por | 09/10/2013 | Biografias, Personalidades, Política, Século XX

“Aqui Radio Rebelde! Aqui Radio Rebelde!”
Che Guevara na Radio Rebelde em Sierra Maestra
A estação de rádio clandestina conhecida como Radio Rebelde foi fundada em 24 de fevereiro de 1958 pelo Comandante Ernesto Guevara de la Serna, o Che Guevara, em Altos de Conrado, Sierra Maestra, província oriental de Cuba. A primeira transmissão durou 20 minutos e foi imortalizada na radiodifusão cubana com a chamada “Aqui Radio Rebelde! Aqui Radio Rebelde! Transmitiendo desde la Sierra Maestra en territorio libre de Cuba”. Che Guevara supostamente teria ficado impressionado com o poder das comunicações via rádio depois de analisar o papel fundamental que a estação clandestina La Voz de la Liberación, implantada pela CIA na Guatemala, exerceu na queda do governo de Jacobo Arbenz em 1954.
A Rádio Rebelde foi imprescindível para o sucesso da Revolução Cubana, vez que com a intensificação dos conflitos, o governo aumentou a censura sobre a imprensa cubana. Fidel Castro e sobretudo Che Guevara, sabiam que uma estação de rádio era a única maneira de falar diretamente com o povo. Na Rádio Rebelde, longos discursos e entrevistas de Fidel Castro eram transmitidas aos cubanos, que passaram a confiar na rádio, fazendo com que a audiência alcançasse proporções gigantescas. Nas cidades e vilas, as pessoas fechavam as janelas para sintonizar a programação veiculada entre 17 e 21 horas.

Che Guevara, responsável pela Radio Rebelde em Sierra Maestra, durante a Revolução Cubana.
Em 9 de abril de 1958, a estação clandestina inflamou os trabalhadores de Havana para uma greve geral, com o intuito de que a economia do país fosse paralisada. Contudo, o apelo não surtiu tanto efeito entre os habaneros, fazendo com que a tentativa de rebelião fosse rapidamente esmagada pelas forças do governo. O fracasso da rebelião de abril deixou Fidel Castro convencido de que a revolução só poderia ser vencida no campo de batalha.
A tomada de Havana
Na véspera do Ano Novo de 1958, a estação transmitiu os primeiros relatos da tomada de Santa Clara pela coluna de Che Guevara. Já no primeiro dia de 1959, Fidel Castro reiterou o pedido de greve geral e rechaçou todas as tentativas de negociação dos militares, que almejavam um golpe de estado para substituir o presidente Fulgêncio Batista por um general do Exército. Fidel reforçou a ordem para que sua força revolucionária invadisse a cidade de Havana e tomasse o controle. Em poucas horas, o exército cubano se rendeu, Batista fugiu e a Revolução Cubana triunfou.
Aniversário da Rádio Rebelde
Durante a celebração do décimo quinto aniversário de fundação, Fidel disse: “…a Rádio Rebelde tornou-se realmente nosso meio de divulgação massiva, com o qual nós nos comunicamos com o povo e se transformou em uma estação com altos índices[…]de maneira que era um centro de comunicações militares extremamente importante, além de ter sido uma ferramenta de enorme alcance que desempenhou um papel político muito importante durante toda a guerra…”.
Atualmente, a Radio Rebelde transmite 24 horas por dia uma programação essencialmente informativa, dedicada principalmente à eventos esportivos nacionais e internacionais. A estação está localizada no prédio do Instituto Cubano de Rádio e Televisão (ICRT), em Havana, capital de Cuba.
por | 04/10/2013 | Personalidades, Política, Século XX, Terrorismo

