A Lei Seca de 1920

A Lei Seca de 1920

Barris de bebida alcoólica sendo despejados nos esgotos de Nova York, 1920.

Foto: “New York City Deputy Police Commissioner John A. Leach, right, watching agents pour liquor into sewer following a raid during the height of prohibition”. Library of Congress Prints and Photographs Division Washington, D.C.. ID: LC-USZ62-123257

Após a promulgação da 18ª emenda da Constituição americana, em janeiro de 1920, foi proibida a fabricação, o comércio e o transporte de bebidas alcoólicas no país. A justificativa por trás da nova lei — a The Noble Experiment, ou Lei Seca — era a busca pela proteção à vida das pessoas e o fim de problemas sociais como pobreza e violência, ambos associados ao consumo de álcool.

Apesar do objetivo de se reduzir a violência, a Lei Seca fez justamente o contrário. Em busca de bebidas, pessoas viajaram para o Canadá e saques em Igrejas e hospitais começaram a ocorrer.

Além disso, a criminalidade e a corrupção explodiram através das máfias e gangsteres que começaram a entrar nesse mercado lucrativo das bebidas, corrompendo políticos, policiais e outras figuras públicas. Também foi nessa época que drinques mais elaborados começaram a surgir. Visando reduzir o odor do álcool, foram criados drinques incrementados como o “bloody mary” e outros.

Em 1929, com a Quebra da Bolsa e a crise, a Lei Seca começou a ser revista. Finalmente, no final de 1933, a lei se tornou a única emenda da Constituição a ser revogada.

Referência:
– ABBOT, Karen. “Prohibition’s Premier Hooch Hounds“. Smithsonian Magazine.
Yoshito Matsushige: o fotógrafo que registrou a dor de Hiroshima

Yoshito Matsushige: o fotógrafo que registrou a dor de Hiroshima

Na foto, Vítimas da bomba atômica em Hiroshima aguardam atendimento na ponte Miyuki, a dois quilômetros do epicentro, minutos após a explosão.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Há 70 anos, uma bomba atômica — Fat Man — era jogada em Nagasaki. Três dias antes, porém, Hiroshima havia sido devastada, às 8:17 da manhã, pela Little Boy.

Após a bomba lançada em Hiroshima, o nome de Yoshito Matsushige entrou para a história como o único fotógrafo a registrar a devastação causada, sob o ponto de vista das vítimas. Foram apenas cinco imagens registradas minutos depois do ataque e que sobreviveram durante a revelação.

O cenário, congelado nas fotografias granuladas, se apresenta repleto de fumaça. As pessoas, com as roupas rasgadas e com os cabelos queimados, denunciam a gravidade da situação. Morador de Hiroshima, Yoshito vagou pelas ruas durante dez horas, registrando apenas uma parte do horror pelo qual os cidadãos japoneses passaram.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Como sua câmara de revelação havia sido destruída, o fotógrafo precisou revelar as fotos de forma primitiva. Sob a luz das estrelas e com a cidade ainda fumegando, Yoshito lavou o filme em um riacho e, posteriormente, o pendurou em um galho de uma árvore carbonizada.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Após aqueles registros valiosos, Matsushige entrou para o jornal “Chugoku Shimbun” e, em 29 de setembro de 1952, as cinco fotos sobreviventes daquele dia foram publicadas na Life Magazine sob o título “First Pictures—Atom Blasts Through Eyes of Victims”.

Na primeira foto, vítimas da bomba atômica em Hiroshima aguardam atendimento na ponte Miyuki, a dois quilômetros do epicentro, minutos após a explosão.

Foto: © Chugoku Shimbun/Yoshito Matsushige

Referência:
– MITCHELL, Greg. “The First Atomic Photographer—and 5 Pictures That Must Never Be Repeated“. The Nation, 2011.
A Lei Seca de 1920

A Rosa de Hiroshima

Em destaque na imagem está um carro de bombeiros que foi completamente destruído com a explosão da bomba.

Danos causados pela bomba atômica lançada em Hiroshima no dia 06 de agosto de 1945. Foto: Keystone/Getty Images

Há 69 anos, uma bomba atômica foi jogada em Hiroshima e em Nagasaki. Exatamente às 8:17 da manhã do dia 06 de agosto de 1945, Hiroshima foi devastada pela Little Boy.

