A execução do general alemão Anton Dostler

A execução do general alemão Anton Dostler

Execução do general Anton Dostler

O general alemão da Wermacht Anton Dostler é amarrado a uma estaca antes de sua execução por um pelotão de fuzilamento em Aversa, Itália, em 1 de dezembro de 1945.

Anton Dostler, comandante do 75º Corpo do Exército Alemão, foi condenado à morte por uma Comissão Militar dos Estados Unidos em Roma por ter ordenado o fuzilamento de 15 prisioneiros de guerra americanos desarmados, em La Spezia, Itália, no dia 26 de Março de 1944.

O crime cometido por Anton Dostler

Na noite de 22 de março de 1944, dois oficiais e treze homens alistados do 2677º Batalhão de Reconhecimento Especial do Exército dos Estados Unidos, desembarcaram uniformizados de alguns barcos da Marinha na costa italiana, perto de Stazione di Framura, com a missão de destruir um túnel ferroviário na linha principal entre La Spezia e Gênova que era usado pelas forças alemãs para suprir suas forças de combate nas frentes de Monte Cassino e a cabeça de praia Anzio. Todo o grupo foi capturado na manhã de 24 de março de 1944 por uma patrulha composta de soldados fascistas italianos e um grupo de membros do Exército alemão. Os quinze homens foram interrogados em La Spezia e mantidos sob custódia até a manhã de 26 de março de 1944, quando sob ordens do general Anton Dostler, foram todos executados por um pelotão de fuzilamento, sem direito a julgamento ou audiência.

Dostler declarou em sua defesa que ordenou a execução baseada na ordem emitida diretamente por Adolf Hitler em 18 de outubro de 1942, que estabelecia que soldados Commandos não fossem feitos prisioneiros de guerra, sendo que o oficial alemão que desrespeitasse tal ordem poderia ser julgado por uma corte marcial.

Anton Dostler ingressou na Wermarcht em 1910 e serviu como um oficial subalterno durante a Primeira Guerra Mundial. Dentre suas atribuições durante a Segunda Guerra Mundial, comandou o 75º Corpo de Exército entre janeiro e julho de 1944 na Itália.

Referências:
Foto: National Archives and Records Administration, College Park. United States Holocaust Memorial Museum-
The Nizkor Project. The Trial of German Major War Criminals.
August Landmesser, o homem que não saudou os Nazistas

August Landmesser, o homem que não saudou os Nazistas

August Landmesser não fazendo a saudação nazista

August Landmesser não fazendo a saudação nazista. Foto de autor desconhecido.

No dia 13 de junho de 1936, durante o lançamento do Horst Wessel, um navio militar alemão, um homem se destacou no meio da multidão que fazia a tradicional saudação nazista. Era August Landmesser, um trabalhador do estaleiro de Hamburgo que permaneceu de braços cruzados desafiando o nazismo.

August Landmesser foi membro do Partido Nazista de 1931 a 1935 na esperança de conseguir um emprego, mas foi expulso ao se casar com a judia Irma Eckler. Em 1937 ele e Eckler tentaram fugir para a Dinamarca, mas foram pegos pelos Nazistas durante a fuga. Ela estava grávida de novo, e ele foi acusado e considerado culpado em julho de 1937 de “desonrar a raça ariana”.

Durante a prisão, August Landmesser e Eckler argumentaram que nem ele nem ela tinham ideia de que Eckler era totalmente de origem judaica. Dessa forma, August foi absolvido em 27 de maio de 1938 por falta de provas, com o aviso de que a reincidência resultaria em uma pena de prisão de vários anos. Mesmo assim, o casal continuou publicamente seu relacionamento, e em 15 de julho de 1938 foi novamente preso e condenado a dois anos e meio de trabalho forçado no campo de concentração Börgermoor.

Sua mulher foi presa pela Gestapo e levada para Fuhlsbüttel onde deu a luz à segunda filha. Posteriormente Irma foi mandada para um campo de concentração e morta. Suas filhas, Ingrid e Irene, foram separadas: enquanto Ingrid ficou com a avó materna, Irene foi encaminhada para um orfanato, e depois foi adotada.