Corpo de Aldo Moro é abandonado com 11 tiros dentro de um carro na Via Caetani, uma rua localizada entre a sede central dos Democratas Cristãos e do Partido Comunista Italiano.
Entre fins dos anos 1960 e ao longo da década de 1970, diversos países da Europa Ocidental foram palcos do surgimento e atuação de diferentes organizações paramilitares radicais de esquerda surgidas em meio às efervescências do movimento estudantil desta época.
Organizações terroristas na Europa
Por meio da execução de audaciosos planos de ação armada, indo de sequestros de aviões e personalidades políticas e empresariais a assaltos a banco e atentados à bomba, estas organizações tentavam deflagrar o início de processos revolucionários socialistas nos países onde atuavam. Dentre estas organizações, as Brigadas Vermelhas, atuantes na Itália entre as décadas de 1960 e 1980, foram uma das mais famosas e temidas. Em um atribulado contexto de importantes transformações ocorridas em todo o mundo, organizações como as Brigadas Vermelhas se formaram tendo por inspiração direta diferentes ideários e práticas revolucionárias, como a Revolução Cubana e o maoismo, passando pela resistência vietcongue na Guerra do Vietnã e pelas variadas ações armadas desenvolvidas pelas guerrilhas latino-americanas em suas lutas contra as ditaduras então existentes no continente.
Marcadas por sua radicalidade, estas organizações paramilitares igualmente se singularizavam pelo desafio frontal que estabeleceram diante das linhas oficiais de atuação dos partidos comunistas existentes nos países em que atuavam à época. Alinhados e subordinados às diretrizes políticas oriundas da União Soviética, os partidos comunistas da Europa Ocidental nestes anos apregoavam a transição pacífica ao socialismo por meio da conquista democrática das instituições políticas, desestimulando qualquer tipo de atuação armada para a concretização deste objetivo.

Foto tirada quando Aldo Moro estava no cativeiro e enviada aos jornais italianos com o objetivo de pressionar o governo à mudar sua postura de não querer negociar com os terroristas sob nenhuma forma.
O sequestro e assassinato de Aldo Moro
Na década de 1970, as Brigadas Vermelhas foram responsáveis por um dos mais sombrios capítulos da história política italiana recente. No dia 16 de março de 1978, quando se dirigia para a solenidade de posse como Chefe de Governo de Giulio Andreoti, o líder da Democracia Cristã (DC), Aldo Moro, que apoiava um governo de coalizão com o Partido Comunista Italiano, foi sequestrado em Roma pelas Brigadas Vermelhas e levado para um cativeiro, onde viveu junto com toda a Itália 55 dias de tensão. Ao longo desses dias, as Brigadas Vermelhas tentaram realizar um julgamento popular do sequestrado, bem como exigiam a liberação de militantes presos.
Ignorando os inúmeros e dramáticos pedidos de Moro e da opinião pública italiana, o governo foi inflexível e se recusou a dialogar com os terroristas. Esta recusa teve por resultado a controversa decisão da organização de executar Aldo Moro, assassinado por seus integrantes por meio de 11 tiros. Seu corpo foi encontrado dentro de um carro abandonado na Via Caetani, uma rua localizada entre a sede central dos Democratas Cristãos e do Partido Comunista Italiano em Roma. Moro, que foi duas vezes primeiro-ministro, era um intelectual e hábil negociador, além de ser considerado também uma das personalidades mais eminentes de sua geração. Seu assassinato gerou grande comoção e insegurança entre a população italiana.
A notícia de sua morte foi também um golpe terrível na frágil estabilidade das estruturas políticas da Itália de então, dado que Moro era um homem respeitado não só entre os partidários da Democracia Cristã, como também por diversas personalidades da esquerda italiana e europeia. Dentre as nações que oficialmente manifestaram pesar e condenaram a ação cometida pelas Brigadas Vermelhas em nome de seus ideários revolucionários, se encontrava a União Soviética.
Por Italo Magno Jau. Coautoria de Carlos Frankiw.
por | 01/10/2013 | Personalidades, Religião, Século XX