Na imagem abaixo, Yoshito Matsushige acabara de ultrapassar pouco mais de um quilômetro do ponto zero de onde a bomba de Hiroshima fora lançada, quando viu um clarão no céu e sentiu a primeira onda de impacto. Imediatamente, olhou para cima e viu um grande cogumelo de fumaça e calor subindo rapidamente. No mesmo instante em que observou o cogumelo, fez um dos maiores registros históricos de um ângulo que nenhum outro conseguiu fazer naquele dia.

Foto tirada ha um quilômetro do ponto zero.

Foto: UN Photo / Mitsuo Matsushige. ID: 64723.

No fatídico 6 de agosto de 1945, o fotógrafo Matsushige rodou Hiroshima registrando em poucas fotos o que uma arma de destruição em massa era capaz de causar; não sem ser ferido e sofrer queimaduras. O horror para o povo japonês, entretanto, estava longe de acabar. Três dias depois, em 09 de agosto de 1945, seria a vez de Nagasaki sucumbir ao poder de uma das mais potentes armas de destruição em massa já criada pelo homem.

As baixas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial

As baixas soviéticas durante a Segunda Guerra Mundial

Com a quebra do pacto Ribbentrop-Molotov (pacto de não agressão) durante a Segunda Guerra Mundial, deu-se início à operação Barbarossa, codinome da maior campanha militar da história em termos de mobilização de tropas e baixas sofridas. Em janeiro de 1942, o fotógrafo soviético Dmitri Baltermants capturou uma imagem devastadora perto de Kerch, na Crimeia, mostrando pessoas chorando ao lado de corpos de seus entes queridos no chão.

O início das perdas pelos soviéticos

Na madrugada do dia 22 de junho de 1941, mais de três milhões de soldados alemães cruzaram a fronteira soviética. O avanço alemão em território russo foi rápido e avassalador. Em poucos dias, a Força Aérea Russa havia sido praticamente dizimada (a maioria dos aviões foram destruídos ainda em solo) e os blindados soviéticos em formação dispersa não foram páreos para a formação Blitzkrieg alemã. Em pouco tempo a Operação Barbarossa tornou-se uma questão de sobrevivência para os soviéticos.

Nenhum país, nenhum povo, lutou tanto quanto a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial. Em nenhum outro lugar as memórias da guerra permaneceram tão vivas e tão profundas. A invasão alemã trouxe uma tal catástrofe, que parecia, a princípio, que nenhuma nação suportaria. Tão somente no cerco a Leningrado, que durou mais de dois anos, morreram mais seres humanos do que britânicos e americanos durante toda a guerra.

Expressão poética das perdas

Durante a Segunda Guerra Mundial, poetas soviéticos usaram sua arte para expressar as imensas perdas e o profundo sofrimento do povo soviético. Poemas como “Wait for Me” de Konstantin Simonov capturaram a angústia e a esperança dos soldados e de suas famílias. Escrito em 1941, tornou-se um símbolo de resiliência e devoção, evocando a promessa de retorno de um soldado à sua amada. Além disso, Anna Akhmatova, em sua obra “Requiem“, lamentou a dor das mães e viúvas que perderam seus entes queridos, refletindo a tragédia pessoal e coletiva da guerra. Poemas como esses desempenharam um papel crucial em manter o moral e a solidariedade durante os anos de conflito.

Contudo, a poesia soviética da época não apenas documentou o sofrimento, mas também exaltou a bravura e o sacrifício dos combatentes. Aleksandr Tvardovsky, em seu poema épico “Vasily Tyorkin”, criou uma figura heroica que simbolizava o espírito indomável do soldado soviético comum. Esses poemas serviram para unir a nação em torno de um sentimento comum de perda e resistência. Além disso, a literatura poética ajudou a preservar a memória das atrocidades e do heroísmo para as gerações futuras. A poesia da Segunda Guerra Mundial continua a ser uma poderosa ferramenta de reflexão sobre os custos humanos do conflito, destacando a importância de recordar e honrar aqueles que sacrificaram tudo.

Apesar de estarem acostumados à inúmeras perdas durante toda guerra, os soviéticos não fingiam estar imunes à dor. Dezenas de milhares de pessoas conheciam o poema “Wait for Me”, de Konstantin Simonov, de cor:

Espera por mim, e regressarei,
Mas espera muito.
Espera até se encheres de pena
Enquanto vês a chuva amarela.
Espera até os ventos
Varrerem as neves.
Espera no calor sufocante.
Espera até os outros desistirem
Quando esquecerem o Ontem.
Espera mesmo que não cheguem
Cartas de longe para você.
Espera mesmo quando os outros
Estiverem cansados de esperar.
Espera mesmo quando a minha mãe
E o meu filho pensarem que morri.
E quando os amigos se sentarem
Bebendo em minha memória.
Espera, e não se apresses a beber
Em minha memória também.
Espera, pois regressarei,
Desafiando cada morte.
E deixa aqueles que não esperaram
Dizer que tive sorte.
Eles nunca compreenderão
Que, no meio da morte,
Você, e a sua espera,
Me salvaram.
Apenas você e eu saberemos
Como sobrevivi.
Foi porque você esperou por mim
Como mais ninguém o fez.”