Enquanto isso, August Landmesser foi dispensado da prisão em 19 de janeiro de 1941 e em fevereiro de 1944, foi enviado a unidade militar penal 999th Afrika Brigade e, logo depois, dado como desaparecido. August supostamente morreu durante um combate na Croácia no dia 17 de outubro de 1944, mas só foi declarado morto em 1949.

Em 1991, o homem desafiador foi identificado por sua filha Irene, que posteriormente, escreveu a história de sua família no livro A Family Torn Apart by “Rassenschande”. Apesar da identificação, não há como ter certeza se de fato o homem da foto é August Landmesser, porém até hoje ninguém reivindicou o contrário.

A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar as imagens, contudo, nada foi encontrado. Caso saiba alguma informação a respeito da autoria, entre em contato.
Referência:
– “August Landmesser, Hamburg shipyard worker who refused to make nazi salute“. Huffington Post.
August Landmesser, o homem que não saudou os Nazistas

A resistência ao regime Nazista: Edelweiss Piraten

Execução pública do grupo Edelweiss Piraten

Execução pública dos líderes do grupo Edelweiss Piraten em Colônia, 1944. Foto: Rue des Archives. ID: RDA00020036/00023941

Ao longo da existência do regime nazista na Alemanha, o país mergulhou em duros anos de violenta repressão aos dissidentes de seu ideário e de suas políticas. A Gestapo, polícia secreta nazista, procurava regular e controlar todos os âmbitos da vida cotidiana dos alemães nestes anos: desertores eram denunciados, grupos de dissidentes do regime eram perseguidos e enviados para campos de concentração, etc.

Mesmo constantemente ameaçados pela perseguição que se abateu contra aqueles que discordavam do regime, alguns desses grupos não somente sobreviveram, como igualmente não se calaram frente à repressão: tais grupos ficaram conhecidos como “Widerstand”, ou, simplesmente, resistência. Dentre as associações que lutaram dentro da Alemanha contra o nazismo estava a Edelweiss Piraten, que não só conseguiu resistir durante toda a Segunda Guerra Mundial, como também veio a ser considerada uma ameaça à paz por suas ações após o término deste conflito.

Os Edelweiss Piraten surgiram durante os anos 1930, quando da ascensão do nazismo na Alemanha. Formado por jovens entre 14 e 18 anos de idade, este grupo veio a representar um grito de liberdade contra a arregimentação à Juventude Hitlerista promovida pelo regime. Dentre as características mais singulares e conhecidas da forma de organização deste grupo, uma das mais marcantes se encontrava na ausência de lideranças centrais de coordenação de suas ações: normalmente, estas eram executadas por meio de pequenos grupos descentralizados, que se dedicavam a praticar ações violentas de pequeno porte contra o regime.

Além dos ataques que realizavam contra integrantes da Juventude Hitlerista e oficiais da Gestapo, uma das formas mais notórias de identificação do grupo se encontrava no emblema da flor Edelweiss, usada por todos que se identificavam com a causa.

Cartaz chamando as pessoas a se juntarem aos Edelweiss

Chamado para se juntar à causa Edelweiss.

Com o desenrolar da guerra, os Edelweiss passaram a realizar investidas cada vez mais arriscadas: sabotavam ferrovias, auxiliavam judeus, prisioneiros políticos e outros perseguidos do regime a escapar dos nazistas, além de violentos embates com integrantes da Juventude Hitlerista e a realização de assaltos aos acampamentos do Exército Alemão para a obtenção de armas e munições. Ainda que não exista comprovação, alguns estudiosos acreditam que o grupo tenha, em suas ações mais audaciosas, chegado a executar alguns oficiais da Gestapo nestes anos.

Membros dos Edelweiss Piraten

Alguns membros do Edelweiss Piraten.