A propriedade em Monte Carmelo foi completamente incendiada após o início da invasão. 84 pessoas morreram.
Em julho de 1993 foi realizado um cerco de 51 dias em Waco, contando com a participação do Exército dos Estados Unidos, FBI, ATF e da polícia do Texas. Em algumas horas, a propriedade estava incendiada e fortes explosões ocorreram, matando 84 pessoas, incluindo David Koresh. Apenas dez ocupantes de Monte Carmelo se salvaram.
David Koresh e a Seita Davidiana
A igreja Davidiana é uma seita com relações com a identidade cristã e bases remotas advindas dos Adventistas de Sétimo Dia, foi criada na década de 1950. Durante três décadas, essa pequena comunidade funcionou de forma pacífica, até que no final dos anos 1980, Vernon Howell, foi nomeado líder da seita. Em 1990, Howell alterou seu nome para David Koresh (que segundo ele mesmo dizia, significava “Ciro” em hebreu, nome de um antigo rei persa que permitiu que os judeus cativos na Babilônia retornassem a Israel). Koresh também era o nome que Cyrus Read Teed, ex-cabo do exército americano, adotou em 1870 quando fundou uma seita que durou por mais de cem anos. O nome da antiga Monte Carmelo foi alterado para “Rancho Apocalipse” e passou a usar de suas “prerrogativas divinas” para não dispensar prazeres vedados aos demais membros.
Tais prerrogativas incluiam assistir Jean-Claude Van Damme na televisão, consumir alimentos mais requintados e, sobretudo, possuir relações sexuais com mulheres adolescentes (uma de suas companheiras que conseguiu fugir contou que ele chegou a ter 18 esposas, sendo a maioria menores de idade). Com a premissa de evitar retaliações de ex-membros expulsos, Koresh ordenou a compra de várias armas automáticas (prática permitida no Texas). Em 1992, autoridades federais dos Estados Unidos iniciaram uma investigação contra a seita porque receberam a informação de estavam sendo produzidas metralhadoras na comunidade. Foi constatado que os davidianos possuíam um stand de tiro ao ar livre e que estocavam grandes provisões de alimento e munições, acreditando que logo se iniciaria um novo “Holocausto”. Koresh esteve por três vezes em Israel, e previa que tropas americanas invadiriam a Palestina, momento em que ele próprio se levantaria como um “anjo vingador”.
O Assédio de Waco
No final de 1992, a ATF (Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives) tomou frente no caso, suspeitando que a seita convertia armas semi-automaticas em automáticas, armazenava pólvora e outros produtos químicos utilizados como matérias-prima para fabricação de explosivos, além de adquirir equipamentos militares, como máscaras de gás e óculos de visão noturna.
Em julho de 1993, foram descobertas várias granadas de mão em uma encomenda interceptada pelo governo, destinada aos davidianos em Waco. O pacote foi novamente lacrado e entregue aos destinatários, para que assim fosse possível obter as devidas ordens judiciais para invadir a propriedade. A SWAT da ATF chegou a Monte Carmelo com um plano de assalto com duração inferior à um minuto. Porém, contrariando as expectativas, uma feroz resistência foi iniciada pelos davidianos, que mataram quatro agentes da ATF e perderam seis dos seus homens. Deu-se então início a um cerco de 51 dias, que contou com a participação do Exército dos Estados Unidos, FBI, da própria ATF e da polícia do Texas. Depois de infrutíferas tentativas de negociação, foi dada a ordem de invasão.
Um tanque rompeu o muro da propriedade e a parede da casa. Logo em seguida, bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas, fato que não causou maior efeito, vez que os davidianos estavam equipados com máscaras de proteção contra gases. A invasão então tomou rumos mais violentos. Em algumas horas, a propriedade estava incendiada e fortes explosões ocorreram, matando 84 pessoas, incluindo David Koresh. Apenas dez ocupantes de Monte Carmelo se salvaram.
por | 29/09/2013 | Fotógrafos, Guerras, Personalidades, Século XX

O fotógrafo da Associated Press Huynh Thanh My durante a Guerra do Vietnã, enquanto cobria um batalhão vietnamita, encurralado no delta do rio Mekong, em meio a uma plantação de arroz. Foto: Associated Press.
O fotógrafo da Associated Press Huynh Thanh My durante a Guerra do Vietnã, enquanto cobria um batalhão vietnamita, foi encurralado no delta do rio Mekong, em meio a uma plantação de arroz (foto acima).
Huynh Thanh My – fotógrafo de guerra no Vietnã
Cerca de um mês depois, no dia 10 de outubro de 1965, também durante uma batalha no delta do rio Mekong, Thanh foi ferido no peito e no braço. Enquanto esperava para ser evacuado de helicóptero, os vietcongues invadiram o posto de socorro improvisado e mataram os feridos, incluindo o jovem fotógrafo. Quase toda a imprensa de Saigon marchou em procissão no funeral de Huynh Thanh My, enterrado no cemitério Mac Dinh Ch. Anteriormente, em maio de 1965, Thanh já havia sido ferido por dois tiros de metralhadora que o acertaram no braço direito, durante um combate contra vietcongues no distrito de Phung Hiep, no delta do Rio Mekong. Ele acompanhava uma batalhão de reconhecimento vietnamita durante uma missão quando foi atingido, contudo, logo após ser liberado do hospital, voltou para a linha de frente.
Anteriormente, em maio de 1965, Thanh já havia sido ferido por tiros de metralhadora, contudo, havia retornado para a linha de frente logo quando foi liberado do hospital. Huynh morreu com apenas 28 anos de idade. Deixou mulher e uma filha de sete meses de idade. Seu irmão mais novo, Huynh Cong Ut, foi contratado pela Associated Press em 1965 e cobriu o resto da guerra, ganhando o Prêmio Pulitzer em 1973.
por | 26/09/2013 | Personalidades, Política, Religião, Século XX