Outro poema soviético dizia o seguinte:

Não me chames, pai.
Não me procures.
Não me chames
Nem desejes o meu regresso.
Estamos num caminho desconhecido
O fogo e o sangue apagaram a rota.
Voamos, nas asas dos relâmpagos,
Para não mais desembainhar a espada.
Todos nós tombamos em batalha,
Para não mais voltarmos.
Haverá um reencontro?
Não sei.
Sei apenas que devemos
Continuar a lutar.
Somos grãos de areia no infinito
E nunca mais veremos a luz.
Adeus, meu filho,
Adeus, minha consciência.
Minha juventude e meu consolo,
Meu único filho.
Que esta despedida seja o fim
Da vasta solidão,
Pois não há ninguém mais só.
Lá permanecerás
Para todo o sempre
Longe da luz e do ar.
A tua morte não será contada.
Não contada e não atenuada a morte,
Para não mais ressuscitar,
Para todo o sempre
Um rapaz de 18 anos.
Adeus, então.
Nenhum comboio chega dessa região
Com ou sem horário,
Nenhum avião pode aí chegar.
Adeus, meu filho,
Pois milagres não acontecem.
E, neste mundo,
Os sonhos não se realizam.
Adeus.
Sonharei contigo
Quando eras bebê,
Caminhando pela terra
Com passos fortes.
Pela terra onde já tantos
Estavam enterrados.
Esta canção, meu filho,
Chegou ao fim.”

A União Soviética foi salva pelos soldados e pelo povo. Mas na terra, sem chegarem a ver a paz, jaziam 20 milhões de mortos.

Referências:
Baseado e adaptado do documentário World at War (O Mundo em Guerra), produzido pela BBC em 1973.
Gilbert, Martin. The Second World War: A Complete History. Holt Paperbacks, 2004.
Hosking, Geoffrey. Russia and the Russians: A History. Belknap Press, 2001.
Merridale, Catherine. Ivan’s War: Life and Death in the Red Army, 1939-1945. Metropolitan Books, 2006.
Weinberg, Gerhard L. A World at Arms: A Global History of World War II. Cambridge University Press, 1994.
Akhmatova, Anna. Requiem. Leningrad, 1963.
Simonov, Konstantin. Wait for Me and Other Poems. Foreign Languages Publishing House, 1943.
Tvardovsky, Aleksandr. Vasily Tyorkin: A Book About a Soldier. Progress Publishers, 1945.
Brooks, Jeffrey. Thank You, Comrade Stalin!: Soviet Public Culture from Revolution to Cold War. Princeton University Press, 2000.
A grande seca do Nordeste

A grande seca do Nordeste

Uma criança magra pela fome que fora causa pela grande seca.

Foto de uma das vítimas da Grande Seca, Ceará, 1878. Foto de Joaquim Antônio Correia, “Vítimas da Grande Seca”, Albúmen, Carte de Visite, 9 X 5,6 cm, Ceará, CA. 1878. Acervo da Fundação Biblioteca Nacional – Brasil.

Das grandes secas que assolaram o Brasil, uma das mais graves e lembradas foi aquela que compreendeu os anos de 1877 à 1879, ficando conhecida como a grande seca do Nordeste. Foram quase três anos seguidos sem chuvas, com perda de plantações, mortes de rebanhos e miséria extrema. A situação foi tão desesperadora, que famílias inteiras se viram obrigadas a migrar para outros estados, promovendo uma onda de imigrações.

O cenário ficou cada vez mais caótico, principalmente quando os retirantes chegaram em outras cidades e estados. Devido à miséria extrema das pessoas que chegavam, os moradores locais temiam saques no comércio e armazéns. Além disso, as cidades para as quais as vítimas da seca se dirigiam começaram a ficar cada vez mais apinhadas de flagelados. Fortaleza, por exemplo, converteu-se na capital do desespero. De 21 mil habitantes pelo censo de 1872 passaram a ter 130 mil.

