIA D

Referências:
National Archives and Records Administration
Boston Big Picture
War History 1944. Normandy Battlefield Tours.