João Paulo II discursa para mais de meio milhão de poloneses na Praça da Vitória no dia 2 de junho de 1979.
A primeira metade do pontificado do papa João Paulo II ficou marcada pela luta contra o comunismo na Polônia e nos países do Leste Europeu e do mundo.
O Discurso do Papa João Paulo II
Muitos poloneses consideram que o marco inicial da derrocada comunista foi o discurso de João Paulo II em 2 de Junho de 1979, quando falou a meio milhão de compatriotas em Varsóvia e destacou o trabalho do Solidarność (em português Solidariedade), primeiro movimento sindical não-comunista em um país comunista. Nos anos 1980 o Solidariedade constituiu um amplo movimento social anti-comunista. O avião de João Paulo II decolou de Roma em direção à Varsóvia no dia 2 de junho de 1979. Todas as igrejas da Polônia tocaram seus sinos em sinal de boas-vindas ao pontífice. João Paulo, ao desembarcar, ajoelhou-se e beijou o solo polonês. Foi recebido por Henryk Jablonski, chefe do Conselho de Estado da Polónia pelo Partido Operário Unificado Polaco, e pelo cardeal polônes Stefan Wyszynski.
Chegou as 16 horas à Praça da Vitória – lugar da primeira Santa Missa celebrada pelo Papa João Paulo II. Em sua homilia, foi ovacionado pela população e terminou seu discurso com as seguintes palavras: “E eu choro – eu que sou um filho da terra da Polônia e que sou também o Papa João Paulo II – Eu choro de todas os abismos deste milênio, eu choro na vigília de Pentecostes: deixe o seu Espírito descer! Deixe o seu Espírito descer! E renovai a face da terra. A face desta terra!”

Papa João Paulo II na Polônia durante missa na cidade de Czestochowa, junho de 1979. PAP.
A primeira peregrinação do Papa João Paulo II na Polônia deu origem a uma transformação política. Esperava-se que o “bispo rebelde de Roma” reacendesse as aspirações de liberdade dos poloneses. João Paulo II chegou a ser comparado com São Estanislau, ex-bispo de Cracóvia, santo e mártir da Igreja Católica, morto por desobediência à autoridade civil no ano de 1079.
“Sem o discurso de Wojtyla, o cenário teria sido diferente. O Solidariedade e o povo não teriam se sentido fortes e unidos para levar a luta adiante”, acredita o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. “Foi o papa que nos disse para não ter medo.” Dez anos depois, as eleições de 4 de Junho de 1989 foram uma “revolução sem sangue” e encorajaram outros países do bloco comunista a se libertarem de Moscou. A data tornou-se simbólica como o fim do socialismo real. O movimento sindical Solidariedade, liderado por Lech Walesa, obteve a vitória nas primeiras eleições parcialmente livres de todo o bloco comunista.

Praça “Vitória” (Victory Square ou Plac Marszałka Józefa Piłsudskiego) – Inscrição encontrada sob os pés da cruz na Praça Vitória, em Varsóvia. Foto: Italo Magno Jau. 2012.

“Niech zstąpi Duch Twój! Niech zstąpi Duch Twój! I odnowi oblicze ziemi. Tej ziemi! Amen. (Deixe o seu Espírito descer! Deixe o seu Espírito descer! E renovai a face da terra. A face desta terra!”). Foto: Italo Magno Jau. 2012.
Referências:
Wpolityce.pl
Gianni Carta. “O ano em que a cortina caiu”, Carta Capital, número 549, 10 de Junho de 2009.
Warsaw Uprising Museum (Warsaw Rising Museum, Muzeum Powstania Warszawskiego). Visitado em Julho de 2012.
Papa João Paulo II. Wiki.
por | 23/09/2013 | Atualidades, Guerras, Século XXI