Somando-se ao quadro caótico, os rebanhos de animais sobreviventes sucumbiram diante da ação de zoonoses, furtos, fome e sede. A flora e a fauna da região praticamente desapareceram. Por fim, para completar o quadro de tragédia, houve um surto de varíola, dizimando milhares de pessoas. Finalmente o governo imperial enviou ao Nordeste uma comissão de engenheiros para a perfuração de poços, construção de estradas de ferro e armazenamentos de água, para assim resolver o grande problema da seca.

Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará - Brasil. Foto: autor desconhecido, Biblioteca Nacional.

Vítimas das secas de 1877/1878, no Ceará – Brasil. Foto: autor desconhecido, Biblioteca Nacional.

Curiosidade:

Calcula-se que 500 mil pessoas morreram por causa da seca, em que o Estado mais atingido foi Ceará. O imperador dom Pedro II foi ao Nordeste e prometeu vender “até a última joia da Coroa” para amenizar o sofrimento dos súditos da região. Não vendeu, porém enviou engenheiros para a construção de poços.

Alguns anos depois da primeira grande seca no século XIX, em 1915 um novo episódio assolou o sertão nordestino. Mais uma vez, a nova seca fez com que diversos nordestinos migrassem para as grandes cidades, porém, ao contrário do primeiro episódio, o governo cearense resolveu se precaver de uma maneira desumana. Desta feita, o governo criou os primeiros currais humanos, campos de concentração em regiões separadas por arames farpados e vigiadas 24 horas por dia por soldados para confinar as almas nordestinas retirantes castigadas pela seca.

Notícia sobre o Campo de Concentração dos Flagelados, publicada no Jornal O POVO, em 16/04/1932

Notícia sobre o Campo de Concentração dos Flagelados, publicada no Jornal O POVO, em 16/04/1932.

A oeste da cidade de Fortaleza foi erguido, então, na região alagadiça da atual Otávio Bonfim, o primeiro campo de concentração brasileiro. Ali ficaram confinadas cerca de 8 mil pessoas com alimentação e água controladas e vigiadas pelos soldados do Exército. Naquele mesmo ano de 1915, após incentivos para que os retirantes migrassem para a Amazônia, o curral humano foi desativado.

Cerca de 17 anos mais tarde, em 1932, foi a vez de reabrir o campo de concentração de Otávio Bonfim e criar novos currais humanos. Naquele ano, outra grande seca castigou novamente o sertão nordestino, fazendo com que, mais uma vez, milhares migrassem para os grandes centros urbanos. Após dezessete anos, nem o governo federal, nem os governos estaduais haviam se precavido para diminuir os efeitos da seca e a solução, novamente desumana, passou a ser a criação e ampliação dos campos de concentração nordestinos.

Vítimas da seca. Crianças e adultos jazem ao lado da linha férrea que levava para o Campo de concentração de Senador Pompeu. De forma assustadoramente parecida, as cenas brasileiras dos currais humanos lembravam bastante os campos de concentração nazistas.

Vítimas da seca. Crianças e adultos jazem ao lado da linha férrea que levava para o Campo de concentração de Senador Pompeu. De forma assustadoramente parecida, as cenas brasileiras dos currais humanos lembravam bastante os campos de concentração nazistas.

Pela segunda vez, foram erguidas regiões cercadas por arames farpados e vigiadas diariamente por soldados para confinar os nordestinos afetados pela seca. Corpos magros, de cabeças raspadas e numeradas se apinhavam aos montes dentro dos cercados de Senador Pompeu, Ipu, Quixeramobim, Cariús, Crato (ou Buriti, por onde passaram mais de 65 mil pessoas) e o já conhecido Otávio Bonfim, os maiores currais humanos instalados no Brasil para conter a massa castigada pela seca dos anos de 1915 e 1932.

Poema “Campos de Concentração no Ceará”, por Henrique César Pinheiro.

No Estado do Ceará
A exemplo do alemão
Houve por aqui também
Campo de concentração
Lá era pra matar judeu
Aqui o povo do sertão.

Na seca de trinta e dois
Criamos uns sete currais
Para evitar que famintos
Criassem problemas sociais
E pudessem invadir
Na capital seus mananciais.

Currais foram construídos
Em Senador Pompeu, Ipu,
Quixeramobim e Crato,
Fortaleza e Cariús.
Fortaleza teve dois
Otávio Bonfim, Pirambu.

Pessoas foram confinadas
Como bando de animais.
Tinha a cabeça raspada
Sacos de açúcar, jornais
Era o que lhes serviam
Como vestes mais usuais

Sem nome, ou identidade,
Chamados por numerais.
Desta maneira estavam
Registrados nos anais.
Só se comia farinha,
Rapadura nos currais.