Em contrapartida, para conter as investidas do grupo, o regime nazista passou a promover perseguições cada vez mais intensas: muitos de seus integrantes vieram a ser capturados, torturados e enviados a campos de concentração, quando não vieram a ser julgados e executados por seus atos. A repercussão das ações do grupo era tamanha que, em 25 de outubro de 1944, o comandante da Gestapo, Heinrich Himmler, ordenou que a repressão às ações dos Edelweiss Piraten se intensificasse: um mês depois, 13 líderes de movimentos separados dos Edelweiss foram enforcados publicamente para servir de exemplo de dissuasão de ações de resistência, como mostra a fotografia do início do texto e a abaixo.

Enforcamento público dos líderes dos Edelweiss Piraten

Foto: Rue des Archives.

Mesmo diante de tamanha perseguição, o espírito de liberdade dos jovens “pirates” nunca veio a ser quebrado pelo nazismo. Suas ações de resistência não terminaram com o fim do conflito: durante os primeiros meses da ocupação aliada na Alemanha, o grupo não só não depôs as armas, como começou a promover ataques contra soldados britânicos, russos e americanos.

A situação ficou tão crítica que alguns dos governos aliados passaram a acreditar que as ações do grupo pudessem influenciar no aparecimento de movimentos insurgentes em outros países e ameaçar a paz recentemente conquistada. Diante deste quadro, julgamentos em massa passaram a ser realizados na Alemanha com o objetivo de desarticular as ações de suspeitos de pertencer aos Edelweiss; na zona de ocupação soviética, chegaram a ser decretadas penas de 25 anos de prisão para integrantes do grupo. O furor repressivo promovido pelos aliados teve por efeito a desarticulação completa dos Pirates, então vistos pelos novos governos como ameaças permanentes aos processos de pacificação do território alemão.

IMAGEM 2: A equipe do Museu de Imagens buscou informações para creditar a imagem, contudo, nada foi encontrado. Caso saiba alguma informação a respeito da autoria, entre em contato.
Referências:
– SHERROD, Lonnie. “Youth Activism: An International Encyclopedia”. Greenwood Press, 2006.
– PINE, Lisa. “Education in Nazi Germany”. Berg Publishers, 2010.
O último judeu de Vinnitsa

O último judeu de Vinnitsa

O último judeu de Vinnitsa

Foto encontrada no bolso de um soldado alemão durante a Segunda Guerra Mundial contendo os seguintes dizeres rabiscados no verso: “Último judeu em Vinnytsia”. Neste dia, 28 mil judeus foram executados.

O mais provável é que uma das fotos mais icônicas da Segunda Guerra Mundial e do Século XX tenha sido tirada em 22 de setembro de 1941, dia em que ocorreu o segundo massacre na cidade de Vinnitsa (Vinnytsia), localizada na Ucrânia.

O massacre dos judeus de Vinnitsa

Os responsáveis pelas execuções foram soldados alemães pertencentes ao Einsatzgruppen – grupos paramilitares formados por Heinrich Himmler e operacionalizados pela Schutzstaffel (SS) – que, entre 1941 e 1945, mataram mais de 1,3 milhão de pessoas em execuções sumárias ao ar livre (sendo a maioria de civis judeus e comunistas). Muitas pessoas questionam a veracidade ou uma possível manipulação da foto em questão, contudo, a imagem não deixa de ser considerada uma das fotos mais icônicas do século XX. O impresso “original” se encontra no United States Holocaust Memorial Museum. De qualquer forma, houve pelo menos duas execuções em massa nos dias 16 e 22 de setembro de 1941 perpetrados contra judeus da cidade de Vinnitsa, na Ucrânia e que de fato, resultaram na morte de cerca de 28 mil judeus.

Várias testemunhas oculares, incluindo alemães, presenciaram os massacres realizados pelo soldados do Einsatzgruppen retratados na narrativa. Apesar da alegação de algumas pessoas de que ocorreram eventuais alterações na foto, não há que se dar margem à nenhum tipo de “revisionismo” ou “negacionismo” do Holocausto, um triste capítulo da história da humanidade que foi amplamente documentado.