Homem chora pela morte de parente após bombardeio em Gori, cidade a 80km de Tbilisi, capital da Geórgia. Foto tirada por Gleb Garanich, da agência Reuters. Curiosamente, a cidade de Gori, na Geórgia, local onde a foto foi tirada, é onde nasceu o ex-líder soviético Josef Stalin.
A Guerra Entre Rússia e Geórgia, também conhecida como Guerra de Agosto, Conflito da Ossétia do Sul e Guerra dos Cinco Dias, foi um conflito recente, iniciado durante a noite do dia 7 para 8 de agosto de 2008, quando a Geórgia lançou uma ofensiva militar em larga escala contra a Ossétia do Sul e Abcásia. As causas do conflito são complexas e envolvem vários fatores sociais, econômicos, políticos e históricos.
O ataque georgiano causou vítimas entre soldados russos e milícias ossetas, que resistiram ao assalto em Tskhinvali, cidade localizada na Ossétia do Sul. No dia seguinte, os russos lançaram um contra-ataque massivo contra forças georgianas na Ossétia e, no dia 9 de agosto, abriram uma segunda frente de batalha na região da Abcásia. Após cinco dias de intensos combates, as forças georgianas recuaram, permitindo o avanço russo dentro do território georgiano. Na época, o Exército da Rússia chegou a posicionar suas tropas à apenas 50km de Tbilisi, capital georgiana.
Violações aos Direitos Humanos duranta a Guerra dos Cinco Dias
De acordo com um relatório da Human Rights Watch (HRW), datado de 18 de agosto de 2008, militares georgianos usaram força indiscriminada e desproporcional durante o assalto inicial, resultando em várias mortes de civis na Ossétia do Sul. Os militares russos, por sua vez, usaram forças indiscriminadas no contra-ataque na Ossétia do Sul e na cidade de Gori, já dentro do território da Geórgia, aparentemente alvejando comboios de civis que tentavam fugir das zonas de conflito. O Human Rights Watch disse que milícias da Ossétia do Sul, mesmo após o cessar-fogo, realizaram saques, incêndios criminosos, ataques e raptos em território georgiano, aterrorizando a população civil, que era forçada a abandonar suas casas, ao mesmo tempo que refugiados eram impedidos de voltarem para seus lares.
Em 8 de setembro do mesmo ano, Thomas Hammarberg, Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, publicou um relatório afirmando que durante o conflito um alto número de civis havia sido vitimado. Mais da metade da população na Ossétia do Sul fugiu, sendo a esmagadora maioria após o ataque de artilharia e tanques dos militares georgianos à Tskhinvali e também em função de ataques contra aldeias de maioria étnica georgiana, localizadas na Ossétia do Sul, supostamente realizado por milícias da Ossétia do Sul e gangues criminosas. O relatório também afirmou que o principal hospital de Tskhinvali havia sido atingido por foguetes e que algumas áreas residenciais da cidade foram completamente destruídas.
Vítimas
O número de mortos no conflito, sobretudo o número de civis, é incerto, vez que muitas das vítimas foram enterradas em suas aldeias ou no quintal de suas próprias casas, situação comum em zonas de guerra. Segundo autoridades ossetas, 1.492 pessoas morreram apenas na Ossétia do Sul. Algumas fontes alternativas contabilizam mais de 3.000 mortos durante os conflitos, e mais de 100.000 refugiados. O grande problema das guerras contemporâneas é que a maioria delas ocorrem em centros urbanos, onde há alta concentração da população civil. Em muitos conflitos recentes, estatísticas apontaram que 90% das vítimas foram civis.
Fotos
por | 21/09/2013 | Artes, Cinema, Personalidades, Século XX