Toda essa gente foi presa
Sem ter crime praticado
E para isto bastava
Somente estar esfomeado.
Pedir prato de comido
Que seria logo enjaulado.

E controlados por senhas,
Pelas forças policiais.
Quem entrava não saía,
Senão pros seus funerais.
Sessenta mil lá morreram.
Nos registros oficiais.

Para aqueles locais, todas
Pessoas foram atraídas.
Com promessas que seriam
por médicos assistidas,
Que teriam segurança
E fartura de comidas

Experiência que houve
Somente aqui no Ceará.
Que se iniciou em quinze
Naquela seca de torrar
Depois disso os alemães
Trataram de aperfeiçoar.

Alguns campos projetados
Para abrigar duas mil pessoas
Dezoito mil chegou alojar.
Presos por vilões e viloas,
Felizes os governantes
Ainda cantavam suas loas.

Em Ipu todos os dias
Morriam de sete a oito.
A maioria era de fome
E até por ser afoito,
Nas tentativas de fugas,
Pro que não havia acoito.

Nas décadas posteriores,
Pra mudar essa imagem,
governos criaram albergues
para evitar sacanagem,
mesmo assim pouco funcionou
pois sempre há malandragem.

E o povo nordestino
ainda de pires na mão,
espera de todos governos
pro problema solução.
Agora estamos na briga
pela tal transposição.

Ceará de Terra da Luz
É chamado no Brasil.
Foi nosso primeiro estado
Que escravatura aboliu
Pra isso não foi necessário
Nem mesmo usar um fuzil.

Mas a geração atual
Tem que redimir o erro
De governantes passados.
Não permitir o desterro
De seus filhos pra terra alheia
e muitos acham o enterro.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA/MARÇO/2008
Henrique César
Referências:
– “A Seca de 1877 – 1879“, Fátima Garcia, Fortaleza em Fotos.
– AZEVEDO, Miguel Ângelo. Cronologia Ilustrada de Fortaleza.
– KOSSOY, Boris. Um olhar sobre o Brasil: A fotografia na construção da imagem da nação (1833 – 2003). 1° edição. São Paulo: Fundación Mapfre e Editora Objetiva, 2012. p. 94.
– LESSA, Letícia. Currais de gente no Ceará.
– “Currais Humanos“. Diário do Nordeste
– SÁ, Chico. “Ceará: Nos campos da seca“. Revista Aventuras na História. Editora Abril: 2005.
– Arquivo “O Povo no campo de concentração“. 1932.
A Lei Seca de 1920

O lançamento da Apollo 11

Foto que se tornaria o símbolo da humanidade no espaço.

Foto: NASA / Buzz Aldrin, 20 de julho de 1969.

Foto famosa da pegada de Buzz Aldrin, piloto do módulo lunar, durante o estudo sobre a mecânica do solo da superfície lunar. Esta foto mais tarde se tornaria sinônimo da humanidade no espaço.

No dia 16 de julho de 1969, do Centro Espacial Kennedy na Flórida, a Apollo 11 foi lançada, se tornando a primeira missão tripulada a chegar à Lua. Em meio à corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética, a missão, organizada pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), foi transmitida ao vivo para o mundo.

Em 12 de abril de 1961, a URSS já havia enviado Yuri Gagarin em órbita com a Vostok 1, transformando o astronauta no primeiro homem no espaço. Assim, oito anos após a Vostok 1, Neil Armstrong pisa na Lua e profere a frase que entraria para a História:

“Esse é um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade” —Neil Armstrong

Após mais de 21 horas em superfície lunar, a tripulação retornou à Terra, chegando em 24 de julho. A corrida espacial finalmente começava a desacelerar com grandes avanços no campo tecnológico para os dois lados do mundo bipolarizado.

O sheik que anulou um gol na Copa do Mundo de 1982

O sheik que anulou um gol na Copa do Mundo de 1982

Sheik Al-Sabah

Na imagem, o Sheik Al-Sabah invade o campo durante a partida entre Kuwait e França, válida pela Copa do Mundo de 1982, na tentativa de anular o gol francês.

Durante a Copa do Mundo de 1982, realizada na Espanha, uma cena inusitada ocorreu durante a partida entre Kuwait e França. O Sheik Al-Sabah invadiu o campo durante a partida entre Kuwait e França, válida pela Copa do Mundo de 1982, na tentativa de anular o gol francês. O mais inusitado disso tudo é que ele conseguiu que o juiz anulasse o gol.

