
Gafanhotos gigantes foram assuntos populares para cartões postais “tall tales”, principalmente nas Grandes Planícies durante a década de 1930, onde gafanhotos eram uma praga comum. Na foto, três rapazes lutam com o maior gafanhoto já visto por eles. Foto de autor desconhecido.
Ao longo do século XIX, a técnica fotográfica esteve restrita às mãos de profissionais altamente qualificados. À época, os altos custos bem como o grau elevado de especialidade para o domínio do processo fotográfico em muito inibiam sua popularização.
Esse quadro apenas começou a mudar a partir de 1900, quando o fundador da Kodak Company, George Eastman, introduziu a tecnologia de fotografia para o mercado de massa, através da câmera “Kodak Brownie”. Extremamente mais barata, compacta e “inteligente” do que as grandes chapas de metal então utilizadas em estúdio fotográfico, a “Brownie” criou uma verdadeira revolução ao facilitar o acesso à tecnologia fotográfica para milhões de pessoas.
A “Brownie” se tornou tão popular que a ela foi cunhado um dos mais famosos motes da Kodak: “Você aperta o botão e nós fazemos o resto”. Conjuntamente à revolução propiciada pela Kodak por meio da democratização do registro de imagens através de suas câmeras, outro processo se tornou igualmente acessível a milhões de pessoas: a manipulação fotográfica.

Fotomontagem de três homens lutando em meio a um rio cheio de peixes gigantes. Foto: Martin, William H.. Kansas, 1910. ID: 44592
Paralelamente à popularização do registro fotográfico, os serviços de postagens e correios vieram a passar por significativas transformações em fins do século XIX, a partir do advento do automóvel. Diminuindo consideravelmente o tempo de envio e entrega de cartas, o automóvel propiciou igualmente a criação de trocas de informações e propagandas por meio dos cartões postais. A junção destas revoluções tecnológicas ocorridas paralelamente propiciou o nascimento dos chamados “tall tales postcard”.
A expressão “tall tale” pode ser relacionada às nossas famosas “histórias de pescador”, ou seja, aqueles contos fantasiosos exagerados que buscam ressaltar um grande feito, normalmente sem paralelo com a realidade efetivamente ocorrida. Os cartões postais “tall tale” eram uma forma de contar essas histórias fantásticas aos parentes distantes ou mesmo fazer propaganda do lugar em que se vivia através da manipulação de imagens (por meio da sobreposição de uma foto a outra).

Fotomontagem de Canadian Post Card Co., Limited, Toronto.

Foto de autor desconhecido.
Dessa forma, temos, por exemplo, cartões mostrando a fartura das fazendas de um estado através da imagem alterada de colheitas incríveis com milhos, cebolas e frutas gigantes… Ou ainda, fotos mostrando um fazendeiro bravo lutando contra alguma peste bestial (gafanhoto gigante) que estragava sua plantação. Estas práticas em muito serviam para mitificar determinado lugar ou pessoa, servindo muitas vezes como propaganda da abundância agrária da região ou dos feitos pessoais daqueles que produziam estes cartões com as histórias de pescador.

Foto: F. D. Conrad.

Foto: Martin, William H.. Kansas, 1908. ID: 44599
Com a deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) e a proibição de cartões postais estrangeiros, especialmente aqueles oriundos da Alemanha, os serviços de cartões postais “tall tales” começaram a perder força. Também contribuiu muito para o desuso destes cartões a popularização do automóvel pessoal e do telefone, meios mais rápidos e fáceis de difundir informações. Ainda assim, os “tall tales”, histórias de pescador, continuaram a circular até a década de 1950 nos Estados Unidos.
Veja mais algumas imagens abaixo:

Foto: Bailey, M.W.. Kansas, 1909. ID: 44534

Foto: Erickson, Oscar. 1909. ID: 44537

Foto: Martin, William H.. Kansas, 1909. ID: 44603

Foto: autor desconhecido.

Foto: Myrick Photo, 1950.

Foto: Johnson, Alfred Stanley, Jr.. Wisconsin, 30 de outubro de 1909. ID: 44418

Foto: Martin, William H.. Kansas, 1908. ID: 44613.

Foto: Martin, William H.. Kansas, 1908. ID: 44609.

Foto: autor desconhecido.

Foto: Martin, William H.