O jovem diretor Steven Spielberg em um momento de descontração durante as filmagens do filme Tubarão (Jaws) em 1974. As filmagens ocorreram na ilha de Martha Vineyard, Massachusetts, EUA.
Tubarão é um filme de suspense lançado em 1975 que se tornou a maior bilheteria da história da época, recuperando seus custos de produção em apenas duas semanas e ultrapassando em 78 dias O Poderoso Chefão (The Godfather) como o filme de maior bilheteria nos Estados Unidos, sendo superado apenas por Star Wars, lançado dois anos depois.
A repercussão do filme “Tubarão”
No filme, um gigante tubarão branco ataca banhistas na Ilha Amity, uma fictícia cidade turística, o que leva o chefe de polícia local a caçar o animal com a ajuda de um biólogo marinho e um caçador de tubarões profissional. Após a estreia, uma espécie de histeria tomou conta do público, resultando em numerosos incidentes pelos Estados Unidos. Em um deles, uma praia no sul da Califórnia foi totalmente evacuada pelos salva-vidas em decorrência de uma possível presença de tubarões na água. Na verdade, eram golfinhos que se encontravam no local. Em um outro incidente na Flórida, desta vez com um desfecho mais lamentável, um filhote pigmeu de baleia cachalote encalhou e foi espancando até a morte por transeuntes que o confundiram com um tubarão. Após o filme, o interesse pela matança pesca de tubarões aumentou.
Steven Spielberg revelou posteriormente em sua biografia que o ator Robert Duvall o incentivou bastante a produzir o filme. Em troca do apoio, lhe foi oferecido um papel de destaque, mas Duvall recusou. Charlton Heston ficou sendo o mais cotado para assumir o papel de Brody, contudo, não foi escolhido. Spielberg argumentou que, caso tivesse escolhido Heston para o papel principal, o público, que o enxergava como um herói em decorrência de suas atuações anteriores, pensaria que o tubarão-branco não teria a mínima chance contra o protagonista. Indignado, Heston teceu comentários depreciativos sobre Steven Spielberg e jurou nunca mais trabalhar com ele. Mais tarde, recusou a oferta de Spielberg para atuar como General Stilwell em 1941 – Uma Guerra Muito Louca.
O protótipo do tubarão-branco (foto) depois de construído, nunca havia sido testado. O resultado é que uma vez colocado na água, afundou diretamente para o fundo do oceano. Foi necessária uma equipe de mergulhadores para resgatá-lo. Após as conclusões das filmagens, Steven Spielberg afirmou que seu próximo filme seria filmado em terra seca. Acabou sendo parcialmente fiel à sua palavra, vez que seu filme filme seguinte foi Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

Poster oficial do filme Tubarão (Jaws) – 1975.
por | 19/09/2013 | Curiosidades, Século XX

O Fatídico Drama Hollywoodiano. Foto de Anthony K. Roberts.
A fotografia acima, tirada por Anthony K. Roberts e conhecida como “Fatídico Drama Hollywoodiano”, foi vencedora do prêmio Pulitzer de 1974 na categoria “Fotografia Pontual”.
Os fatos
Durante uma tarde cotidiana em Beverly Hills, cidade localizada no estado americano da Califórnia, o fotógrafo freelancer Anthony K. Roberts escutou gritos de uma mulher enquanto caminhava pelo estacionamento de um parque de Hollywood. A encontrou no chão, sendo agredida com socos e tapas por um homem que estava sobre ela. Roberts, munido apenas de sua câmera fotográfica, gritou para que o homem parasse, advertindo-o de que estava tirando fotos do acontecimento, contudo, o agressor replicou dizendo que não se importava, persistindo no ato. Após alguns momentos, um segurança apareceu no local e, utilizando o teto de um carro próximo como apoio e proteção, apontou a arma para o agressor, ordenando que o mesmo cessasse as hostilidades. Diante da recusa, o segurança disparou um tiro fatal na cabeça do agressor.
O Fatídico Drama Hollywoodiano (Fatal Hollywood Drama)
Outras fotos tiradas por Roberts no mesmo evento.

Foto de Anthony K. Roberts.

Segurança que efetuou o disparo fatal.