O gol anulado pelo sheik

Ao discordar de um gol concedido à favor dos franceses quando o placar já apontava 3 a 1 para o Les Bleus, o sheik Fahad Al-Ahmad Al-Sabah, então presidente da Associação de Futebol do Kuwait, deixou se assento na arquibancada e invadiu o campo para protestar contra a validação do gol de Alain Giresse. Um apito teria sido soprado das arquibancadas, fazendo com que os seus jogadores parassem imediatamente de jogar. Uma grande confusão se formou dentro do campo. Al-Sabah desautorizou que a seleção do Kuwait retornasse a partida, surpreendendo inclusive o próprio técnico de sua seleção, o brasileiro Carlos Alberto Parreira. Pressionado, o árbitro ucraniano Miroslav Stupar anulou o gol francês para que, assim, o jogo pudesse ter prosseguimento. Apesar de tudo, a ajuda do sheik não se mostrou de grande ajuda, já que os franceses venceram o jogo por 4 a 1.

Esse fato controverso marcou a única participação do Kuwait em Copas do Mundo, em um grupo que havia Inglaterra e Checoslováquia, além da própria França. Em decorrência do incidente causado pelo sheik, a FIFA multou posteriormente a Federação Kuwaitiana de Futebol em U$ 11.800,00 (onze mil e oitocentos dólares), além de também punir o árbitro ucraniano.

Em agosto de 1990, mais de cem mil tropas do Iraque invadiram o Kuwait, dando início à Guerra do Golfo, um dos maiores conflitos contemporâneos. Al-Sabah, que era irmão mais novo do Emir do Kuwait, acabou sendo morto pelos iraquianos no dia 02 de agosto ao tentar defender o Palácio de Dasman.

[VÍDEO] Al Sabah – O Sheik que Anulou um Gol na Copa do Mundo de 1982

Referências
The Richest
The Crimes of Saddan Hussein. Dave John.
A Lei Seca de 1920

O desenho de um sobrevivente da bomba atômica

Desenho de um sobrevivente da bomba atômica

Desenho de Odawa Sagami. Hiroshima Peace Memorial Museum. ID: GE15-44.

O projeto “Children Of The Atomic Bomb”, criado por pediatras e psicanalistas da Universidade da Califórnia, UCLA, visa tratar as vítimas da bomba atômica, bem como retratar, através de desenhos, o que os sobreviventes viram nos dias das explosões.

Os desenhos são parte do tratamento, visto que os sobreviventes, muitas vezes, não conseguem expressar por palavras os fatos acontecidos nos dias 06 de agosto (Hiroshima) e 09 de agosto (Nagasaki). O desenho em questão é de Ogawa Sagami, nascido em 1917. No dia da explosão em Hiroshima, Sagami tinha 28 anos e estava a 260 metros do ponto zero.

Segundo seu desenho, retratando o que viu, há um grupo de cadáveres amontoados dentro de um tanque d’água. Por eles estarem dentro d’água no momento da explosão, seus corpos foram cozidos e por isso estão vermelhos vivo e inchados, enquanto os demais corpos, ao redor do tanque, estão completamente carbonizados e menores.

Referências:
Desenho de Odawa Sagami. Hiroshima Peace Memorial Museum. ID: GE15-44.
– “Children of the Atomic Bomb“.
A Lei Seca de 1920

Triângulo das Bermudas: a Esquadrilha 19

Em 1945, após um exercício de rotina, 5 aviões desaparecem no mar, nunca mais sendo vistos

A famosa Esquadrilha 19, “The Lost Patrol”, um dos maiores mistérios do Triângulo das Bermudas. Foto: National Archives

De todos os mistérios que envolvem o Triângulo das Bermudas, o mais famoso e impressionante é o da Esquadrilha 19 que desapareceu durante um exercício de rotina, logo após o término da Segunda Guerra Mundial.

Era dia 05 de dezembro de 1945 quando cinco torpedeiros Gruman Avenger saíram da Base Naval de Fort Lauderdale, na Flórida, num exercício de rotina. A equipe decolou às 14 horas em direção ao Atlântico e nunca mais foi vista. No início da empreitada, a Esquadrilha voou sem problemas pela rota programada, tangenciando a costa da Flórida. Contudo, próximo das 16 horas o operador da torre de Fort Lauderdale começou a receber, segundo algumas versões, mensagens desesperadas do líder da missão, o tenente Charles Taylor.

