A Gripe Espanhola
A epidemia de gripe espanhola (janeiro de 1918 – dezembro de 1920) atingiu todos os continentes e infectou cerca de 500 milhões de pessoas, causando cerca de 50 milhões de mortes (algumas fontes citam que o número de fatalidades pode ter atingido 100 milhões). Ao contrário da maior parte dos vírus de gripe, que atacam desproporcionalmente crianças, idosos e pacientes doentes, a estirpe mutante do vírus H1N1 de 1918 matou predominantemente jovens saudáveis com idades entre 20 e 40 anos. Durante a Primeira Guerra Mundial, a imprensa nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha era censurada e minimizava os dados sobre a doença, contudo, na Espanha (país neutro no conflito), jornais noticiavam livremente as taxas de mortalidade, fato que criou uma falsa impressão o território espanhol era o mais afetado pela epidemia, que acabou recebendo a alcunha de Gripe Espanhola.
A primeira vítima diagnosticada com a mutação mais agressiva do vírus foi o soldado Albert Gitchell, lotado no campo militar de Fort Riley, Kansas, local de treinamento para tropas americanas que eram enviadas para as frentes de batalha durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1999, uma equipe liderada pelo virologista John Oxford, identificou que o hospital de campanha em Étaples, França, teria sido o centro da epidemia de Gripe Espanhola. Os pesquisadores postularam que um significante precursor do vírus, que se hospedava em pássaros, realizou mutação em porcos que eram mantidos perto do front. No Brasil, acredita-se que a o vírus tenha chegado por ocasião do navio inglês Demerara, que havia atracado em Recife e em Salvador em 1918. O grande fluxo migratório que o Brasil recebia também é apontado como um das causas do alastramento da epidemia de gripe.