Agressor é neutralizado.
por | 18/09/2013 | Guerras, Religião, Século XX

O capelão Luis Maria Padilla vai para o meio da rua, no lugar conhecido como La Alcantarilla, em Puerto Cabello, para resgatar um soldado ferido nos momentos cruciais do tiroteio, colocando-o em seus braços, para tentar ajudá-lo.
Na imagem, o capelão Luis Maria Padilla vai para o meio da rua nos momentos cruciais do tiroteio, em um lugar conhecido como La Alcantarilla, para resgatar um soldado ferido, colocando-o em seus braços para tentar ajudá-lo. A foto, tirada por Hector Rondon para o jornal La Republica, foi premiada em 1963 com o Prêmio Pulitzer de Fotografia. A imagem foi distribuída pela Associated Press e apareceu em muitas revistas ao redor do mundo, sendo capa, por exemplo, da revista Life (em espanhol), logo após o incidente.
O Porteñazo: A Revolta de Puerto Cabello
O Porteñazo ou a “Revolta de Puerto Cabello” foi uma revolta da base naval de Puerto Cabello, na Venezuela. Na madrugada de 2 de junho de 1962, uma rebelião liderada pelos oficiais Manuel Ponte Rodriguez, Pedro Medina Silva e Victor Hugo Morales, ocorreu na base naval de Puerto Cabello. Assim que o governo nacional descobriu a tentativa de golpe, enviou tropas do Exército e da Força Aérea, que sitiaram e bombardearam a cidade, forçando uma luta frontal entre o batalhão de fuzileiros navais das forças rebeldes do General Rafael Urdaneta (que havia se juntado a revolta dos oficiais e soldados da base naval e grupos civis armados por estes) e as tropas do batalhão Carabobo, leais ao governo venezuelano, que haviam se deslocado desde Valência, sob o comando do coronel Alfredo Monch.
No dia 3 de junho, o Ministério do Interior da Venezuela anunciou que as forças armadas leais ao governo deram fim à rebelião que havia deixado mais de 400 mortos e 700 feridos. Três dias depois, depois da captura dos líderes da revolta, caiu o último reduto dos rebeldes, o Forte Solano. Posteriormente, verificou-se a participação nos eventos de “Porteñazo” de políticos ligados ao Partido Comunista da Venezuela.
Em um poema dedicado a Puerto Cabello, o escritor e poeta Juan Camarasa Brufal, incluiu alguns versos dedicados ao fato ocorrido na foto (original em espanhol):
“En medio de tu dolor,
un ángel te mandó Dios,
que sin miedo ni pavor,
era solo…, y el herido dos
Sus alas fueron dos brazos
levantando los heridos;
las balas respetaban sus pasos,
al oír los tristes gemidos
Eres tú, capellán Padilla,
un ángel de paz y amor;
que germine esta semilla,
y no habrá tanto dolor.”
Tradução
Em meio a sua dor,
Deus mandou um anjo,
que sem medo e pavor,
estava sozinho… e dois feridos
suas asas eram dois braços
levantando os feridos
as balas respeitavam seus passos,
ao ouvir os tristes gemidos
Era você, capelão Padilla,
um anjo de paz e amor;
que germine essa semente,
e não haverá tanta dor.
[NOTA] A foto acima é erroneamente descrita em vários sites e blogs como sendo o exato momento em que o soldado se ajoelha e pede perdão ao padre.
por | 18/09/2013 | Genocídios, Guerras, Imagens Históricas, Segunda Guerra Mundial

Foto encontrada no bolso de um soldado alemão durante a Segunda Guerra Mundial contendo os seguintes dizeres rabiscados no verso: “Último judeu em Vinnytsia”. Neste dia, 28 mil judeus foram executados.
O mais provável é que uma das fotos mais icônicas da Segunda Guerra Mundial e do Século XX tenha sido tirada em 22 de setembro de 1941, dia em que ocorreu o segundo massacre na cidade de Vinnitsa (Vinnytsia), localizada na Ucrânia.
O massacre dos judeus de Vinnitsa
Os responsáveis pelas execuções foram soldados alemães pertencentes ao Einsatzgruppen – grupos paramilitares formados por Heinrich Himmler e operacionalizados pela Schutzstaffel (SS) – que, entre 1941 e 1945, mataram mais de 1,3 milhão de pessoas em execuções sumárias ao ar livre (sendo a maioria de civis judeus e comunistas). Muitas pessoas questionam a veracidade ou uma possível manipulação da foto em questão, contudo, a imagem não deixa de ser considerada uma das fotos mais icônicas do século XX. O impresso “original” se encontra no United States Holocaust Memorial Museum. De qualquer forma, houve pelo menos duas execuções em massa nos dias 16 e 22 de setembro de 1941 perpetrados contra judeus da cidade de Vinnitsa, na Ucrânia e que de fato, resultaram na morte de cerca de 28 mil judeus.
Várias testemunhas oculares, incluindo alemães, presenciaram os massacres realizados pelo soldados do Einsatzgruppen retratados na narrativa. Apesar da alegação de algumas pessoas de que ocorreram eventuais alterações na foto, não há que se dar margem à nenhum tipo de “revisionismo” ou “negacionismo” do Holocausto, um triste capítulo da história da humanidade que foi amplamente documentado.