Taylor afirmava que os controles e instrumentos dos torpedeiros haviam enlouquecido. Por vários minutos os operadores de rádio insistiram em pedir a posição da Esquadrilha 19 ao oficial; tudo em vão. Outra versão do acontecido afirma que as últimas palavras do oficial foram as seguintes: “Não venham nos procurar, pelo amor de Deus…”.

Obviamente nada confirmado, porém, o fato é que após alguns minutos, as mensagens da Esquadrilha simplesmente cessaram. Algumas horas depois sem sinal da esquadrilha, por volta das 20:00, a Marinha enviou um hidroavião, Martin Mariner, às buscas onde teria sido a provável queda dos torpedeiros. O que não esperavam é que o próprio resgate desaparecesse também.

Quando o hidravião chegou ao local especificado como a possível queda, ele desapareceu das telas dos radares, sumindo para sempre com uma tripulação de 13 pessoas. O petroleiro SS Gaines Mills relatou ter observado chamas de uma explosão na posição em que o Mariner se encontrava naquele momento, porém a única coisa que encontraram foi uma mancha de óleo nas águas do mar.

A Marinha norte-americana considerou essa uma das maiores perdas de oficiais, com seis aviões, em tempos de paz. O documento oficial relatava que a Esquadrilha 19 caíra no mar devido à infeliz coincidência de uma série de fatores: mau tempo repentino, interferência elétrica e erro do piloto.

No documento também constava a informação de que o líder da esquadrilha, o tenente Charles Taylor, aparentemente entrou em pânico, ajudando assim a agravar a situação, comprometendo dessa maneira o equilíbrio psicológico de seus jovens e relativamente inexperientes comandados. Quanto à perda do hidravião Mariner, supôs-se que uma explosão ocorreu, apesar de não haver nenhum indício aparente que sustentasse tal hipótese.

Mesmo com o relatório oficial, muitos criticaram que a Marinha não respondera inúmeras perguntas, como a falta de destroços, o porquê do tenente Charles Taylor e todos os outros aviões da Esquadrilha terem perdido todos os controles ao mesmo tempo, assim como o porquê dele não conseguir dar sua posição exata. Alguns anos depois a Marinha mudou a versão oficial, alterando para “causa desconhecida”.

Desde 1945, a perda da Esquadrilha 19 e do hidravião de busca e resgate entrou para o folclore do Triângulo das Bermudas, e uma série de autores apresentou teorias a respeito: óvnis, manifestações sobrenaturais, deslocamentos de tempo e redemoinhos entre outras.

Em 1991, uma equipe de mergulhadores encontro os destroços de cinco Avengers ao largo da costa da Flórida. Contudo, os números de série dos motores não batiam com os da Esquadrilha 19. No ano seguinte uma nova descoberta na costa da Flórida foi feita, porém não foi possível fazer a identificação. Assim, passados quase 70 anos, ninguém ainda conseguiu desvendar por completo o mistério da Esquadrilha 19 e do hidroavião.

Referências:
– “The Mystery of Flight 19“. Naval Air Station Fort Lauderdale Museum.
– Mayell, Hillary. “Bermuda Triangle: Behind the Intrigue“. National Geographic, 2003.
– National History and Heritage Command.
Naval Air Advanced Training Command Board of Inquiry. Board of Investigation Into 5 Missing TBM Airplanes and One PBM Airplane Convened by Naval Air Advanced Training Command, NAS Jacksonville, Florida 7 December 1945 and Related Correspondence (Flight 19). United States Navy, 2008
A Lei Seca de 1920

A tumba perdida de Tutankhamon

Após muito investimento, finalmente em novembro de 1922 é encontrada a tumba do faraó menino

Carter e seu ajudante no momento em que estão abrindo o sarcófago de Tutankhamon, 1922. Foto: © Griffith Institute, Universidade de Oxford/Harry Burton/Getty Image, 1922.

Por muitos anos a tumba de Tutankhamon foi cobiçada por aristocratas e arqueólogos que sonhavam encontrá-la. Segundo escritos, a tumba perdida do faraó menino estava lacrada e esquecida há mais de 3 mil anos e juntamente com ela milhares de artefatos de valor incalculável da época do Antigo Egito.

No início do século XX, eis que um aristocrata resolve investir nos trabalhos de Howard Carter com a esperança de encontrar a famosa tumba. Após meses de investimentos, George Herbert, conde de Carnarvon, já havia dispendido mais de 25 mil libras e nada havia sido encontrado além de alguns potes de alabastro.

No ano de 1922, já disposto a abandonar o sonho, George Hebert estava pronto para cessar com os investimentos, porém Carter estava determinado em trazer à luz novamente a tumba perdida de Tutankhamon. Diante da determinação do explorador e arqueólogo, Herbet resolveu seguir com seus investimentos na busca.

Logo quando encontraram a entrada da tumba, Carter e sua equipe perceberam que ela fora aberta e lacrada novamente. Exatamente por isso todos temeram que a tumba perdida, sonho de muitos, fora saqueada em anos anteriores

Uma das muitas fotos tiradas no dia da descoberta. Na foto está uma das câmaras cheia de objetos utilizados em vida por Tutankhamon e muitos outros objetos de ouro e joias. Foto: © Griffith Institute, Universidade de Oxford/Harry Burton

O interesse de Carter pela tumba do faraó menino havia surgido alguns anos antes, mais precisamente em 1907, quando um advogado aposentado que havia se tornado arqueólogo esbarrou acidentalmente com um poço cheio de objetos e símbolos que levavam o selo de Tutankhamon. Desde então, tanto Carter quanto outros arqueólogos, exploradores e entusiastas passaram a cobiçar tal achado.

A partir da descoberta do advogado, Carter acreditou que a tumba do faraó pudesse estar próxima, pois aqueles selos pertenciam à festa funerária de Tutankhamon. Naquela mesma região encontravam-se as tumbas de outros grandes faraós: Ramsés II, Meremptah e Ramsés VI.

Foto tirada na descoberta da tumba

Em destaque está a efígie da divindade Anúbis, deus do embalsamamento e protetor dos mortos. O cofre que encontra-se abaixo da estátua de Anúbis envolta em xale de linho era dourado, provavelmente com detalhes em ouro.

Finalmente em 4 de novembro, quando chegara ao último local para uma possível escavação, Carter foi recebido pelos seus trabalhadores com um silêncio e uma tensão no ar. Antes dele chegar, seus ajudantes haviam escavado um degrau entalhado em uma rocha e aguardavam o arqueólogo para dar prosseguimento ao trabalho.

A cada hora de escavação, mais e mais renascia uma escada toda trabalhada que descia em direção a mais terra, até que chegaram em uma passagem subterrânea tomada por escombros. Após conseguirem desobstruir o caminho, Carter se viu diante de uma grande porta que já fora aberta e lacrada novamente. Naquele momento o arqueólogo pensou que a tumba pudesse ter sido saqueada anos antes e nada encontrariam ali. O medo e a tensão tomaram conta de toda a equipe que resolveu fechar tudo novamente e esperar a chegada de George Herbert, o lord Carnarvon.

Nessa câmara foram guardados os objetos de uso pessoal do faraó, além de comidas que ele poderia consumir em sua viagem pela eternidade

Foto da antecâmara do sarcófago. Nela é possível verificar uma carruagem desmontada e outros objetos esquecidos por mais de 33 séculos.

Após algumas semanas, com a chegada de lord Carnarvon, deram prosseguimento à missão. Carter, então, fez um buraco na parede para verificar o interior de uma das câmaras e com a ajuda da luz de uma vela, eis que ele vê um dos tesouros do faraó, guardado há mais de 3 mil anos. Por todos os lados era possível verificar o ouro cintilando com a luz da vela.

Diante dos olhos de todos, o tesouro do faraó menino ressurgia após 3 mil anos descansando na escuridão das areias do deserto do Vale dos Reis. Após a pequena abertura, lacraram novamente e seguiram para a escavação e abertura da entrada oficial.

O momento histórico da abertura da entrada principal

Foto da entrada da antecâmara do túmulo de Tutankhamon (ca. 1348-1337 aC).

A foto acima é uma daquelas que foram tiradas por Harry Burton (1879 – 1940) durante a abertura da entrada principal pelo arqueólogo Howard Carter, no Vale dos Reis, Luxor, Egito em 1922.

As duas estátuas de “sentinela”, representando o kha de Tutankhamon, vigiavam a porta da câmara onde se encontrava o sarcófago do jovem faraó.

Outro ângulo da antecâmara do sarcófago com os objetos de uso pessoal do faraó em vida e objetos que ele usaria na outra vida

O divã bovino tem em seu lombo uma caixa de viagem e uma cama feita de ébano. Abaixo dele estão alguns recipientes contendo comida que seria usada na outra vida.

Foto: © Griffith Institute, Universidade de Oxford/Harry Burton, 1922. ID: P0292.

Referência:
– “Egypt: Land of the Pharaohs”. Time Life Books Inc. & Ediciones Folio, 2007.